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quinta-feira, 12 de junho de 2014

COMO PEGARIA LAMPIÃO, O SR. CHEVALIER


A matéria que trago abaixo suscita algo que pergunto aos amigos:

Existe, pelo menos em tese, a possibilidade de Lampião ter sido traído, delatado, não por coiteiro, mas por algum dos seus cangaceiros, ou seja, teria a notícia da sua presença na Fazenda Angicos, ter chegado ao conhecimento das tropas alagoanas, primeiramente pelo conduto de um dos seus cangaceiros?

“A tribuna”, de 22/12/1931

Como pegaria Lampião, o sr. Chevalier

RIO, 21 – O capitão Carlos Chevalier em entrevista no “Diário da Noite” expôs o plano que executaria se tivesse aceitado o comando da perseguição a Lampião. Disse o referido oficial:

“O que se está fazendo, neste momento, no nordeste da Bahia é a execução, apenas, de uma parcela da segunda parte do meu plano, isto é, atacá-lo quando for encontrado sem convergência de esforços”.

Acha que o telégrafo sem fio resolveria o problema da dispersão de forças.

Declarou que, por intermédio de alguns fazendeiros do Nordeste, fizera entrar no grupo de Lampião dois cabras, reconhecidamente malfeitores, encarregados de revelar o paradeiro do bandido.


Continua o capitão Chevalier:

“Após ter recebido notícia de que os cabras haviam conseguido incluir-se nas hostes do bandido, procurei o titular da Justiça e disse que estava em condições de apanhar Lampião, sem nada ter dito sobre os planos. A esse tempo, já os espiões de ligação e os fazendeiros mandavam todos os informes, inclusive mapas e bilhetes enviados para o Rio.

As informações chegavam-me às mãos completíssimas e deixavam em qualquer espírito, por mais pessimista que fosse, a certeza da vitória.

Caso encontre em meu arquivo alguns, enviá-los-ei para a devida publicação. Tudo parecia ter solução favorável, quando pude notar que as altas autoridades preferiam entregar o comando a um filho do norte.

Daí, o meu afastamento radical, para não ser taxado de intrometido.

Esclareço que, indo ao Nordeste, teria indicações certas a respeito do bando. As notícias facilitavam 80% dos esforços e ia em tão bem andamento o processo empregado que um dos fazendeiros interessados, vendo que lá eu não chegava, abalou-se a vir ao Rio, com a intenção de pedir ao ministro da Justiça minha ida imediata.

Havendo dito ao fazendeiro que não seguia por não dispor o governo de recursos monetários necessários e não desejar passar calote ao paupérrimo povo do Nordeste, prontificou-se a entrar com a quantia de 100:000$000 isolados, que nada adiantaria.

Quanto ao pretendido encontro com o Ministro, impediram-me, alegando os grandes afazeres do titular, em torno das interventorias nos Estados.

Concluiu o capitão Chevalier com estas palavras:
(...)”



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