Francisco
Anysio de Oliveira de Paula Filho, conhecido artisticamente como Chico
Anysio (Maranguape, 12 de
abril de 1931 — Rio
de Janeiro, 23 de março de 2012), foi um humorista, ator, comentarista, compositor, diretor
de cinema, escritor, pintor, radialista e roteirista brasileiro,
notório por seus inúmeros quadros e programas humorísticos na Rede Globo,
emissora onde trabalhou por mais de 40 anos.
Ao dirigir e
atuar ao lado de grandes nomes do humor brasileiro no rádio e na televisão,
como Paulo Gracindo, Grande
Otelo, Costinha, Walter D'Ávila, Jô Soares, Renato
Corte Real, Agildo Ribeiro, Ivon Curi, José Vasconcellos e muitos outros, tornou-se
o mais famoso, criativo e respeitado humorista da história do Brasil.[2][3][4][5]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Chico Anysio
mudou-se com sua família para o Rio de Janeiro quando tinha sete anos
de idade. Decidiu tentar fazer um teste para locutor de rádio quando a sua irmã
também faria. Saiu-se excepcionalmente bem no teste, ficando em segundo lugar,
somente atrás de outro jovem iniciante, por coincidência, o próprio Silvio
Santos.[6] Na
rádio na qual trabalhava, a Rádio Guanabara, exercia várias funções: radioator,
comentarista de futebol, etc. Participou do programa Papel carbono de Renato
Murce. Na década de 1950 trabalhou nas rádios Mayrink Veiga, Clube de Pernambuco e Clube do Brasil. Nas chanchadas da
década de 1950, Chico passou a escrever diálogos e, eventualmente, atuava como
ator em filmes da Atlântida Cinematográfica.[7]
Na TV Rio estreou
em 1957 o Noite de Gala. Em 1959 estreou o programa Só
Tem Tantã, lançado por Joaquim Silvério de Castro Barbosa,
mais tarde chamado de Chico Total. Além de escrever e interpretar seus
próprios textos no rádio, televisão e cinema, sempre com humor fino e
inteligente, Chico se aventurou com relativo destaque pelo jornalismo
esportivo, teatro, literatura e pintura, além de ter composto e gravado algumas
canções.[7]
Chico Anysio
foi um dos responsáveis pela intermediação referente ao exílio de Caetano
Veloso em Londres. Quando completou dois anos de exílio, Chico enviou
uma carta para Veloso, para que este retornasse ao Brasil. Caetano
e Gilberto
Gil haviam sido presos em São Paulo, duas semanas depois da decretação
do AI-5, o ato
que dava poderes absolutos ao regime militar. Trazidos ao Rio de carro, os dois
passaram por três quartéis, até viajarem para Salvador,
onde passaram seis meses sob regime de prisão domiciliar. Em seguida, em meados
de 1969, receberam autorização para sair do Brasil, com destino a Londres, de
onde só retornariam no início de 1972.[8]
Desde 1968
esteve ligado à Rede Globo, onde conseguiu o status de estrela num elenco
que contava com os artistas mais famosos do Brasil; e graças também à relação
de mútua admiração e respeito que estabeleceu com o executivo Boni. Após a saída de
Boni da Globo em 1996, Chico perdeu paulatinamente espaço na programação,
situação agravada no mesmo ano por um acidente em que fraturou a mandíbula.
Em 2005 fez
uma participação no Sítio do Pica-pau Amarelo,
onde interpretava o "Dr. Saraiva" e, mais tarde, participou da
novela Sinhá Moça, na Rede Globo.[9] Em
2009, participou da dublagem brasileira de Up - Altas
Aventuras como o protagonista Carl Fredericksen.[10] O
elenco também incluía seu filho Nizo Neto.[11]
Família[editar | editar código-fonte]
Era filho de
Francisco Anysio de Oliveira Paula, que possuía uma empresa de ônibus. A mãe
chamava-se Haydeé Vianna de Oliveira Paula, que sofria de um problema no
coração, o que a levou a ser internada várias vezes até sua morte aos 89 anos.
É pai do ator Lug de Paula (famoso por interpretar o personagem
Seu Boneco na Escolinha do Professor Raimundo),
do casamento com a atriz e comediante Nancy
Wanderley;[12] do
ator, comediante e dublador Nizo Neto (Seu
Ptolomeu da Escolinha, filho da atriz Rose Rondelli);[13] e
do diretor de imagem Rico Rondelli, também filho da
atriz e vedete Rose
Rondelli;[14] do
DJ Cícero Chaves, da união com a
ex-frenética Regina Chaves; e do ator/escritor Bruno
Mazzeo, do casamento com a ex-modelo e atriz Alcione
Mazzeo.[15] e
Rodrigo e Vitória com a ex-ministra Zélia Cardoso de Mello, e de André
Lucas, filho adotivo.
É irmão da
falecida atriz Lupe Gigliotti, com quem contracenou em vários
trabalhos na televisão; do cineasta Zelito
Viana; e do industrial, compositor e ex-produtor de rádio Elano de Paula.
Também é tio do ator Marcos
Palmeira, da atriz e diretora Cininha
de Paula e é tio-avô da atriz Maria Maya,
filha de Cininha com o ator e diretor Wolf Maya.
Era casado com
a empresária Malga Di Paula.[7]
Problemas de
saúde e morte[editar | editar código-fonte]
O humorista
foi internado em 2 de dezembro de 2010, quando deu entrada no hospital devido a
falta de ar. Na avaliação inicial, detectou-se obstrução da artéria
coronariana, sendo submetido à angioplastia.
Chico Anysio ficou 109 dias internado, recebendo alta apenas em 21 de março de
2011. Nesse período, permaneceu a maior parte do tempo na UTI.[16]
Em 23 de abril
de 2011, Chico Anysio retornou ao programa "Zorra Total"
interpretando a personagem Salomé. No quadro, Salomé conversava "de mulher
para mulher" com a presidente Dilma
Rousseff.[17]
O humorista
também se preparava para gravar sua participação em alguns filmes, entre
eles A Hora e a Vez de Augusto Matraga, dirigido por Vicente
Coimbra, Desde o Princípio, dirigido por Cesar Nero, Os sonhos de um
Sonhador - A História de Frank Aguiar, dirigido por Caco Milano, entre outros,
porém, em 30 de novembro de 2011, foi internado novamente, devido a uma
infecção urinária. Recebeu alta 22 dias depois, em 21 de dezembro,[18] mas
já no dia seguinte voltou a ser internado, com hemorragia digestiva.[19] Em
fevereiro de 2012 foi diagnosticado com uma infecção pulmonar. Apresentou uma
piora nas funções respiratórias e renal em 21 de março daquele ano.
Chico Anysio
morreu em 23 de março de 2012, aos 80 anos, no Hospital Samaritano do Rio de
Janeiro, por falência múltipla de órgãos. O velório aconteceu no Theatro
Municipal do Rio de Janeiro e foi aberto ao público, ao meio dia, onde se
reuniram milhares de fãs, amigos e colegas de trabalho como Mauricio Sherman,
Fábio Porchat, Glória Pires, André Lucas, Orlando Drummond, José Santa Cruz.
Seu último pedido foi o de ser cremado; parte de suas cinzas foi enviada
para Maranguape,
sua cidade natal, e o resto, para os estúdios do Projac.[20][21][22]
Homenagens
póstumas[editar | editar código-fonte]
Chico Anysio
foi aclamado em 4 de outubro de 2016 melhor ator coadjuvante no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro pelo
seu último filme A Hora e a vez de
Augusto Matraga.[23] A
nova versão da Escolinha do Professor Raimundo
(2015) é um projeto de Bruno Mazzeo para homenagear seu pai. Além de
Mazzeo, outros atores foram convidados para integrar o elenco da nova
Escolinha: Marcelo Adnet, Marcos Caruso, Lúcio Mauro Filho, Rodrigo Sant'anna,
Dani Calabresa, Mateus Solano, Betty Gofman, Fernanda Souza, Marcius Melhem,
Marco Ricca, Elen Roche, Fernanda de Freitas, Otávio Muller, Kiko Mascarenhas,
Otaviano Costa, Evandro Mesquita, Fabiana Karla, Maria Clara Gueiros e Ângelo
Antônio.
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