Por João de Sousa Lima
Água
Branca em Alagoas foi uma das cidades que sofreu a fúria do cangaço. em 1922
Lampião realizou o famoso saque a Baronesa de Água Branca, a senhora Joana
Vieira,os povoados Tingui e Alto dos Coelhos era reduto de cangaceiros e viu
também as ações violentas do cangaço, onde várias pessoas foram mortas. Um
dos capítulos de morte nessas terras aconteceu na Fazenda Riacho Seco, de
propriedade de Abel Torres, filho da Baronesa de Água Branca.
O
crime aconteceu por consequência de uma fofoca. um rapaz chegou em Água Branca
procurando emprego como vaqueiro e falaram que pra trabalhar como vaqueiro
estava difícil pois os cangaceiros estavam espalhados por toda região, o
rapaz respondeu que para Lampião tinha era um "Parabellun" pra atirar
nele, falou isso em um movimentado dia de feira, onde coiteiros andavam
vasculhando informações. No mesmo dia Lampião ficou sabendo da afronta do jovem
Joventino.
Joventino
conseguiu trabalho nas terras de Abel Torres e foi morar na fazenda Riacho
Seco, próximo a divisa de Água Branca com Olho Dágua do Casado. nessa fazenda
tinha duas casas, residindo em uma delas o senhor Antônio Zezé e em outra
morava Joaquim Gomes. Joventino ficou na casa que morava Joaquim
Gomes. Lampião ficou sabendo do paradeiro de Joventino e foi com
"Pitombeira" (Zacarias Bode), Luiz Pedro e mais dois companheiros. os
cinco cangaceiros se aproximaram da casa onde estava Joventino.
Lampião
já no terreiro gritou:- Joventino cadê o Parabellun que você tem pra atirar
neu? Joventino saiu da casa e quando chegou no alpendre os cangaceiros o
pegaram e o rapaz negou sofre o recado desaforado que tinha mandado pra
Lampião.- Isso é mentira!!!! Lampião sem contar conversa atirou no rapaz
que já caiu morto, com o corpo do rapaz ensanguentado no chão os
cangaceiros entraram na casa, o cangaceiro Pitombeira encontrou o senhor
Antônio Laurentino (Lorentino).Lorentino era vaqueiro que tinha os pés
aleijados. Pitombeira tinha uma antiga rixa com Antônio Lorentino e viu
nesse momento a oportunidade de se vingar.
A
intriga entre os dois começou por causa de uma cerca que Pitombeira estava
fazendo e invadindo um pedaço do terreno do patrão de Lorentino, na fazenda do
Talhado, o proprietário Abel Torres empatou de Pitombeira fazer a cerca e
ai criou-se uma intriga entre o futuro cangaceiro e o vaqueiro. Pitombeira
e outros cangaceiros seguraram Antônio Lorentino para matar e nesse
momento outro vaqueiro, chamado Mané Egídio se atravessou na frente de
Pitombeira e falou:- Esse daqui você não mata não!!! Lampião olhando a
cena, sentenciou: - Aqui não se mata ninguém, esse daqui fica pra ir a visar ao
patrão pra ele vir enterrar o defunto!
Esse
valente vaqueiro Mané Egídio que livrou o amigo da morte certa, mais tarde
tronou-se o famoso cangaceiro Barra Nova, um dos bravos homens do grupo de
Lampião. Em abril de 2019, eu, Aldiro Gomes, Thomaz Deyvid e Raul Sandes,
estivemos nessa fazenda e nas duas casas conhecendo esses dois monumentos que
viveram a história do cangaço. Uma saga vivida entre a razão e a violência
onde homens pagavam com as vidas por uma simples palavra empenhada, muitas
vezes simples palavras jogadas ao vento, sem intenção de se transformar em
verdade. tempos difíceis e conturbados. hoje escombros cobrem os sangues
do passado e marcam os fatos vivenciados nessas terras.....
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