Por: Manoel Severo
Angico. A famosa grota do Angico; esse foi o cenário trágico dos últimos dias do Rei do Cangaço, Virgolino Ferreira da Silva. A presente obra “Lampião – Sua Morte Passada a Limpo” nos traz exatamente os momentos finais da vida desse que foi sem dúvidas o maior cangaceiro que já pisou o solo sertanejo de nosso abençoado nordeste.
Lampião e Maria Bonita
Sabino Bassetti e Carlos Megale, com uma lucidez própria dos magníficos rastejadores do torrão bravo de nossas caatingas, dedicaram intermináveis meses, dias e horas de suas vidas debruçados sobre os momentos finais dessa sinfonia que o tempo teima em tentar harmonizar . Entre os acordes surdos dos acauãs , coaxar finos e grossos dos batráquios entre as rochas e o sussurrar manso do vento batendo nas folhas da vegetação daquela madrugadinha fria de inverno de julho de 1938; tendo como testemunhas mudas do grande desfecho; os arbustos com galhos retorcidos e com raízes profundas, bromélias e os mandacarus, angico e juazeiros; daquele que seria até os dias de hoje o mais polêmico e comentado episódio do ciclo cangaceiro de Lampião: o cerco e o ataque das forças volantes comandadas pelo tenente João Bezerra, quando tombariam mortos, um soldado e onze cangaceiros, entre eles , Maria Bonita e Lampião...
Através do livro de Bassetti e Megale nos é permitido aproximar ao máximo dos acontecimentos referentes aos dias finais daquele longínquo julho de 1938 e todas as suas repercussões; Lampião havia marcado encontro com os outros chefes do cangaço, Labareda, Corisco e Zé Sereno, estariam se dirigindo para o Angico para deliberar sobre o que fazer com Zé Rufino que estava “querendo passar de pato a ganso...”? Ou estaria tramando o abandono total ao cangaço? Ou o que mais estaria por traz do referido encontro? O fato é que o esperado encontro dos maiores do cangaço do final daqueles difíceis tempos não aconteceu. Labareda não conseguiu chegar, Corisco não teve tempo de atravessar o caudaloso Velho Chico. Ao lado do bando do “Cégo” apenas Zé Sereno e seus homens.
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O que poderia ter acontecido naqueles últimos momentos? Que diálogos teriam sido travados, o que acontecia na vizinha Piranhas da vizinha Alagoas? E o que se passava nos salões atapetados dos gabinetes dos chefes da polícia e da política daqueles atribulados anos do Estado Novo Getulista? Angico é um tema inesgotável. Nos acostumamos a nos perder em debates intermináveis sobre as circunstâncias e natureza do que cercava aquele tão comentado episódio e hoje temos o privilégio de receber esse grande presente dos escritores Sabino Bassetti e Carlos Megale.
Lampião
Toda a rede de interesse entre os muitos personagens principais e coadjuvantes, mas nem tão coadjuvantes assim; o que disseram, o que deixaram de dizer, o que mostraram, o que omitiram, esconderam; o que morreu com cada um deles. O vasto e enigmático “espólio de guerra” tão buscado pelos perseguidores e causa e razão de outro cem número de contradições. As perigosas ligações entre o Rei Cego e os poderosos de então...
A você leitor, que é mais um aficionado pela temática do cangaço, que se delicia com uma boa leitura, fique a vontade com “Lampião – Sua Morte Passada a Limpo”, certamente terá uma rara oportunidade de compartilhar o que temos de melhor sobre o grande desfecho de Angico; solo sagrado onde tombaram Lampião, Maria Bonita e mais dez personagens dessa saga, que tanto flagelo e tanto sofrimento trouxe ao bom e humilde povo sertanejo e que acabou consolidando o mito de Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião.
O Lançamento do livro se dará no Seminário de Maria Bonita em Paulo Afonso, Bahia, no próximo mês de março de 2011. Fiquem atentos.
O Lançamento do livro se dará no Seminário de Maria Bonita em Paulo Afonso, Bahia, no próximo mês de março de 2011. Fiquem atentos.
Manoel Severo; pesquisador, membro do Conselho Consultivo da SBEC – Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Idealizador, Produtor e Curador do Cariri Cangaço, administrador do site cariricangaco.com
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