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quinta-feira, 12 de setembro de 2024

O PÁSSARO HUMANO O JURITI, VOOU, VOOU, MAS FINDOU CAINDO NO ALÇAPÃO DO PERVERSO E VINGATIVO AMÂNCIO FERREIRA DA SILVA - O SARGENTO DELUZ.

Por José Mendes Pereira

O cangaceiro Juriti

O cangaceiro baiano Manoel Pereira de Azevedo, descendente do lugarejo chamado Salgado do Melão, incorporou-se ao bando do afamado e sanguinário capitão Lampião, com o nome de guerra Juriti, mas o velho guerreiro propôs trocá-lo por Maçarico, mas ele rejeitou o novo nome, por considerá-lo afeminado e impõe a sua vontade de permanecer sendo chamado de Juriti. O capitão, que sempre admirou homens de personalidade e temperamento fortes, concordou, e a partir daquele momento Manoel Pereira de Azevedo ficou no esquecimento.

Era um rapaz de corpo atlético, esguio, louro, cabelos finos, gestos elegantes, boas maneiras,  genioso e perverso ao extremo. As desgraças criminosas e malditas do cangaceiro foi vasta e recheada com muito sangue e muitas dores para as vítimas e familiares. Já famoso, Tempos depois, levou para a sua companhia a jovem Maria, uma filha de Manoel Jerônimo, vaqueiro da fazenda Picos.

Maria de Juriti - créditos escritor João de Sousa Lima

Na madrugada do dia 28 de julho do ano de 1938, no momento da chacina aos cangaceiros, lá na Grota do Angico, em Porto da Folha, atualmente pertencente à cidade de Poço Redondo, no Estado de Sergipe, o cangaceiro Juriti e a sua companheira Maria tiveram a sorte e conseguiram ludibriar o cerco policial, juntamente com tantos outros que estavam acoitados na Grota do Angico. Naquele triste amanhecer do dia, onze cangaceiros foram abatidos, inclusive o rei Lampião e a sua rainha Maria Bonita, além do volante Adrião Pedro de Sousa.

Adrião é o da esquerda - Créditos p/escritor Antônio Vilela de Souza

Após alguns meses do combate de Angico o cangaço quase todo fora enterrado juntamente com o rei Lampião, ficando apenas o bando de Corisco e de Moreno. E cada um tomou o seu destino, e a maioria foi para Jeremoabo, na Bahia, para se entregar às autoridades policiais.

Lampião e Maria Bonita

Mesmo sem a presença do rei Lampião e a rainha Maria Bonita, o cangaceiro Moreno continuou o seu movimento até o dia 2 de fevereiro de 1940, quando resolveu abandonar o cangaço, e sem ser identificado por muitos anos, Moreno deixou a vida de bandido e passou a ser homem da sociedade.

Cangaceiros Durvalina e Moreno.

Já o cangaceiro Corisco resolveu abandonar a vida de bandoleiro, mas não teve sorte. Mesmo já tendo deixado os horrores para trás, foi baleado pelo Tenente Zé Rufino no  dia 25 de maio de 1040. E não resistindo, veio a óbito.

Corisco e Dadá.

O capitão Aníbal Vicente Ferreira, comandante geral das forças de combate ao banditismo, resolveu o problema dos remanescentes de Lampião com o coração, enterrando a razão.

Foto do capitão Aníbal Ferreira gentilmente cedida para o nosso blog pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

Ofereceu uma nova vida aos cangaceiros, assinou todos os documentos necessários à soltura, dando-lhes garantia de liberdade, encaminhando-os para se incorporarem novamente à sociedade.

Juriti foi um deles, que juntamente com Maria e o cangaceiro Borboleta (este sendo irmão do assecla Sabonete), entregaram-se às autoridades, sendo liberado. Mas o Juriti não sabia que alguém o procurava.

Sargento Deluz

Na década de quarenta, por má sorte de Juriti o delegado de Canindé era o Amâncio Ferreira da Silva, um militar mais famoso daquela região, o sargento Deluz. Mesmo ele sabendo que o movimento social de cangaceiros havia acabado, procurava com prazer os remanescentes de Lampião, só para exterminá-los.

Em 1941, Deluz era proprietário de uma fazenda denominada Araticum. E nessa madrugada, Juriti estava em Pedra Dágua de rede armada e cachimbo aceso na casa de um amigo, o Rosalbo Marinho. Assim que tomou conhecimento da presença de Juriti em Pedra Dágua, Deluz resolveu ir aprisionar o pássaro humano.

Juriti lhe disse que era um homem já liberado pela justiça e não podia ser preso, uma vez que o capitão Aníbal havia lhe dado documento de soltura. Mas o delegado Deluz não quis saber disso. Prendeu-o e juntamente com os seus capangas, levaram o assecla com destino a Canindé, nas terras do Estado de Sergipe, arrastando o pássaro humano que logo iria morrer. Juriti sabia que não havia milagre, e não se cansava de chamá-lo de: "Covarde".

Ao chegarem a uma fazenda denominada Cuiabá, Deluz deixou a estrada e entrou na caatinga. Em uma capoeira, chamada Roça da Velhinha, fizeram uma fogueira.

Fogo pronto, os perversos jogaram o ex-bandido dentro do língua de fogo. As chamas famintas principiaram pelas vestes. Juriti sentindo as labaredas assando o seu corpo gritava de dor e ódio:

"Covardee!... Covarde!... Covard...! Cov...!" A sua voz foi sumindo como um eco bem distante, e em pouco tempo, o fogo assou Juriti consumindo as suas carnes vivas.

Mas as maldades do De Luz contra o Juriti ele pagou caro conforme Alcino Alves Costa, De Luz foi executado em uma tocaia encomendada por seu sogro, em 1952.

Fonte da minha pesquisa: Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico.

 http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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