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terça-feira, 18 de julho de 2023

INALCANÇÁVEL VELHICE

 Por Hélio Xaxá


É bom envelhecer.

A gente percebe que ser jovem era só uma onda...

A juventude passa

Mas ser feliz continua na moda...

A velhice tem lá os seus achaques

Mas a gente aprende

A olhar para trás com ternura...

A gente não fica chato.

Simplesmente deixa de ser idiota.

Já não quer mais som alto

Prefere ouvir aquela música suave...

A velocidade tem que acompanhar

A serenidade dos nossos momentos...

Longe de ser uma folha caindo

Somos um velho girassol se abrindo

Para receber os raios de um novo sol...

Nunca falamos sozinhos

Conversamos com as plantas...

Com vultos do passado

Invisíveis à olhares insensíveis...

A vida ganha outra conotação...

A Natureza se veste doutra aquarela...

Os arco-íris sempre saem das nuvens

E mergulham num oceano plácido...

A gente na velhice

Fica tão carente quanto na adolescência...

Exige cuidados e atenções

Que só a benevolência do amor pode dar...

Carinho, paciência, zelo...

A velhice é o tempo da volta.

Sua chance de devolver

Todo o esmero que foi dedicado

Ao seu

desenvolvimento

Físico, mental e espiritual...

E creia-me, filho:

Você nunca fará o bastante.

Sempre terá a impressão

De ter recebido em dobro cada gesto

Toda renuncia na vida

Cada noite de sono perdida

E toda lágrima de tristeza

Ou alegria por você derramada...

Aprenderá inclusive que

A coisa mais perfeita do mundo é a lágrima

Pois vai do coração aos olhos

Desde a mais tenra idade...

Eu enxuguei as suas

Você enxugará as minhas

E as de seus filhos

E sempre vai dar um jeito

De, sem que ele perceba,

Trocá-las por meigos sorrisos...

Porém, isso tudo só se dará

Na sua doce e inalcançável velhice.


Hélio Xaxá

https://www.facebook.com/helio.xaxa

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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