Por Paulo César Gomes
Virgulino Ferreira da Silva - Lampião
Lampião foi absolvido! Essa frase que é recheada de elementos que
perturbam a cabeça de curiosos e estimula o trabalho de pesquisa de estudiosos
do cangaço no Brasil e no mundo, foi dita em alto em bom tom no dia 13 de
abril de 2002, no Sítio Passagem das Pedras, a 46 Km da cidade de Serra Talhada
– PE, ao lado da casa onde Lampião nasceu. Nesta data ocorreu o julgamento
(simulado) do Rei do Cangaço, um evento que foi organizado pela Fundação
Cultural Cabras de Lampião, presidida pelo escritor pesquisador Anildomá
Willans de Souza (Domar).
Anildomá Willans de Souza e Manoel Severo
O julgamento foi conduzido pelo juiz Assis Timóteo Rodrigues, que na
época atuava pela Comarca de São José de Belmonte; a defesa de Lampião foi
feita pelo advogado Franklin Machado e a acusação pelo
historiador e ex-prefeito Luiz Lorena (representando o Ministério
Público). O conselho de sentença – que foi formado após sorteio – era composto
de intelectuais, historiadores e advogados de vários estados do Nordeste.
Virgolino Ferreira da Silva foi representado pelo saudoso ator, poeta e
coreografo Gilvan Santos.
Antônio Amaury
foi assistente da defesa.
O evento atraiu pessoas de diversas regiões do Brasil, somando cerca de 400 pessoas, inclusive estudantes de História e Turismo das universidades do Rio Grande do Norte e Pernambuco. Durante duas horas e meia, essa plateia acompanhou atentamente sob o sol da caatinga os ataques e defesas em torno da figura lendária e controversa de Lampião, o maior dos cangaceiros.
“Absolvê-lo é condenar a história da minha Serra Talhada”, apelou exaustivamente, o promotor Luiz Lorena. Já a defesa recorreu a elementos históricos, como a impunidade dos coronéis, os esbulhos de terra, a perseguição aos pobres, para apontar Lampião “como um fruto do meio”. Em determinados momentos, dava-se a impressão que Lampião estava em carne e osso no sítio, tal era o envolvimento da plateia, dos advogados e do juiz Assis Timóteo.
Após ouvirem as alegações da acusação e da defesa, cada jurado declarou o seu voto e, coube ao ex- presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) – seção Serra Talhada –, Jânio Carvalho, o voto que absolveu Lampião pelo placar de 4×3. Emocionada, a neta de Lampião,
Guilherme Machado e Vera Ferreira - neta de Lampião
Vera Ferreira, abraçou calorosamente o
ator que representou o seu avô. Após a leitura da sentença, o escritor Hilário
Lucettti (Crato – CE), que fez parte do júri e pediu a condenação de
Lampião, expressou o seu desejo de recorrer da sentença.
Mas o juiz Assis Timóteo esclareceu que por se tratar de um júri popular simulado, não cabiam recursos e nem apelações uma vez que essas regras não foram estabelecidas. Na verdade, Lampião já fora inocentado em outubro de 1997 pela prescrição do último processo que tramitava contra ele. O juiz Clóvis Silva Mendes, que na época ocupava a comarca de Serra Talhada e de Flores, inocentou Lampião de uma ação datada de 1928. Nesse processo o cangaceiro era acusado de matar três homens em 1925.
Mas o juiz Assis Timóteo esclareceu que por se tratar de um júri popular simulado, não cabiam recursos e nem apelações uma vez que essas regras não foram estabelecidas. Na verdade, Lampião já fora inocentado em outubro de 1997 pela prescrição do último processo que tramitava contra ele. O juiz Clóvis Silva Mendes, que na época ocupava a comarca de Serra Talhada e de Flores, inocentou Lampião de uma ação datada de 1928. Nesse processo o cangaceiro era acusado de matar três homens em 1925.
Adendo: Reveja um vídeo de Aderbal Nogueira com compacto
deste evento.
Independente de todas as controversas, ou não, que rodeiam o universo no qual
foi edificada a figura de Lampião, uma coisa é certa, a história do cangaço e
do povo nordestino é encantadora, marcada por passagem de lutas e de pioneiros.
Uma expressão verdadeira da identidade cultural e social do povo brasileiro.
Lampião foi bandido sim! Praticou e o foi vítima de atrocidade, e isso ninguém será capaz de mudar, mas não podemos negar que a sua história é repleta de simbolismo e cultura, fatores que são não podem serem desprezados pela nossa população. Eventos como o que narrei aqui, ajudam a promover o nome de Serra Talhada no cenário regional, nacional e mundial, o que passar a ser uma forma legitima de recuperar todo o prejuízo econômico provocado pelo cangaço.
Lampião foi bandido sim! Praticou e o foi vítima de atrocidade, e isso ninguém será capaz de mudar, mas não podemos negar que a sua história é repleta de simbolismo e cultura, fatores que são não podem serem desprezados pela nossa população. Eventos como o que narrei aqui, ajudam a promover o nome de Serra Talhada no cenário regional, nacional e mundial, o que passar a ser uma forma legitima de recuperar todo o prejuízo econômico provocado pelo cangaço.
Pesquei
no Farol
de Noticias
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