Por Cristiano Ferraz
Os livros de
história devem ser analisados e são fontes de pesquisa. No caso do recente
livro de Frederico Pernambucano de Mello encontramos várias afirmações que
deixam espaço para questionamentos. Uma delas é a data da chacina da Tapera. Pra
mim o autor errou quando citou o dia 26/08/1926. O dia correto foi 28/08/1926,
a madrugada de um sábado.
Quanto ao tiro dado pelo soldado Sandes (um
verdadeiro "furo jornalístico 80 anos após o fato") seria até
possível ser verídico pois este poderia estar no grupo de soldados que
acompanharam o Aspirante Ferreira de Melo atravessando o riacho e se
aproximando do coito pelas barrancas do Alto das Umburanas. Seria possível que
por ali ele tivesse realmente conseguido se aproximar a ponto de conseguir
alvejar Lampião durante o tiroteio. E com certeza partiram tiros dali também
naquele dia. Mas eu, sinceramente, não acredito nessa hipótese pois o autor
narra que Sandes estaria amarrado ao coiteiro no momento do disparo.
Essa
afirmação pra mim já seria suficiente para colocar por terra a hipótese
inteira. Eu não acredito que nenhum soldado cometesse tal asneira,
principalmente num combate contra quase quarenta cangaceiros. Isso seria suicídio.
Se aproximar-se de um grupo de cangaceiros era uma tarefa arriscada, o que
dizer de uma tentativa a noite, no escuro, em terreno acidentado, para lutar
contra Lampião e ainda amarrado a um homem desarmado? Outra coisa: Como eles
foram amarrados e durante 80 anos nenhum volante, cangaceiro ou o próprio
coiteiro citou esse detalhe? Com certeza esse pormenor teria sido citado.
Como
falei anteriormente, não tenho dúvidas de que houve disparos daquele lado do
coito contra os cangaceiros, mas o primeiro tiro a atingir Lampião naquele dia,
na minha humilde opinião continua envolto em mistério.
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