Clerisvaldo B. Chagas, 30 de novembro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.806
O angico é uma árvore da caatinga
sertaneja tão famosa quanto o juazeiro. O seu tronco mostra espinhos de forma
grande, arredondada, em forma de nódulos. Suas cascas guardam o tanino,
substância muito utilizado no curtimento do couro. Podemos dizer que é uma
árvore exuberante, bela e de fácil identificação. Produz uma resina que é
medicinal e muito utilizada pelos macacos e soins se habitarem na área. Suas
folhas são pequenas e enfileiradas de um lado e de outro, parecendo uma pena. O
angico gosta muito de terreno pedregoso e mais elevado como os serrotes. Sua
forte raiz racha a pedra onde quer se fixar e após, fica gozando o pouco de
frieza nela encontrada, em terras quentes do semiárido.
Utiliza-se o angico sem a casca
para se fazer estacas. A madeira nua é muito mais resistente. E, no caso das
cascas, elas são vendidas para os curtumes, por causa do tanino, transformando
o couro em sola, na última fase da curtição. Os antigos compradores de cascas
de angico, procuravam nas fazendas, o produto. Quando o fazendeiro ia pelar o
angico para fazer estacas, não cobrava pelas cascas e ainda agradecia. Mas
quando não ia fazer estaca, cobrava a mercadoria que custava numa carrada de
carro de boi, dez tostões (destões), por uma arroba. O jegue e o burro eram os
meios de transportes mais utilizados pelos donos de curtumes na compra das
cascas dessa madeira. Ainda no mato, os compradores de cascas, faziam feixes e
usavam a embira ou mesmo as próprias tiras das cascas para amarrarem os feixes
e colocarem nos dois lados da cangalha. Muitas vezes esses compradores passavam
mais de um dia na caatinga para realizar esse serviço.
Esses dados detalhistas estão no
livro recém terminado: Santana: Reino do Couro e da sola. Calculado
antes em apenas três páginas de papel A4, encerramos com cerca de trinta e
cinco, o que na gráfica, em formado de livro, poderá alcançar até mais de 100
páginas. Temos a certeza de que tantos detalhes vão impressionar o povo
santanense, pois fala da estrada de Delmiro, da Matança, do padre Capitulino,
dos artesãos, das fases da curtição de couro, das fabricas de calçados, dos
sapateiros, do futebol do Panema e muito mais, inclusive preços de mercadorias
e fotos de cédulas antigas.
O que fazer para publicar?
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