Por Manoel Severo
Luiz
Carlos Vasconcelos em o Baile Perfumado...
Sem dúvidas os admiradores da temática Cangaço hão de concordar que de todas as películas até hoje produzidas pelo cinema nacional sobre essa saga do sertão, se destaca o sensacional Baile Perfumado; um espetacular recorte sobre o mito de Virgulino ( ator: Luiz Carlos Vasconcelos), a partir da controversa história biográfica do sensacional imigrante libanês Benjamin Abrahão (ator: Duda Mamberti).
Vamos acompanhar na íntegra
O filme parte da morte do Santo de Juazeiro em 1934 e vai até 1938, ano do fatídico Angico; com uma produção primorosa, com direção de Lírio Ferreira e Paulo Caldas, o drama contou ainda no elenco com Aramis Trindade, Chico Díaz, Cláudio Mamberti, e Jofre Soares. "Baile Perfumado enfoca um Lampião que se deslumbra com os primeiros rasgos de modernidade no sertão, coisas como o uísque escocês, a máquina fotográfica e o perfume francês, que utilizava em grandes bailes. Um personagem diferente daquele lembrado por tiros e emboscadas." O filme é de 1997 e sem dúvidas vale a pena ver...
O Baile Perfumado...
O Baile Perfumado: Fonte - Youtube
Com vocês Verônica Kobs...
"Em Baile Perfumado, Lampião também é libertado do peso imposto pelo mito. O rei do cangaço interpretado por Vasconcelos é sorridente, vaidoso, adora promover festas e nunca deixa de ajudar um amigo. O mesmo tom é usado para retratar Benjamin Abrahão. No filme, o fotógrafo não é absolutamente sério e apenas enaltecido pelo imenso acervo histórico que deixou como legado. Abrahão é um homem comum, namorador e com uma forte queda por mulheres casadas. Diante disso, é como se houvesse uma concordância implícita dos diretores de Baile perfumado em relação à concepção que Benjamin Abrahão Botto tinha da arte e do gênero documentário.
Em síntese, pode-se afirmar que Baile Perfumado, em vários momentos, utiliza a técnica da duplicação ou do decalque como forma de apologia ao trabalho de Botto e ao Lampião concebido por ele. Sem dúvida, esse processo é possibilitado pela representação de parte da vida de um personagem histórico e, novamente, pela metalinguagem, porque, tanto no filme de Benjamin Abrahão como no filme de Paulo Caldas e Lírio Ferreira, “a realidade é apresentada como resultado da mediação da tecnologia como possibilidade de registro permanente”.
Verônica Daniel Kobs; Doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná Professora do Curso de Mestrado em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade; Coordenadora do Curso de Mestrado em Teoria Literária do Centro Universitário Campos de Andrade; Professora do Curso de Graduação de Letras da FACEL; Consultora e língua portuguesa e linguagens da RPC TV e da Ó TV.
Curador do Cariri Cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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