Em conversa
com o amigo Médico bem conceituado e leitor assíduo das histórias nordestinas
Doutor João Elder, que essa semana indagou-me sobre uma
história ocorrida em Caririaçu, de um cangaceiro chamado Zé Pinheiro e por
coincidência o primo e também leitor Ed O Lindo Borges falamos sobre o mesmo
assunto, promoti aos mesmos que iria escrever alguma coisa a respeito e aqui
estamos nós. Eu já tinha conhecimento de tal fato e prometi de escrever sobre
essa “fera em forma de gente” e o acontecido em nossa Cidade. Para bem
entender essa história tem-se que remota a outro fato histórico por mim já
escrito nessa página que se refere à sedição de Juazeiro do Norte em 1914.
Então para que a leitura não fique muito extensa e muito cansativa vou dividí-la e narrado outros fatos até chegar ao objetivo que é o ocorrido aqui.
RESUMOS
A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO
A revolta ou a Sedição de Juazeiro foi um conflito popular ocorrido em 1914, durante a
república velha (1889-1930), na cidade de Juazeiro do Norte, no sertão do
cariri, Ceará. Ocupava o cargo de presidente do país o marechal Hermes da
Fonseca (1855-1923), que adotou medidas de intervenção política, conhecida como
“política das salvações”, a fim de combater as lideranças políticas (na época
os coronéis) que dificultavam a atuação do poder. Com isso, Marcos Franco
Rabelo (1851-1940), foi indicado pelo presidente como governante do Ceará
(1912-1914), o que descontentou demasiado os coronéis. O coronel Marcos Franco
Rabelo, interventor nomeado pelo governo nacional, passou a perseguir o padre
Cícero, destituindo-o de seus cargos e ordenando sua prisão. A medida foi
imediatamente reprovada por grupos oligárquicos do Ceará, que, liderados por
Floro Bartolomeu, organizaram um batalhão formado por jagunços e romeiros em
defesa do padre Cícero.
A expedição ordenada pelo interventor Franco Rabelo dirigiu-se para juazeiro do norte para prender o pároco, mas quando chegaram esbarraram em uma imensa muralha que cercava a cidade. Tal defesa era chamada de "círculo da mãe de deus" e foi construída em apenas sete dias. Foi o suficiente para impedir a penetração das tropas do governo, que teve de voltar para angariar mais reforços onde ate um canhão foi trazido para ver se surtia efeito, porém de nada adiantou.
Durante vários combates a vitória permaneceu com o grupo de revoltosos organizados em juazeiro do norte. Floro Bartolomeu se dirigiu então ao rio de janeiro em busca de apoio enquanto os revoltosos rumaram para fortaleza com o intuito de depor o interventor. No rio de janeiro conseguiram o apoio de pinheiro machado e em fortaleza Franco Rabelo foi realmente deposto.
ZÉ PINHEIRO
Muito pouco se
tem escrito sobre esse que em vida foi um dos homens que sem exagero foi em
vida um verdadeiro satanás. De uma perversidade sem limites como conta o
renomado escritor Frederico Pernambucano de Mello onde evoca, a esse respeito,
as violências infligidas aos representantes das autoridades pelo legendário
cangaceiro Zé pinheiro, célebre por ter exterminado J. Da Penha, Capitão das
forças legalistas contra as tropas de Juazeiro cometendo o facínora uma
verdadeira obra macabra contra o cadáver do referido Capitão, onde ao
exterminar o mesmo arranca-lhe o bigode com lábios e tudo e chegando a uma
bodega manda colocar um copo de cachaça e coloca os pedaços do defunto dentro
do copo e engole o liquido composto de sangue e tudo se cabano de tal feito.
Esse é apenas um dos muitos ocorridos feitos do sinistro Capeta.
FATO OCORRIDO
EM CARIRIAÇU
Dois grupos
passaram a disputaram o poder no estado do Ceará; Um liderado por Marco Franco
Rabello e o outro pelo Doutor Floro Bartolomeu, que seguia apoiando o Padre
Cícero. Logo após essa luta ficam todos que foram a favor dos Rabelista nome
dado aos simpatizantes e correligionários políticos da época, perseguidos sem
restrições onde até mesmo a vida era posta em cheque. Em São Pedro do Cariri,
hoje Caririaçu, cidade serrana situada acima de Juazeiro do Norte, era quase em
sua totalidade Rabelista, cujo insucesso a condenou ao ostracismo e determinou
perseguições por parte dos jagunços contratados pelo Floro Bartolomeu. Antes,
porém, aconteceu um fato que alimentaria ainda mais o instinto feroz do
desalmado Zé pinheiro. Essa história aconteceu no ano de 1913 e é narrada por
Doutor Borges em uma de suas obras literárias.
Um dos cangaceiros, jagunço violento, era José pinheiro, mau como o diabo pode ser. Naquela ocasião (1914) ele, indo do Crato para lavras, “três léguas abaixo de Caririaçu, ribeira do riacho do rosário, no serrote, teve um desentendimento com a mulher que lhe servia de companheira e a enterrou, dizia-se, viva, quase à beira do caminho, um pouco para dentro do mato”. desapareceu. dias depois, vaqueiros ou caçadores que ali andavam, sentiram mau cheiro e, notando urubus pousados em árvores próximas, para lá se dirigiram, encontrando a sepultura meio aberta e o cadáver já em parte destruído pelos animais. as diligências e investigações levadas a efeito pela polícia conseguiram identificar sem maior tardança o criminoso.
Descoberto seu paradeiro, ele foi preso e recolhido à cadeia de são Pedro (Caririaçu) e enviado depois para a do Crato, por medida de segurança. Clemente Ferreira Borges, há esse tempo, exercia ali as funções de juiz suplente, leigo. Foi justamente nessa qualidade que se dirigiu ele à cadeia local para conhecer de perto o criminoso, tendo exprobado, na ocasião o facínora pelo seu bárbaro procedimento, matando indefesa mulher, sem motivo justo. Não seria preciso mais para que a fera em forma humana que era José Pinheiro guardasse na memória a atitude de meu pai, aguardando, qual cascavel, o momento azado para um dostorço pessoal.
Com a derrota das forças legalistas nos ataques à cidade dos insurretos e a invasão em seguida do Crato e de outras cidades da região pelas hordas desenfreadas, abriram-se as portas das prisões, pondo-se consequentemente, em liberdade, todos os sentenciados que passaram, então, a engrossar as fileiras dos rebeldes. “Contava-se nesse número o famigerado José Pinheiro, a quem foi confiada à chefia de um grupo, dada a sua valentia e a energia de que era dotado para o comando dos capangas como ele afeitos à criminalidade.”
“a vila de São
Pedro amanheceu num claro dia de Domingo repleta de cangaceiros sob suas
ordens”. precisamente à hora da missa, momento onde todas as famílias se
reunião a frequentar esse momento ecumênico do qual não seria diferente com
Clemente Ferreira Borges que ao dirigiam-se para a igreja, foi chamado pelo
truculento chefe que bebia cachaça com seus cabras numa bodega da esquina.
Pressentindo que iria ser agredido, respondeu que poderia servir-se na
mercearia com seu grupo do que quisesse que depois da missa pagaria a despesa.
Não foi, porém, atendido e a sua presença foi imposta sob ameaça de morte com
os rifles apontados em posição de descarga. Disposto ao sacrifício, No
estabelecimento fez-se logo em torno dele um círculo de malfeitores, cada qual
mais sedento de sangue e de rapina. José Pinheiro puxou do bolso um maço de
bigodes e disse em rictos de fera satisfeita que aquilo era o troféu, a
lembrança que trazia dos chefes Rabelistas (partidários de Franco Rabelo,
correligionários da família Ferreira Borges) encontrada no caminho de fortaleza
e que os bigodes Clemente Ferreira Borges iriam também para ali, dentro em
pouco. Começou o martírio, humilhações, ameaças com exibição de armas, a toda
sorte de angústia foi submetido o velho. A certa altura José Pinheiro sacou de
um afiado e comprido punhal e ia vibra-lo certeiro não acontecendo por
intervenção de terceiros. O Padre Augusto Barbosa de Menezes, vigário daquela
freguesia, celebrava, no momento, a missa dominical. Toda a família, em
prantos, sentindo iminente a morte do chefe da família, corria para a igreja
pedindo socorro ao celebrante. Este, sem mais delonga, partiu apressadamente
para o local da cena triste, arrancou meu pai das garras do criminoso e o
conduziu são e salvo para sua residência, conservando-o ali sob a sua guarda
até quando o perigoso bandido abandonou a vila sobressaltada.
Adversário politico de minha família, chefe local do partido marreta (designação dada a antigo partido político do Ceará), Prefeito do Município mais de uma vez, e correligionário decidido do Padre Cícero, junto ao qual gozava de absoluta confiança, o Padre Augusto, não obstante, era antes de tudo amigo de seus paroquianos, O fim do cangaceiro.
O facínora José Pinheiro pagou caro as atrocidades que praticou. teve fim
trágico, horripilante. Aumentara o seu rosário de crimes matando, em Juazeiro,
em pleno dia, Quintino Feitosa, cercando-lhe a casa com seu famigerado grupo de
bandidos. Quintino resistiu horas ao nutrido tiroteio, mas, sem mais munição,
teve a casa invadida pelo grupo. José pinheiro abateu-o a punhaladas, decepou
lhe o bigode (seria mais um sinistro troféu), espremeu-o num copo de cachaça e
sorveu a bebida asquerosa a longos tragos.
Alguns anos depois transferiu a residência para o estado de alagoas. Lá moravam alguns parentes de Quintino. Localizaram o criminoso, mataram-no e o esfolaram como se fosse um bode. A cena é descrita assim pelo historiador Joaryvar Macedo:
Pavorosa e horripilante a morte de Zé Pinheiro, uma das mais temíveis feras que produziram os nossos sertões. Vítimas de sua perversidade crucificaram-no numa catingueira e o esfolaram vivo, em Alagoas. (in Irineu Pinheiro – o juazeiro do padre Cícero e a revolução de 1914, pág. 145 e o império do bacamarte, mesmo autor, pág. 172).
OBSERVAÇÃO A
PRIMEIRA FOTO TRATA-SE DE ZÉ PINHEIRO.
AOS
AMIGOS: Jose Pereira. Dostoievsky VianaAdryana Vanderlei Georgia Almeida Pedro Cunha Antonio Roberto
Leo Leonardo Borges. Borges José. Ed O Lindo Borges. Ana Paula Borges. Humberto Araujo Pereira. Hermeson Pereira Botelho. Lucia Borges Pereira João Elder
Leo Leonardo Borges. Borges José. Ed O Lindo Borges. Ana Paula Borges. Humberto Araujo Pereira. Hermeson Pereira Botelho. Lucia Borges Pereira João Elder
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