Anésia Meira Sertão, nascida em Boa Nova, BA, em 03/01/1922 (filha de Alfredo Meira Sertão e Elisia de Sá Meira) e Deoclides de Souza Meira, nascido em Boa Nova, BA, em 22/01/1903 (filho de Ambrosio de Souza Meira e Arcina de Souza Meira). Casaram-se em Catingal em 26/11/1944. Ele foi casado em primeiras núpcias com Etelvina Meira Sertão.
A data acima não se referem à cangaceira Anésia Cauaçu, e sim ao casal Anésia Meira Sertão e Deoclides de Sousa Meira.
Anésia Adelaide Cauaçu, foi uma cangaceira brasileira que viveu na região de Jequié, interior da Bahia, no início do séc. XX.
Inicialmente, Anésia era uma dona de casa dedicada ao marido e a filha, mas abandonou essa vida para ingressar no cangaço, juntando-se aos seus tios e e irmãos que formavam o temido e afamado bando dos Cauaçus.
Carismática e extremamente bonita, Anésia era o membro mais célebre desse bando pois, além de ter conhecimento de táticas de guerrilha e ter uma mira infalível, ela também jogava capoeira. Um de seus grandes feitos foi de arrancar, com um tiro certeiro, o dedo de um delegado que indicava aos policiais onde deveriam se posicionar, durante um tiroteio no centro de Jequié, a uma distância considerável.
Em 1916, Anésia abandonou o cangaço e foi viver com sua família sob proteção de um fazendeiro que devia favores aos Cauaçus mas, traída pelo mesmo, foi entregue a polícia e nunca mais se teve notícias dela.
O escritor Ivan Estevam Ferreira, no seu livro "A Pedra do Curral Novo",sugere que Anésia pode ter falecido em Jequié e a identifica com uma anciã que morreu no ano de 1987 com 93 anos, que vivia sob os cuidados de pessoas caridosas.
O drama da Família Cauaçu; que lutaram de 1906 até 1920. Com os Chefes de Jagunços, que eram: Major Zezinho dos Laços, Coronel Cassiano, Irmão de Zezinho e o Coronel Marcionílio, amigo de ambos. Os três eram ricos e poderosos e tinha muitos Jagunços pistoleiros; Família Cauaçu eram de Gente Pobres, lavradores, criadores de pequenos rebanhos de cabras, ovelhas e porcos e plantavam roças de milho e mandioca abobra melancia e outras lavouras da caatinga no Sertão da Bahia, isto era no Município de Boa Nova perto do Rio de Contas, na fazenda Fedegoso, era lá que moravam os dois irmãos dono da fazenda. Constantino Cauaçu e Rufino Cauaçu. Constantino tinha dois filhos Augusto Cauaçu Marcelino Cauaçu e Rufino tinha Cinco filhos: José Cauaçu, Olímpio Cauaçu, Antônio Cauaçu, Durvigem Cauaçu e Terto Cauaçu; e tinha umas moças que eu não me lembro; nesta época eu ainda era bem pequeno, só sei que a mais velha chamava Anésia, mulher de naquele tempo Augusto Cauaçu foi ser empregado do Major Zezinho e sendo empregado era preciso ser pistoleiro também.
25 de julho de 1976
Um dia, quando jagunços e populares bebiam numa venda da localidade. Próximo dali, vinha um jagunço do Major Zezinho montado em uma mula, quando repentinamente surgiu uma porca que ao atravessar a rua, foi atropelada pelo seu animal. A porca morreu e, por estar na hora de dar cria, os filhotes tiveram o mesmo fim. O fato causou um grande desentendimento entre o dono da porca, o qual pertencia à família dos “cauaçus” e queria receber a indenização pela perda do suíno, e o jagunço, que não aceitou os argumentos apresentados. Depois de muita conversa e interferência dos amigos das partes, os ânimos foram acalmados, mas ficaram as promessas de vingança.
Na extrema esquerda está Zezinho dos Laços e na extrema direita, Lucas Nogueira. Entre eles, a família Nogueira. Foto tirada em 1909. |
No outro dia, quando o jagunço de Zezinho foi pegar a mula no mangueiro, encontrou-a morta. Sinais de perfuração de bala foram verificados na região da cabeça. O jagunço não fez nenhum comentário, apenas retirou as quatro ferraduras da mula e colocou na capanga. Três dias após o ocorrido, Augusto Cauaçu foi encontrado morto com as quatro ferraduras no pescoço.
A partir deste dia começou a desavença, pois o jagunço que matou Augusto Cauaçu, disse que o mandante do crime teria sido Major Zezinho, mesmo ele tendo afirmado não ter participação no assassinato. Declarações da família dos “cauaçus”, isto é, os Cinco primos e o irmão de Augusto, que vingaria a morte do seu familiar e o alvo era o suposto mandante, José Marque da Silva, o Zezinho dos Laços.
Os bandos dos Cauaçus eram formados por seis homens: O Irmão de Augusto; Marcelino Cauaçu e seus primos: José Cauaçu, Olímpio Cauaçu, Antônio Cauaçu, Durvigem Cauaçu e Terto Cauaçu. Todos unidos e destinados, se armaram com boas armas e muita munição.
O Major Zezinho dos Laços morava em Porto Alegre, as margens do Rio de Contas, dali o Major Zezinho comandava seus jagunços, naquela Caatinga seca de pedregulhos.
Não acreditando e não temendo as ameaças, Zezinho dos Laços viajou para Volta dos Meiras (atualmente Catingal), em companhia de Lucas e de um dos seus capangas, para resolver assuntos pessoais.
Os Cauaçus ficaram sabendo da viagem de Zezinho para Volta dos Meiras e armaram uma emboscada na Fazenda Rochedo, ali o Major Zezinho tinha de passar para voltar a Porto Alegre.
Em Volta dos Meiras, (Hoje Catingal), morava o Coronel Martiniano Meira, homem muito rico e sábio, respeitado por todos, um homem da paz; Ele tinha o apelido de Nonô e assim era conhecido, Coronel Nonô.
O Major Zezinho dos Laços, estando em Catingal, antiga Volta dos Meiras, passou na casa do Coronel Nonô e o Coronel Nonô que já sabia de tudo, avisou ao Major Zizinho dos Laços, que, os vaqueiros dele tinham visto uns homens armados, que parecia os Cauaçus, próximo da fazenda Rochedo, que era a Fazenda do Sr. Candido Meira. Os vaqueiros vinham tocando gado quando viram aqueles homens armados, próximo a um riacho, entrando no mato; e fingiram que não estava vendo nada, para que os homens não desconfiassem. Chegando na casa do patrão contaram o que tinha visto ao Coronel.
O Coronel disse: eu estou lhe avisando Major, e o Major respondeu: “Eu não tenho medo, Moleque não mata homem”. O Major Zezinho dos Laços ia junto com seu cunhado, Major Lucas, e mais três capangas de sua confiança, todos bem armados e montados em bons burros, viajaram já o sol quase se pondo. O Major e seus companheiros eram homens fortes e muito valentes, eles não tiveram medo daquela notícia e viajaram. De Volta dos Meiras a Porto Alegre dista aproximadamente 20 Km ou 3 Léguas, como costumavam dizer; A Fazenda Rochedo era quase o meio do caminho, eles só iam chegar a Porto Alegre a noite.
Quando eles iam atravessando o riacho os Cauaçus gritaram, fogo! E os capangas do Major Zezinho dos Laços também gritaram, fogo! E o tiroteio começou. O Major Zezinho foi alvejado com um tiro no peito e o burro que ele ia montado saiu marchando pela estrada até chegar na casa da Fazenda Rochedo, propriedade do Sr. Candido Meira, porque o Major já tinha costume de parar ali; o Major segurou na cabeça da sela já quase sem vida; enquanto isso, os capangas trocavam tiros com os Cauaçus. O Major Lucas saiu correndo a pé pelo mato pois sua mula foi baleada e caiu logo, o tiroteio durou pouco pois os Cauaçus correram; o Major Zezinho dos Laços foi tirado do burro pelos donos da casa, o Sr. Candido e seu filho, Enpidio, porém, o Major não resistiu e Morreu.
Candido Meira mandou Elpídio Alves a Porto Alegre avisar os parentes. Ficaram na fazenda velando Zezinho dos Laços: Cândido Alves, sua esposa Joana Alves Meira e suas filhas Florinda Meira, Leonilha Meira. Rita Meira e Ana Meira. No dia seguinte, Zezinho dos Laços foi levado e sepultado em Porto Alegre.
Imediatamente depois da sua morte e enterro; com apoio da polícia e ajuda de Marcionílio Antônio de Souza, influente chefe político em Maracás, Cassiano Marques da Silva e seus sobrinhos Rodolfino Marques da Silva e Randulfo Marques da Silva passaram a perseguir o mandante e todos os envolvidos no assassinato de Zezinho dos Laços.
Depois de várias investigações feitas em fazendas, eles foram informados de que havia passado uma família com destino a Bom Jesus da Lapa. Na região próxima ao destino da família, foi montada uma emboscada pelos dois jagunços de Zezinho dos Laços, que conheciam bastante Marcelino Cauaçu. No tiroteio Marcelino, irmão de Augusto Cauaçu foi alvejado por vários tiros que somente a ele atingiram. Agora só restaram os cinco irmãos, os primos de Augusto e Marcelino Cauaçu.
Depois disso, os cinco irmãos se emprenharam numa serra e sumiram foram parar nas matas do Sul da Bahia. Muitos acharam que tal vez tivesse sido baleados e tivesse morrido no mato. Naquele tempo não exista estrada, nem carro, a condução era burro ou cavalo ou então no chinelo de dedo mesmo. O Sul da Bahia era como se fosse um outro país. Os Cauaçus ficaram por lá uns 7 anos sem que ninguém soubesse do seu paradeiro.
Os filhos do Major Zezinho dos Laços não eram homens inclinados a vingança, eram uns moços educados e não quiseram seguir o caminho de seu pai, acabaram deixando essa luta de lado, o Coronel Cassiano também já estava velho e não quis mais seguir adiante com essa luta; e nessas idas e voltas o tempo passou e os Irmãos Cauaçus começaram a aparecer.
O povo começou a dizer: “Os Cauaçus estão de volta, e agora parecem estarem protegidos e muito mais fortes” Os primeiros apareceram em Jequié, depois em Maracás e Boa Nova. Era época de política e os Cauaçus aproveitaram para aparecerem e fazer grande movimento naqueles três municípios; Jequié, Maracás e Boa Nova.
Na cidade de Maracás estava uma política muito forte, O Coronel Marcionílio era de um partido e o Coronel Teotônio Alves era de outro. O Coronel Marcionílio era cunhado do Coronel Teotônio Alves, eles não eram inimigos, mas também não gostavam um do outro. O Coronel Marcionílio era muito rico e poderoso, ele possuía muitas fazendas, tinha muitos jagunços a seu serviço e era amigo do governador da Bahia.
O Coronel Teotônio Alves, não era um homem pobre, mas comparado ao Coronel Marcionílio, ele não tinha quase nada.
Teotônio Alves tinha 11 filhos, 3 rapazes e 8 moças, todos muito educados e bonitos. As moças eram simpáticas gostavam de conversar e da mesma forma os rapazes, o mais velho se chamava Francisco e era chamado Chiquinho. Um dia, em plena campanha política, Chiquinho, filho do Coronel Teotônio, estava em um bar e chegou ali um jagunço do Coronel Marcionílio, o jagunço tomou uma pinga e ofereceu para Chiquinho, porém Chiquinho respondeu: Eu não bebo pinga de bandido. O cara puxou o revolver e atirou em Chiquinho, a polícia prendeu o jagunço.
Chiquinho foi levado ao hospital, o médico tirou a bala e Chiquinho sobreviveu. O Coronel Marcionílio mandou a polícia soltar o jagunço; o que pareceu ao Coronel Teotônio uma grande afronta e tratou de tomar providências para se vingar do Coronel Marcionílio.
O Coronel Teotônio mandou chamar José Cauaçu; mandou que José viesse com urgência que ele tinha um negócio importante para José, José Cauaçu não demorou; e combinaram entre eles de matar o Coronel Marcionílio. Os Cauaçus já a muito tempo não gostavam do Coronel Marcionílio, pois o Coronel era um de seus perseguidores.
Nessa época, José Cauaçu já tinha sua turma, os quatro irmãos e mais uns vinte capangas. Os Cauaçus começaram a estudar meios para armar uma emboscada para matar o Coronel Marcionílio, mas para a surpresa dos Cauaçus, o Coronel viajou para Salvador, Capital Baiana, e como ele era amigo do Governador, pediu uma força policial para ajudá-lo a perseguir os Cauaçus. O Governador cedeu duzentas praças comandado por um coronel da Polícia Militar e com este Coronel vieram outros Oficiais como: Tenentes, Sargentos e cabos que, marcharam e desembarcaram na cidade de Jequié.
E foram divididos todo exército em grupos para os lugares em que os Cauaçus costumavam habitar. A polícia fechou o cerco em cima dos Cauaçu, que antes procuravam matar o Coronel Marcionílio e tiveram que fugir rapidamente e então eles fugiram para Volta dos Meiras, porém, não ficaram no Arraial, foram acampar na Fazenda do Sr. Mário Meira, Fazenda Larga Nova, lugar de muitas pastagens e de muito gado, não só do fazendeiro, mas também dos vizinhos que entravam na Fazenda e ficavam por lá.
Os Cauaçus começaram a matar o gado e não queria nem saber quem era o dono, quem ficavam no prejuízo eram os fazendeiros, as Fazendas eram escondidas numa brenha de mata fechada sem estrada, que só ia lá quem tinha negócio.
A polícia ficou sabendo que os Cauaçus estavam em Volta dos Meiras, e foram atrás dos Cauaçus. Volta dos Meiras ficava 2 léguas de distância da Fazenda que os Cauaçus estavam; mas os policiais chegaram em Volta dos Meiras tudo estropiados pois a caminhada por caminhos de difícil acesso não era tarefa fácil, não havia transporte e a tropa chegou em Volta dos Meiras a pé.
O Comandante era o Tenente Simão, que escolheu 30 homens da polícia, dos que ainda se encontravam mais fortes e mandou no comando do Sargento Etelvino, homem forte e de muita coragem, para verificar se os homens ainda estavam na Fazenda Larga Nova.
Naquela época eu tinha uns 11 anos de idade, e a nossa Fazenda era bem perto da Fazenda Larga Nova. Eu e meus irmãos acordavam sedo para tirar o leite e naquele dia eu acordei mais sedo ainda, quando abrir a porta tomei um baita susto, a casa estava cercada pela polícia perguntando; onde estavam os Cauaçus. Eu corri para dentro de casa, morrendo de medo e chamei meu pai, tínhamos tanto medo que quase não conseguíamos falar. Meu pai foi lá e conversou com o Sargento, eles pensaram que era em nossa Fazenda que os Cauaçus estavam escondidos, pediram desculpas e pediu para que um de meus irmãos ir com eles até perto da Fazenda que os Cauaçus estavam e quando tivesse perto, eles mandariam de volta. Meu pai permitiu e assim o fizeram, quando se aproximaram da Fazenda Larga Nova, eles mandaram o rapaz voltar; Os Cauaçus naquele dia estava matando um boi, eles só comiam carne assada com farinha de mandioca, era o único alimento que tinham.
Quando os Cauaçus viram que a polícia se aproximavam eles se abrigaram na casa e sentaram o tiro na polícia e a polícia também meteu chumbo nos Cauaçus, e trocaram tiros por mais de uma hora. Os policiais se afastaram e os Cauaçus continuaram firmes na Fazenda. Da minha casa eu e meus irmãos escutavam os tiros, pareciam que estavam batendo em uma lata detrás da serra.
A tardinha a polícia chegou em nossa casa e pousaram em uma casa desocupada que tínhamos, casa de fazer farinha, ali a gente guardava sacas de feijão e farinha; Os Soldados estavam com muita fome e meu pai deu para eles um taxo de fazer rapadura, um bode e eles mataram o bode e cozinharam com feijão e comeram com farinha.
Nesta noite os Cauaçus, que já estavam sem munição, se retiraram da Fazenda e foi para outros lugares mais escondidos, mas, a polícia não desistiu e continuaram a perseguição.
Os Cauaçus se esconderam na Fazenda Boa Vista, do Coronel Teotônio, que se encontrava desocupada e rapidamente conseguiram mais munição. Ali ficaram muitos dias sem ninguém saber notícias deles.
Um dia a polícia, que andava sempre procurando, passou naquela Fazenda e encontrou a turma toda de frente. O Sargento Etelvino com seus 30 homens armados travou um violento tiroteio com a turma dos Cauaçus, que eram também mais de 20 homens, todos armados com repetição, a famosa espingarda de 12 tiros.
No tiroteio a polícia acertou o José Cauaçu, Chefe do bando, os Cauaçus fugiram levando José nas costas, eles foram por dentro do mato e a polícia se recuou, porque temiam entrar no mato e os Cauaçus, que, conheciam bem o mato armarem uma emboscada e matar muitos policiais.
Naquele mesmo dia o Chefe dos Cauaçus faleceu e foi enterrado por seus irmãos em cima da serra que eles estavam escondidos. Essa sepultura foi procurada depois, mas nunca foi encontrada por ninguém. A polícia continuava à procura dos Cauaçus, um dia depois de enterrar o José Cauaçu, seus irmãos passaram em nossa casa; um grupo de homens sujos, rasgados e famintos pedindo comida; meu pai deu carne, requeijão, farinha e rapadura; eles pediram que não falássemos nada sobre eles para a polícia, no meio deles tinha um que estava baleado no braço e meu pai deu remédio para ele e foram embora.
No outro dia a polícia chegou também lá em casa, a procura dos Cauaçus, porém, não nos contaram o que tinha acontecido. Contamos para eles que os Cauaçus haviam passado lá em casa e estavam com fome, e nós damos comida para eles; contamos também para a polícias que eles nos disseram que, o José Cauaçu tinha morrido no tiroteio na Fazenda Boa Vista.
Os Cauaçus, agora já derrotados, pois o seu chefe havia morrido, tomaram os matos do Sul da Bahia e a polícia continuava a perseguição. Nesta feita ficaram mais de 2 anos sem ninguém ouvir falar dos Cauaçus.
Depois de 2 anos sumidos os Cauaçus voltaram a mostrar as caras. Apareceu o Terto, depois o Olímpio e foram juntando os outros dois irmãos; juntaram muitos jagunços, todos bem armados e retornaram do Sul da Bahia e tomaram conta do Arraial de Volta dos Meiras (Hoje Catingal), a cidade de Jequié distava de Volta dos Meiras 80 Km, isso para quem andava a pé era muito longe, e os Cauaçus passaram a mandar em tudo e em todos no Arraial de Volta dos Meiras.
Em Volta dos Meira, os Cauaçus e seus 60 homens de brigas, todos armados, estavam folgados; maravam o gado dos moradores comiam e bebiam e ninguém falava nada. Eles se ajuntaram com a família do Coronel Teotônio, que tinha moças bonitas e o Olímpio, que era o chefe, casou-se com a mais velha, que se chamava Maria Rita. Todo dia tinha festas, eles matavam cabras dos moradores e comiam com sua turma.
Um dia eles mandaram recado para meu Pai mandar um capado gordo, e tivemos que mandar; com isso, eles ficaram muito feliz, disseram para nós que se precisássemos deles ou dos homens deles para qualquer coisa era só falar. Outro dia mandaram pedir um boi gordo e meu pai mandou o boi, nosso vaqueiro levou o boi e eles ficaram muito satisfeitos.
E assim a gente ia levando eles e quando eles chegavam em nossa casa, nós não tínhamos medo deles, e eles nos respeitavam e nos consideravam de mais.
O agrado do meu pai fazia os Cauaçus ficarem mansos; naquela época muitos fazendeiros abandonaram suas fazendas e foram morar em suas casas da cidade, por medo dos Cauaçus; porém, nós, que não tínhamos casa na cidade tivemos que permanecemos firmes em nossa Fazenda e tratar de agradar a todos, tanto a polícia, quanto os Cauaçus.
Mas um dia eles estavam fazendo uma grande festa em Volta dos Meiras; comendo, bebendo e farreando à vontade. Então apareceu uma turma de polícia, juntos com os jagunços do Coronel Marcionílio e sentaram o chumbo na turma dos Cauaçus e os Cauaçus também meteram chumbo na polícia e o tiroteio durou mais de uma hora.
Não morreu ninguém no tiroteio, pois a polícia atirava de longe, pois temiam medo da mira dos Cauaçus, assim eles davam fuga para a turma se retirar. Na verdade, a polícia só veio para fazer os Cauaçus desocupar o Arraial de Volta dos Meiras.
Depois disso, os Cauaçus desapareceram do Arraial e ninguém mais soube notícias de sua turma. Em viagem a Bom Jesus da Lapa eu encontrei com Maria Rita, ela estava vestida de preto e nos contou que seu marido, o Olímpio Cauaçu tinha desaparecido.
A família do Coronel Teotônio procurou as cidades e desapareceu, e nunca mais se ouviu falar dessa gente. (Portal Catingal)
História contada por Deoclides de Souza Meira em 1976
Digitação e Diagramação para Internet: Levy Barros
https://www.charlesmeira.com.br/2015/08/o-drama-da-familia-cauacu-e-sua.html
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