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terça-feira, 30 de julho de 2019

SAIBA QUEM FOI O COITEIRO-DELATOR JOCA BERNARDES



Nesta edição, o Nossa Folha prossegue com a série de reportagens sobre a vida de líderes de movimentos culturais, sociais e políticos.


A última biografia sobre líderes de movimentos culturais, sociais e políticos do Brasil publicada pelo jornal Nossa Folha foi a do soldado volante Antonio Vieira da Silva. Nesta edição, é a vez do comerciante e vaqueiro João Almeida dos Santos, mais conhecido por Joca Bernardes, o coiteiro-delator de Virgulino Ferreira da Silva, o astuto e sagaz Lampião, o Rei do Cangaço.

Considerado coiteiro de Cristino Gomes da Silva Cleto, mais conhecido como Corisco (chefe de subgrupo e o segundo na hierarquia cangaceira), Joca Bernardes pouco valorizava aqueles que prestavam serviços para ele. Além disso, percebia que o seu compadre Pedro de Cândido, homem de confiança de Lampião, a cada momento demonstrava ascensão financeira, oriunda das recompensas do Rei do Cangaço.

Isso sem considerar que Joca Bernardes e Pedro de Cândido disputavam o amor de uma mesma mulher.

Na época, na feira de Piranhas, em Alagoas, desconfiado da compra gigantesca de peças de queijo na quantidade que daria para alimentar um grande grupo e enciumado com a amizade de Pedro de Cândido com Lampião e, talvez por inveja, o coiteiro-delator (que era fabricante de queijos) foi até a Delegacia de Piranhas, procurou o sargento Aniceto Rodrigues e informou que tinha fortes suspeitas de que o Rei do Cangaço estaria em Sergipe, nas terras de Pedro de Cândido, mas não sabia o local exato.

A desconfiança foi aceita quando Pedro de Cândido levou à força todo o estoque de queijo que Joca Bernardes tinha e que se destinava a uma encomenda de um cliente em Pão de Açúcar. Por conta da denúncia, o sargento esteve na Estação Ferroviária e, por meio do telegrafista Valdemar Damasceno, telegrafou para convocar o capitão João Bezerra da Silva, que estava em uma diligência para Delmiro Gouveia, em Alagoas, o tenente Francisco Ferreira de Melo e mais a força volante.

Com base nas suspeitas de Joca Bernardes, o sargento passou a observar Pedro de Cândido, que estava na feira local comprando grande quantidade de mantimentos, o que gerou ainda mais desconfiança. Pelo quebra-cabeça montado, a explicação era que toda aquela mercadoria só podia ser encomenda feita por Lampião, pois todos sabiam que Pedro de Cândido não tinha justificativa para comprar tanta mercadoria de uma só vez.

Dias depois disso, o cangaceiro Lino José de Souza, conhecido como Pancada, passou nas imediações da Fazenda Novo Gosto, no município alagoano de Pão de Açúcar (propriedade de Joca Bernardes), e, sem maldade, avisou que Lampião havia atravessado a margem direita do Rio São Francisco, em direção ao Estado de Sergipe, o que fez com que Joca Bernardes desconfiasse que as terras escolhidas para o esconderijo do bando seriam mesmo as da família de Pedro de Cândido, que acabou pego pelo sargento Aniceto Rodrigues e seus soldados.

Torturado, Pedro de Cândido levou as forças policiais até a Grota de Angico no fatídico 28 de julho de 1938, no município de Poço Redondo, em Sergipe, no que culminou na emboscada e morte de Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros. Para muitos, Joca Bernardes é considerado o verdadeiro delator porque denunciou o paradeiro de Lampião, ainda que Pedro de Cândido fosse quem levou a força volante até a Gruta do Angico.

Por meio de pesquisas na intertnet, não foram localizadas informações sobre a morte de Joca Bernardes.


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