Clerisvaldo B. Chagas, 20 de outubro de 2014 - Crônica Nº 1.285
Esse trabalho inédito, não pode ser copiado sem seguir as normas da ABNT e nem plágio no todo ou em parte.
Disse João
Bezerra, após Angicos, que havia ficado, entre outras coisas, com o lenço que
estava no pescoço de Lampião e a máquina de costura de Maria Bonita. Vejamos:
No dia 21 de
julho de 1938, Lampião amanheceu na grota dos Angicos e acampou com mais de
quarenta homens no leito do riacho seco Ouro Fino, também chamado Angico. Ele e
seus cabras, até o dia 27, entre os de comer e de levar, haviam abatido 36
bodes na fazenda da família da viúva de Cândido Rodrigues Rosa, dona Guilhermina.
Contava os caprinos pela quantidade de couro acumulada.
No dia 26, à
tardinha, enquanto Luiz Pedro cortava pano para fazer roupa e bornais do
recém-chegado José, sobrinho do chefe, Lampião chamou os coiteiros Vicente e
Manoel Félix. Mandou-os que fossem à casa de dona Guilhermina (mãe de Pedro de
Cândido), do outro lado do morro das Perdidas e margem do riacho Forquilhas
buscarem a máquina de costura.
No dia 27,
Durval, irmão de Pedro de Cândido, chega ao coito de manhã. Lampião pede que
ele venha no outro dia pela manhã para PEGAR A MÁQUINA DE COSTURA DA SUA MÃE,
LEVÁ-LA DE VOLTA E RECEBER O PAGAMENTO DO CONSUMO DE CARNES DE BODE.
Na madrugada
do dia 28, Lampião foi morto. A família da viúva dona Guilhermina perdeu de
receber o dinheiro dos 36 bodes e a devolução da sua máquina de costura que
ficou com o, então, tenente João Bezerra.
Lampião morreu
devendo os bodes à família dos coiteiros.
Como Bezerra
diz que ficou com a máquina de costura de Maria Bonita? Aqui está bem claro: a
máquina de costura manual, não era de Maria Bonita que nem costurando estava. A
máquina era de dona Guilhermina, não devolvida. O tenente devia saber disso,
pois sabia de tudo. Quem da família de Pedro teria coragem de reclamar a
máquina de costura? O mais importante era a vida que Pedro de Cândido e seu
irmão Durval acabavam de ganhar.
Portanto,
supomos que para manter o status de matador, movido pela vaidade
camuflada, o tenente João Bezerra tenha apresentado o objeto como sendo da
mulher de Virgolino.
Coitada da
dona Guilhermina! Quase fica sem dois dos quatro filhos, perde o dinheiro de um
rebanho de bodes e ainda por cima sua máquina de costura!
E vá Maria
Bonita andar nas caatingas de máquina à cabeça! Tinha graça!
· Baseado
no Livro “Lampião em Alagoas”.
· Contato
com autores: clerisvaldobchagas@hotmail.com
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2014/10/lampiao-os-bodes-e-maquina-de-costura.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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