Clerisvaldo B. Chagas, 31 de março de 2021
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.501
Saí a pé disposto a enfrentar o desconhecido. Segui pela estrada que leva até a Fazenda Baixio, na época pertencente ao senhor Firmino Falcão (Seu Nozinho). Segui em frente e passei direto pelo acesso que leva até o sítio Camoxinga dos Teodósio. É bom dizer que a estrada era boa, mas não encontrava um só indivíduo humano, somente cantos de pássaros. Avistei um pequeno poço no pé de uma pedra tipo matacão, muito branca e uma craibeira de porte médio fazendo sombra na pedra. Um local bucólico que pedia banho e rede. Provavelmente aquele seria o riacho Camoxinga seco, mas a quem perguntar? Aos pássaros? Às cercas de arame? À paisagem perfumada? Fui avistar uma casa adiante, fumaça saindo na chaminé, mas nada de cara de gente na janela. Desviei-me para a nossa Fazenda Timbaúba, deixando a estrada que leva até o sítio Barra do Tigre.
Ao sair da parte baixa da Timbaúba, voltei pela Timbaúba alta, onde havia muitas pinheiras, entrei por uma trilha ladeada de caatinga e saí acompanhando paralelamente o lombo da serra da Camonga em direção à cabeça. Quilômetros e quilômetros pela trilha, tão silenciosa que nem canto de ave surgia nos vegetais. Estava sozinho num deserto que nem calango cruzava a vereda. Depois de muito caminhar fui sair na estrada larga que leva ao povoado São Félix, um pouco antes da ladeira que passa pelas imediações da cabeça da Camonga. Bastava atravessar a estrada de terra e estaria diante do sítio Imburana do Bicho. Por que Imburana do Bicho? Pensei: a imburana pode ser de cambão ou de cheiro. Bicho deveria se referir a algum tipo de praga que havia deformado a arvoreta ponto de referência do lugar.
Retornei à cidade, passando pela fazenda conhecida como “Fazenda Baixio de Abílio Pereira”. Um pouco antes, dei uma espiada em um caminho antigo que saía no Açude do Bode. Eu já o percorrera com certa dificuldade, pois estava abandonado, solo irregular devidos às enxurradas e mato obstruindo a passagem. Difícil até para burros e cavalos. Nem sei como a ambição humana não avançara as cercas sobre ele e o englobara. Na estrada ainda estava de pé a grande craibeira, marco da estrada para São Félix, quase na frente da casa-grande da fazenda Baixio de Abílio Pereira. Cheguei em casa cansado, mas satisfeito em ter navegado pelas trilhas do Se
Nunca mais revisei meus cafundós
Com essa tal pandemia, só posso respirar nos vegetais do Sertão agora, pelas fotos que o tempo não deixa de mostrar.
1. SERRA DA CAMONGA, AO FUNDO, VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO B. CHAGAS).
2. SERRA DA CAMONGA VISTA DA RUA PEDRO BRANDÃO. (FOTO: GUILHERME CHAGAS).
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/03/nas-trilhas-do-sertao-clerisvaldo-b.html
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