Por Joao De Sousa Costa Costa
A história de
um homem transformado em lenda antes de sua morte, geralmente violenta, chama
mais a atenção pelo que escreveram seus inimigos, do que pela narrativa de
pesquisadores independentes, exatamente por serem neutros. Geralmente, a versão
dos fatos, fantasiosa ou não, é sempre mais interessante. Vejam que coisa
bacana, O ex-volante nazareno e escritor João Gomes de Lira, escreve sobre
Lampião. A partir da página 24, do seu “Lampião”, Volume I.
Outras
habilidades de Virgulino
“Virgulino
tocava harmônica de oito baixos. Na dança era conhecido como “pé-de-ouro”,
porque tinha o corpo maneiro e muita flexibilidade, sendo por isso cobiçado
pelas dançarinas. Virgulino também trabalhava na arte de pedreiro, conforme se
vê no reboco feito de barro, na casa de sua tia Chica Jacoza, em Poço do Negro,
proximidade de Nazaré, onde se lê no lado da parede, feito pelo próprio punho,
o seguinte”:
“Mestre
Virgulino Lopes da Silva, ano 1917”.
Nesta
assinatura Virgulino troca seu sobrenome Ferreira por Lopes. Outro historiador,
Frederico Pernambucano de Melo, tembém cinfirma que Virgulino usou esse
sobrenome Lopes, numa lista de eleitores numa votação em em Vila-Bela. Mas por
que?
Por pedigree,
status genealógico, podemos deduzir.. Virgulino pegou em armas pela primeira vez
sob o comando de um Lopes, seu tio Manoel Lopes, nomeado Inspetor de Quarteirão
em Vila-Bela. Esse Manoel Lopes, seus sobrinhos, Antônio, Levino e Virgulino,
na condição de homens da lei, auxiliares da Polícia, andavam armadas de rifles
e pistolas na jurisdição que competia à família Lopes.
João Gomes de
Lira, detalha que esse sobrenome vem da família Paulo Lopes, de Jardim, Ceará.
Esse Paulo Lopes, que está na raiz genealógica de Virgulino, merece mais de um
livro para narrar sua trajetória violenta. Mas voltemos a Virgulino.
Ainda segundo
o ex-nazareno, Virgulino tinha outras habilidades, além de tocar sanfona de
oito baixos e dançarino. Era amansador de burro brabo e almocreves.
Diz João Gomes
de Lira sobre outros dotes dos filhos de José Ferreira. “Dos 14 aos 15 anos, os
filhos de José Ferreira dedicaram-se a várias atividades: esporte, arte e
outras habilidades. Trabalhavam na agricultura, como esporte, Virgulo era
esbravejador de animais”. Tal atividade esportiva Virgulino e irmãos praticavam
à noite.
Depois que
domavam os animais bravos, os Ferreira “demonstravam prazer e pabulagem
dizendo: Conhece, bicho, que sou homem? Você na minha volta não é de nada, nem
dá pra nada”. Jamais um Ferreira caiu do cavalo, acrescenta seu ex-perseguidor
e ex-volante-nazareno.
E pra fechar,
o ex-soldado de volante revela em suas memórias.
“Deste modo,
ficou Virgulino nas terras do Pajeú, conhecido como afamado vaqueiro, um
completo esbravejador de animais e almocreves”. Além de tocador de 8 baixos.
Eu pergunto.
Virgulino e
irmãos causavam ou não inveja aos seus inimigos?
Fonte:
“Lampião”, Vol. 1. Memórias de um soldado de volante, de João Gomes de Lira.
Imagem: 1.
Irmãos Ferreira, Virgulino e Antônio. Juazeiro do Norte. Foto de domínio
público. 2. Capa/livro. 3. Estátua no Sítido Passagem das Pedras. Serra
Talhada.
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