Publicado em 09/02/2014 por Rostand Medeiros
Conheça a
história da atiradora de elite Lyudmila Pavlichenko. Até o final da
Segunda Guerra Mundial esta ucraniana tornou-se a atiradora mais bem sucedida
da história, com 309 soldados inimigos mortos.
Lyudmila
Mykhailvna Pavlichenko
Autor –
Rostand Medeiros
É interessante
como a extinta União Soviética, um país comunista, não pareceu ter muitos
problemas em matéria de igualdade de gênero durante a sua história, em
comparação com os países europeus e os Estados Unidos, que promoviam a
liberdade e igualdade para todos. Não podemos esquecer que foram os soviéticos
que enviaram a primeira astronauta ao espaço exterior no início da década de
1960 (Valentina Tereshkova) e um par de décadas antes, promoveu as suas
mulheres para combaterem os invasores nazistas. Aqui temos a história da maior
matadora destes inimigos de seu país e, talvez, a mulher que comprovadamente
matou mais homens em toda história.
No seu
trabalho
Pelas fotos
que aqui trago eu não posso dizer que a mulher da foto acima, com belos olhos
castanhos, um uniforme de corte extremamente masculino e muito condecorada, é
alguma grande referência em termos de beleza feminina. Inclusive nas fotos que
temos neste artigo podemos ver que esta militar parecia estar até acima do
peso. Ou seria o corte do seu uniforme que a deixava cheinha?
Mas esta
mulher de olhos extremamente luminosos, aparência simples, tranquila e serena,
matou mais de três centenas de homens dos exércitos que um dia vieram do oeste
e ousaram invadir a sua terra.
Seu nome era
Lyudmila Mykhailvna Pavlichenko, nasceu na cidade ucraniana de Balaya Tserkov,
em 1916, filha de um operário e de uma professora. Na adolescência se mudou
para a cidade de Kiev, a capital ucraniana, na época um estado satélite da
União das Republicas Socialistas Soviéticas, a URSS. Desta época ela
descreveu-se como uma menina “indisciplinada na sala de aula”, mas
atleticamente competitiva, e que não se permitiria ser superada por meninos “em
nada”.
Neste período
a garota participava de um clube de tiro e se deu bem nesta atividade. Mesmo
depois de aceitar um emprego em uma fábrica de armas, ela continuou a praticar
a sua pontaria. Em 193,7 a jovem Lyudmila se matriculou na Universidade de
Kiev, onde estudava história com a intenção de tornar-se uma professora.
Os exércitos
de Hitler, a Wehrmacht, arrasando a Europa
Mas em junho
de 1941, os alemães lançaram contra a União Soviética a Operação
Barbarossa e a garota imediatamente alistou-se na 25ª Divisão de Rifles,
começando sua carreira militar como uma simples recruta. No alistamento ela
teve que forçar a barra para ser designada como uma franco atiradora, ou
“sniper”, pois o pessoal do alistamento, provavelmente levado pela sua
aparência, queria que ela fosse enfermeira.
Lyudmila em
ação.
No seu
primeiro dia no campo de batalha ela estava em uma posição próxima ao inimigo e
ficou paralisada de medo. Incapaz de levantar a sua arma, um rifle M1891/30
Mosin Nagant, de 7,62 mm. Um jovem soldado russo ficou ao seu lado na
sua posição de tiro. Mas antes que eles tivessem a chance de estabelecer
seus alvos, um tiro ecoou e uma bala alemã tirou a vida de seu
camarada. Lyudmila ficou chocada. ”Ele era um bom menino e tão
feliz”, ela lembrou. ”Ele foi morto repentinamente ao meu lado. Depois
disso, nada poderia me impedir”. Em pouco tempo ela registrou suas primeiras
vitórias; com precisão matou dois batedores alemães que tentavam reconhecer uma
área perto da localidade rural de Belyayevka.
Rifle M1891/30
Mosin Nagant, de 7,62 mm, similar ao utilizado pela atiradora de elite
A jovem
soldado lutou tanto na região de Odessa e na Moldávia, onde acumulou a maioria
de suas mortes. Extremamente seletiva, como toda mulher deve ser, Lyudmila
tinha uma enorme preferência por homens que utilizavam no peito e nos ombros
muitas fitas, condecorações e outros penduricalhos que os oficiais militares se
ornamentam para mostrar a sua bravura em combate. Consta que mais de 100
oficiais nazistas pagaram com a vida por andar com estes prêmios diante da mira
telescópica do rifle de Lyudmila.
Ela se tornou
um dos mais de 2.000 atiradores de elite do sexo feminino no Exército Vermelho,
dos quais apenas cerca de 500 sobreviveram à guerra. Creio que não vale nem a
pena descrever o que os nazistas faziam com as atiradoras que eles capturavam
vivas!
Um atirador de
elite alemão. Igual a este Lyudmila matou 36.
Como a
contagem de homens mortos pela ucraniana só crescia, ela recebeu mais e mais
missões perigosas, incluindo a mais arriscada de todas – o duelo à distância
com franco-atiradores inimigos. Lyudmila Pavlichenko nunca perdeu um único
embate contra seus opositores, matando 36 atiradores em caçadas que poderia
durar todo um dia e uma noite. Em um caso o duelo durou três dias.
Sobre este
caso em particular ela comentou que “Essa foi uma das experiências mais tensas
da minha vida”. É interessante ver como esta jovem teve resistência e
força de vontade que a levou a ficar 15 ou 20 horas deitada, mantendo a calma,
silêncio e o sangue frio necessário para apertar o gatilho no momento
certo. ”Finalmente”, disse ela sobre seu perseguidor nazista, “ele fez um
movimento e atirei”. Um a menos!
Quando os
alemães ganharam o controle de Odessa, sua unidade foi enviada para a região da
cidade de Sevastopol, ou Sebastopol, ao sul da península da Criméia, onde
Lyudmila passou oito meses de intensos combates.
Em maio de
1942 ela já tinha alcançado o posto de tenente, quando foi citada pelo Conselho
do Exército do Sul por ter matado 257 soldados alemães, incluindo 187 em seus
primeiros 75 dias neste estranho trabalho para uma mulher.
Seu total de
mortes confirmadas durante a Segunda Guerra Mundial foi de 309. Também deve ser
notado que o número real de inimigos abatidos por Lyudmila foi, provavelmente,
muito mais do que os 309 confirmados por testemunhas. Historiadores acreditam
que esta mulher pode ter matado mais de 500 inimigos.
Lyudmila foi
ferida em quatro ocasiões distintas. A mais grave ocorreu em junho de 1942,
quando sua posição de tiro foi bombardeada por fogo de morteiros e ela recebeu
estilhaços no rosto.
Lyudmila com a
Primeira Dama dos Estados Unidos, a Sra. Eleanor Roosevelt
Apenas dois
meses depois de deixar Sevastopol, a jovem oficial estava nos Estados Unidos,
em um trabalho puramente propagandístico. Ela se tornou o primeiro cidadão
soviético a ser recebido pelo Presidente Roosevelt na Casa Branca e manteve uma
ótima relação com Eleanor Roosevelt, a Primeira Dama.
Para a
imprensa americana Lyudmila relatou que suas botas negras tinham “Conhecido a
sujeira e o sangue de batalha”. Ela deu entrevistas com descrições contundentes
de seu dia como uma franco atiradora. A ucraniana relatava sua odisseia com
extrema sinceridade, olhando os repórteres nos olhos, falando com delicadeza,
mas de maneira firme e muito orgulhosa em relação aos seus feitos. Matar
nazistas, disse ela, não lhe despertou emoções complicadas. Na época afirmou “A
única sensação que tenho é a grande satisfação que um caçador sente ao matar um
animal de rapina”.
A atiradora
fez tanto sucesso na terra de Tio Sam que até mesmo virou “hit” de canção
popular. Isso ocorreu quando o músico americano Woody Guthrie gravou uma canção
Intitulada “Senhorita Pavlichenko”, em homenagem a durona atiradora de olhos
suaves. Neste país Lyudmila ainda foi agraciada com uma pistola Colt calibre
45, com gravações exclusivas de sua visita, e um rifle Winchester 70. O último
dos quais pode ser visto em Moscou, no Museu Central das Forças Armadas.
Tendo
alcançado o posto de major, Lyudmila nunca mais voltou a combater, mas
tornou-se instrutora de franco atiradores soviéticos até o fim da
guerra. Em 1943, ela foi premiada com a Estrela de Ouro de Herói da União
Soviética.
Lyudmila
Mykhailvna Pavlichenko foi destaque em dois selos postais comemorativos na
União Soviética depois da guerra (um deles trago ao lado). Ela terminou um
mestrado em história na Universidade de Kiev, foi ativa no comitê soviético de
veteranos de guerra e, entre outras coisas, trabalhou como assistente de
pesquisa na sede da marinha soviética.
Morreu em 10
de outubro de 1974, aos 58 anos de idade.
Apesar do
número elevado de mortos, não podemos esquecer que esta mulher era apenas uma
militar em combate, nunca foi uma “serial killer”. Ela cumpria seu dever de
defender seu país, que havia sido invadido e, como em todas as guerras, se
espera que os militares matem o maior número de invasores inimigos.
Ou alguém acha
que por ser mulher ela não poderia cumprir a sua missão?
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comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros
http://tokdehistoria.wordpress.com/
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http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Parabéns caro Mendes e Professor Medeiros: Ótima matéria; preciso ler com toda atenção.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio José de Oliveira
Caros Professores MEDEIROS e MENDES, agora que terminei de ler cuidadosamente o referido texto, posso dizer-lhes: MULHER DE EXTREMA CORAGEM! Parece até que já viveu em nosso Sertão Nordestino, onde quase sempre contamos com a existência de pessoas destemidas.
ResponderExcluirAbraços,
Antonio Oliveira