Por André Nogueira
Nascido na mesma cidade que o Rei do Sertão, ele foi o responsável pela ascensão de Virgulino ao posto de comando pelo qual ficaria famoso.
Lampião não entrou no cangaço como rei, mas teve que ascender em meio àquele ambiente até chegar à posição de destaque. Ele ingressou ao movimento em 1920, época do auge do comandando bandoleiro que o levaria à soberania do cangaço: Sinhô Pereira.
Este era o nome de guerra de Sebastião Pereira e Silva, um sertanejo da mesma origem que Virgulino: Serra Talhada, Pernambuco. Responsável por um fortalecimento importante no cangaço, ele comandou as tropas que tomaram o sertão antes do zênite atingido pelo sucessor.
Sinhô Pereira era oriundo de uma importante e rica família do semiárido, descendendo do Barão de Pajeú e, por isso, tinha conexões e conhecimentos de destaque. No início da vida trabalhou no campo, em meio às produções da família, e foi alfabetizado cedo.
Porém, como era corriqueiro entre famílias poderosas, os Pereira estavam envolvidos com disputas acirradas com outros grupos políticos e econômicos da região, em especial os Carvalho. Influência política e posse de terras eram os principais pontos de conflito.
Esses atritos interfamiliares desencadearam uma série de assassinatos e vinganças que desestabilizou os grupos. Algumas dessas mortes, em especial a de um patriarca próximo de Sebastião, fizeram com que ele e o primo, Luiz Padre, fossem atrás de vingança contra a impunidade através do cangaço, em 1907.
Ingressando um bando numeroso que costumava atuar em Pernambuco, os parentes rapidamente ganharam destaque na atuação em batalhas. Logo, Sinhô Pereira ganhou o apelido de Demônio do Sertão, graças à fama causadas por suas habilidades de guerrilha.
Mesmo com fama de justiceiro, Sebastião não se sentia bem em estar à margem da lei. Isso o levou a se afastar do cangaço por um tempo, em 1918, junto ao primo, e buscar uma vida comum. Porém, logo, retornaram à vida de bandoleiro.
Em 1920, um parente também entrou no cangaço: Virgulino Ferreira. Eram próximos, na infância ambos moraram perto do outro e a mãe de Lampião era madrinha do pai de Sebastião.
Aos 26 anos, então, ele voltou a cogitar a saída do cangaço para constituir família, uma vez pressionado pelo Padre Cícero Romão, que teria enviado uma carta pedindo para que os primos deixassem o Pajeú em busca de uma vida melhor. Alguns historiadores confirmam que, ao ser respondido positivamente, o sacerdote se comunicou em um padre do Piauí, de nome Castro, para ajudar os dois.
O religioso receberia os dois jovens para levá-los para o Maranhão, onde poderosos agricultores os auxiliariam. Porém, preferiram ir até Goiás, com o objetivo de conquistar uma vida independente. Mas, antes, Sinhô Pereira entregou ao parente Virgulino, que se tornaria Lampião, o comando de suas tropas. Isso teria se dado pela relação de confiança entre os cangaceiros e pela proatividade violenta do mais jovem.
Luiz Padre permaneceu no município goiano de Anápolis, no entanto, Sinhô decidiu se deslocar até Minas Gerais, onde continuou sua vida. Recebeu o título de cidadão mineiro e optou por um estilo pacato e familiar. Morreu em 1979, em Lagoa Grande.
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