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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A Rua do Triunfo e a Praça da Matriz de Santa Luzia, Mossoró-RN.

diocesedemossoro.blogspot.com

Imagens ilustrativas da postagem retratam uma visão parcial dos lados leste e sul desta praça, em 1937, que somente a partir de 1953 ela foi rebatizada de Praça Vigário Antonio Joaquim.  As imagens ressaltam a Rua do Triunfo. Grande parte do seu casario e palacetes ainda se fazia presente naquela data, edificações estas, em sua maioria, pertencentes à elite comerciante e empresarial da cidade. Na imagem , ao centro da praça, vê-se o  jardim público construído na administração do Prefeito Constitucional Padre Luiz da Mota, (1897-1966), cujo período administrativo foi de 1936-1945. De acordo com a historiografia local, este prefeito foi o JK – Juscelino Kubistchek de Mossoró: pavimentou e arborizou ruas, construiu jardins, praças, escolas, hospitais, ou seja, colocou  ordem na caótica cidade, dando-lhe aspectos civilizatórios.

Nos primórdios da fundação da Vila de Mossoró, 1772, a rua em maior destaque na figura 01, denominava-se, por Rua do Cotovelo, posteriormente, a partir de 1869, fala-se em Rua do Triunfo. O jornalista Lauro da Escóssia informa: "A rua do lado direito da Catedral de Santa Luzia, desde seu princípio na Vicente Sabóia até o segundo quarteirão, finalizando no Edifício Rocha – o velho sobrado de Delmiro Rocha, tem o nome de Rua do Triunfo". Atualmente, conforme informações obtidas, os nomes destas ruas desapareceram, existindo apenas a atual denominação da Praça Vigário Antonio Joaquim. O que é realmente muito estranho, pois toda praça é constituída por ruas que a ladeiam, inclusive, as ruas são importantes em função da identificação numérica das edificações.

Figura 01 - Praça da Matriz de Santa Luzia, em 1945 - com as Ruas 30 de Setembro e do Triunfo

A figura 01 mostra, da esquerda para direita, o trecho final da Rua 30 de Setembro, constando apenas duas casas, a Travessa da Imprensa e o início da Rua Cel. Vicente Sabóia, e, em perpendicular em frente a esta, a Rua do Triunfo.  Na tentativa do resgate da identificação dos proprietários destes antigos sobrados e casarões da Rua do Triunfo, no sentido leste-oeste, a primeira edificação, na esquina e à esquerda da figura 06, correspondia ao Bar Elite, de propriedade de Eduardo dos Santos que instalou-se nos antigos quartos reformados de Chico Chagas, onde este tinha a sua padaria.  Em seguida, à direita, vem o velho casarão que pertenceu ao Padre Mota, vizinho a este, estava a casa onde residiu Mário Bigode antigo mestre de uma banda de música local, vizinha a esta casa, estava um imóvel de Manoel Benício de Melo que serviu de presídio político, em 1935. A casa, ao lado, com dois pavimentos, foi residência de Aristóteles Wanderlei, e também, por um certo período, serviu de estação do telégrafo. Posteriormente, Antonio Teodoro, gerente da M.F do Monte, passou a ser o seu novo residente. Este sobrado, segundo Raimundo Nonato da Silva, em 1963, passou a ser a sede da Rádio Rural, fundada pelo Monsenhor Américo Vespúcio Simonetti, (1929-2009). Como a Rádio Rural pertence à Fundação Santa Luzia, atualmente este imóvel continua a existir, cujo proprietário é a  Diocese de Mossoró. Este imóvel foi doado à Diocese por Miguel Faustino do Monte, (1858-1952), que foi um dos homens mais ricos do oeste potiguar. Observa-se que a História do Oeste Potiguar é contada pelo método foitinha, isto é, pelos tempos verbais foi e tinha.

O autor das imagens procurou dar vida à captura, adicionando o elemento humano à paisagem, como se vê a senhora com o vestuário característico dos anos trinta do Século XX; na ponta final da praça, na parte esquerda e inferior da foto, vê-se uma criança.

Figura 02 - Praça da Matriz de Santa Luzia, com a Rua do triunfo, ao fundo. 1937.

 Na figura 02, a Rua do Triunfo continua nesta imagem, em sequência, o conjunto das três casas geminadas e no mesmo estilo arquitetônico, formava o chalé, em estilo francês, construído por Delfino Freire, (1861-1926), que foi um rico comerciante da praça mossoroense, do final do Século XIX ao início do XX. Delfino Freire é patrono de uma rua situada no distrito 605. O chalé não mais existe, em seu lugar, na década de 1960, foi construído um moderno hotel, o Esperança Palace Hotel, e, atualmente, funciona a Câmara Municipal da Cidade. 

Na figura 03, as casas seguintes á direita do chalé, na esquina confluente com a Rua Idalino de Oliveira, a primeira foi a Recebedoria de Rendas Estadual, construída no governo de Juvenal Lamartine, (1874-1956).  Antes da reforma, era uma grande casa pertencente a Chico Oliveira, antigo comerciante pertencente à firma Oliveira & Irmãos. Esta edificação, também, não mais existe. Mossoró é como Saturno, destrói o seu próprio patrimônio histórico.

Figura 03 - Praça da Matriz de Santa Luzia, com a Rua do triunfo, ao fundo. 1937.

A casa seguinte à Recebedoria era o sobrado de Manuel Benício de Melo. No térreo, era o seu escritório comercial e no pavimento superior, a sua residência. Segundo Raimundo Soares de Brito, neste velho sobrado de número 99,  por muitos anos, também, funcionou a estação do telégrafo de Mossoró, inclusive quando do ataque de Lampião à cidade, em 13 de junho de 1927, foi transformado em trincheira de defesa. E, o casarão seguinte, vizinho a este sobrado, foi a residência da família da Viúva Reis.

Esta reconstituição, tem as suas falhas, mas somente foi possível fazê-la, por meio de obras garimpadas em sebos literários, fora do RN, pois, em Mossoró, não se obtem nada, nem resposta às correspondências enviadas a órgão competentes, solicitando informações. Portanto, jamais destrua um livro, caso ele não mais caiba em sua casa, repasse-o a algum sebo.  

Recentemente, empreendeu-se contato com a Fundação José Augusto, em Natal, RN, em busca de uma obra, publicada pela mesma, em 10/10/2007,  intitulada Padre Mota, de autoria de Tomislav R. Femenick (o autor é familiar do biografado), mas, para surpresa, conforme o retorno da consulta, nenhum funcionário daquela Fundação sequer ouviu falar da obra ou do autor. Ninguém sabe, ninguém viu, ninguém ouviu. Extremamente  lastimável a situação cultural deste país!

Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos.
Fontes consultadas: Brito, Raimundo Soares de Brito, edições 2003 e 1985; Cascudo, Luís da Câmara, edição 2001; Escóssia, Lauro da., edição 2010; Rosado, Jerônimo Vingt-un, edição 2006; Silva, Raimundo Nonato da, edições 1973 e 1974. Origem das imagens: Azougue.org. Arquivo anteriormente publicado em 13/12/2099, no site Blog Telescope Uol
Postado há 6th February por Télescope
Fonte: 
http://blogdetelescope.blogspot.com.br/2013/02/praca-da-matriz-de-santa-luzia-1937-i.html

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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