Clerisvaldo B. Chagas, 6 de agosto de 2024
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 3.082
Foi um sufoco
para a população de Santana do Ipanema que dispunha de energia elétrica motriz,
desde o ano de 1922, no início da sua existência como cidade. Mal terminara a
sua fase de vila, a nova cidade começava com o pé direito. Era um motor enorme,
alemão, que fornecia esse conforto. O motor começava a funcionar à noitinha e
as luzes dos postes de madeira eram acesas e assim ficavam até a meia-noite.
Antes das 24 horas, porém chegava o aviso que a energia iria embora, mediante
três piscadelas. O restante da noite era na base do candeeiro e da placa a
querosene ou gás óleo ou mesmo à base da “petromax, um luxo da época. Ao chegar
ao ano de 1959, o velho motor alemão pifou. Santana passou 4 anos no escuro e
somente muito mais tarde foi abastecida com luz elétrica de Paulo Afonso.
LOCAL HOJE REMODELADO ONDE FUNCIONOU O PRIMEIRO SALÃO DE ELETRICIDADE MOTRIZ. TERCEIRA PORTA SUBINDO APÓS A ESQUINA QUE DAVA PARA O RIO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/LIVRO 230 ICONOGRÁFICO AOS 23 ANOS DE SANTANA DO IPANEMA).
Santana no
escuro, deixou de acelerar o progresso, mesmo assim, a dinâmica comercial que
vinha desde o tempo de vila, não a deixou sem desenvolvimento. Jovens da
sociedade local movimentaram-se numa liderança de campanha permanente a favor
da luz. Assim foi criada a irônica Rádio Candeeiro que conclamava a população
às ruas. Até passeatas à noite, com velas, lanternas e fachos, saíram ``as
ruas. Eu estava presente. As lideranças destes movimentos – justiça seja feita
– estavam a cargo de Henaldo Bulhões, Eraldo Bulhões e Adelson Isaac de
Miranda. O governador da época, interventor major Luiz Cavalcante, não aguentou
a pressão santanense e trouxe energia de Paulo Afonso, com grande festa e
discursos na sua inauguração.
E Seu Agenor, casado com dona Mariquinha, pai de Lola, casada com o músico e motorista Zé Bicudo e, Dedé, solteira, que tomava conta do motor e chamado de cientista porque era um verdadeiro sábio em tudo que fazia, foi acusado pela exaustão do motor. Acho que uma injustiça para aquele senhor de óculos, cabelos grisalhos e sério. Foi vizinho nosso, uma casa depois. Antes, a casa que abrigava o motor era na Rua Barão do Rio Branco, sem reboco, paredes imundas de óleo. Tempos depois passou a funcionar à Avenida Nossa Senhora de Fátima em prédio construído para aquela finalidade. Era dividido em três partes: salão do motor, salão de escritório (recebimento mensal de contas da luz) e parte de tanques de refrigeração. Era um convênio entre empresa particular e prefeitura.
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