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segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O PRIMEIRO LOCUTOR

Clerisvaldo B. Chagas, 11 de novembro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.213

O locutor mais antigo (não pela idade) que conheci no Sertão alagoano foi o José Pinto. Conhecido como Zé Pinto Preto ou Pinto Preto, distinguia-se do, então, funcionário do IBGE, José Pinto de Araújo, que é branco. Pinto Preto era filho do senhor Elói, conhecido como o grande marcador de quadrilha junina; irmão de Walter Pinto, também marcador e conhecido em Santana do Ipanema como Walter da Geladeira, da qual era técnico em refrigeração. Pinto Preto casou com a filha de Seu Gaia, zelador conhecido da igreja de São Pedro, no mesmo Bairro. Seu Gaia já enfrentara nos primórdios, tiroteio com Virgulino Ferreira, na região do atual Ouro Branco.

SANTANA, ESCOLA CENECISTA. (FOTO: B. CHAGAS).

Ainda não havia as rádios no Sertão e, Pinto Preto era locutor de um programa de divulgação da prefeitura de Santana, “A Voz do Município”, criado na gestão do prefeito Dr. Hélio Cabral de Vasconcelos. O informativo da prefeitura tinha a sede no primeiro andar da CARSIL e ficava no ar por algumas horas, duas vezes por dia. Além de informar sobre os movimentos da prefeitura, dava outras notícias e era recheado com bastante música, como as de Nelson Gonçalves, Ivon Curi e outros famosos da época. Alguns autofalantes ficavam distribuídos em postes nos pontos estratégicos da cidade. Havia um autofalante no Bairro São Pedro, na parte de cima, defronte a fábrica de calçados do senhor Elias; outro na esquina do beco estreito defronte ao antigo Grupo Estadual Ormindo Barros e outro aparelho, não em poste, mas imediatamente abaixo do telhado do “sobrado do meio da rua”, lado oeste do prédio.
Não vêm à lembrança outros pontos de autofalantes. Pinto Preto, mais tarde, resolveu ingressar em política e chegou a exercer mandato de vereador. Seu slogan era: “Não vote em branco, Pinto Preto para vereador”. O filho de seu Elói, salvo engano, mais tarde foi locutor também da primeira rádio sertaneja, “Correio do Sertão”.
Quanto a problema de idade, o mais velho na terrinha deve ter sido Humberto Guerrera, irmão do, então, Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios. Não sabemos se é verdade, mas dizem que a “pioneira” Rádio Correio do Sertão” cerrou às suas  portas.


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