Texto Rodrigo Cavalcante, De Maceió - 08/01/2014
Em meio à
violência e fugas da polícia, o romance entre Lampião e Maria Bonita marcou o
fim do banditismo no sertão
Na edição de
13 de fevereiro de 1926, o recifense Jornal Pequeno publicou a notícia da
emboscada armada pelo tenente Optato Gueiros dando fim ao cangaceiro Lampião
entre os municípios de Custódia e Alagoa de Baixo, em Pernambuco: Lampião
estava morto. À época, Virgulino Ferreira da Silva não era mais um bandoleiro
famoso no rastro de outros como Antônio Silvino e Sinhô Pereira. Era capitão.
Convidado por Padre Cícero no início daquele ano para combater a Coluna
Prestes, de passagem no Ceará, ele recebera a patente militar de um funcionário
público de Juazeiro - que, mais tarde, diria que diante dele e de seus cabras
assinaria até a demissão do então presidente Arthur Bernardes. Sua folha de
crimes era tão popular que o nome Lampião passou a ser usado até em propaganda
de pílulas para aliviar prisão de ventre.
O alívio em torno da notícia de sua morte, contudo, durou pouco. Para a decepção dos leitores que confiaram na estatura da notícia do Jornal Pequeno, tratava-se de mais um anúncio falso de sua morte. Lampião não apenas reaparecera como propôs meses depois ao governador de Pernambuco a divisão do estado em dois, para que ele pudesse ser nomeado governador do Sertão. Até a sua morte (definitiva) por tropas alagoanas, em 1938, na Grota de Angico, em Sergipe, ele viveria longos 12 anos. Tempo suficiente para se apaixonar, viver e morrer ao lado da baiana Maria Gomes de Freire, a primeira mulher na história do cangaço. Quando retratos da mais tarde chamada Maria Bonita circularam pelos jornais de todo o país, o Brasil surpreendeu-se com suas velhas ideias do sertão. Numa época em que as teorias raciais eram levadas a sério e a "civilização litorânea" vivia sob ameaça das constantes revoltas das "sub-raças sertanejas", tal como descritas pelo engenheiro Euclides da Cunha em Os Sertões, a presença feminina de uma sertaneja altiva e vaidosa vivendo em harmonia com o cangaceiro mais famoso do país chocou o Brasil. Em meio à violência, crueza e aridez do cangaço, haveria espaço para algum sinal de beleza ou de uma real história do amor?
No sertão, as fronteiras do Nordeste são outras, aproximando os estados que parecem mais distantes de quem só conhece o litoral. A cidade baiana de Paulo Afonso, por exemplo, onde Maria Bonita nasceu, está mais próxima de cidades vizinhas de Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Paraíba do que de Salvador, a mais de 460 km de distância. Daí que, quando o cerco em alguns dos sete estados por onde o bando de Lampião andava se fechava, ele se movia por essas fronteiras com suporte de uma rede bem montada (e remunerada) de informantes, fazendeiros e pequenos proprietários dispostos a lhe dar refúgio - os chamados coiteiros. Foi de passagem pela propriedade dos coiteiros Zé Filipe e Dona Deia, no povoado de Malhada da Caiçara, em Paulo Afonso, que Lampião se engraçou no final de 1929 por Maria "da Deia", filha do casal de 18 anos que estava de volta à casa dos pais após mais uma briga com o marido, o sapateiro Zé Nenê. A aproximação de Lampião foi forjada por meio de uma "encomenda": segundo os parentes de Maria Bonita, Lampião solicitou que ela e suas irmãs bordassem as iniciais "CV" (Capitão Virgulino) em quinze lenços de seda, com a promessa de que em menos de um mês voltaria para buscá-los. "Minha família conta que ele demorou bem mais do que o prometido, mas, quando voltou, teve início o namoro com minha avó", diz Vera Ferreira, historiadora e neta de Lampião e Maria Bonita que vive hoje na cidade de Aracaju, em Sergipe, coautora do livro Bonita Maria do Capitão, uma coletânea de relatos e imagens da avó. Ela conta que somente após seus bisavós decidirem mudar para Alagoas após serem perseguidos por dar guarida a Lampião, que Maria Bonita tomou a decisão de ingressar no cangaço.
A decisão não tinha precedentes. Na secular história do cangaço, a regra era clara: a presença de mulher destruiria o bando, seja por razões práticas seja por outras de fundo místico. Entre as de ordem prática, estavam o atraso que elas causariam nos momentos de fuga e a facilidade com que entregariam os companheiros caso fossem pegas pelos macacos (como eram pejorativamente chamados os volantes policiais).
Além disso, a presença de mulheres em meio a cabras armados era uma ameaça constante de conflitos em casos de ciúme e traição. Quanto ao motivo místico em torno da presença da mulher, estava a crença de que elas abriam "o corpo fechado" do cangaceiro. "Homem de batalha não pode andar com mulher. Se ele tem uma relação, perde a oração, e seu corpo fica como uma melancia, qualquer bala atravessa", já dizia o cangaceiro Balão em depoimento transcrito no livro Guerreiros do Sol, do historiador Frederico Pernambucano de Mello.
Sinhô Pereira, cangaceiro lendário que havia chefiado Lampião, se disse surpreso com a novidade: "Fiquei muito admirado quando soube que Lampião havia consentido que as mulheres ingressassem no cangaço. Eu nunca permiti. Nem permitiria". Ou seja: mais do que a decisão de Maria Bonita, foi a permissão de Lampião do ingresso da baiana no grupo que mudou o cotidiano do cangaço. "Com a entrada de Maria para o bando, os outros cabras puderam juntar suas mulheres ao grupo", diz a historiadora Isabel Lustosa, autora de De Olho em Lampião.
Violência menor
Algumas garotas juntaram-se aos cangaceiros por vontade própria. Outras, como Dadá, companheira de Corisco, foram raptadas e terminaram se adaptando. Desde então, estima-se que mais de 40 mulheres tenham ingressado naquela vida. Mas o que de fato mudou no cangaço e no comportamento do próprio Lampião com a presença das mulheres?
De acordo com o relato dos cangaceiros e historiadores, a presença de Maria Bonita e de outras mulheres deu início a uma fase menos violenta do bando de Lampião, cujas ações passaram a ser mais seletivas e centradas na coleta de dinheiro (os resgates como garantia de que não tomariam de assalto uma cidade ou propriedade). Além de ações mais estratégicas, semelhantes às de organizações mafiosas, há relatos de que Maria Bonita intercedeu mais de uma vez pela vida de pessoas capturadas pelo bando. "Lampião costumava atender seus pedidos de clemência e, de resto, tanto pela idade dos cangaceiros quanto pelo ambiente doméstico que as mulheres trouxeram para os acampamentos, houve uma redução da violência de suas ações", diz Isabel Lustosa. "A presença de Maria Bonita e outras mulheres inibiu os casos de estupros", diz João de Sousa Lima, pesquisador da vida de Maria Bonita. "Até porque os relatos daqueles que conviveram com o bando são unânimes quanto ao respeito que a presença dela inspirava no grupo."
Como mulher do rei do cangaço, o respeito incluía o direito a uma espécie de guarda e secretário particular, conhecido por Sabonete. "Polia-lhe as joias, ocupava-se dos seus recados, de suas finanças, farmácia, armas e tudo mais da esfera pessoal, desfrutando nessa curiosa função de mordomo das caatingas do agrado de sua rainha e do capitão, seu rei", diz Pernambucano de Mello.
Mimos excessivos
Talvez, por isso, a cangaceira Dadá, parceira de Corisco, tenha descrito Maria Bonita como alguém de mimos excessivos para quem vivia no sertão. O cangaceiro José Alves de Barros, vulgo Vinte e Cinco, que conviveu com o casal, daria outro testemunho sobre ela: "Parecia uma menina grande. Ela era brincalhona, uma moleca e conquistava todo o mundo".
A presença das mulheres exigiu a criação de novas regras para definir o papel delas no bando. Mesmo não participando diretamente nos combates, tinham que aprender a atirar para se defender. "Em geral, elas portavam revólveres de calibre 28 e 32 e pequenos punhais para proteção", diz Germana Gonçalves de Araújo, coautora do livro Bonita Maria do Capitão. Além disso, nenhuma mulher podia entrar no bando sem já estar atrelada a um cangaceiro. Casos de traição costumavam ser punidos com execução, e há relatos até de viúvas que, não conseguindo mais se unir a outro cangaceiro, foram executadas para não se tornarem um fardo para o grupo ou presas fáceis da polícia. As crianças que nascessem no cangaço tampouco poderiam permanecer no bando, tendo que ser entregues para outras famílias.
Foi o caso de Expedita Ferreira, a filha de Lampião e Maria Bonita, que nasceu em 13 de Setembro de 1932 debaixo de um pé de umbu numa fazenda em Porto da Folha, Sergipe, estado em que ainda reside prestes a completar 81 anos de idade. Entregue ao casal de vaqueiros Aurora e Severo Mamede, com quem foi criada até os 8 anos como uma das 11 filhas do casal, Expedita recebia sempre que possível a visita dos pais famosos. "Os encontros com minha mãe se davam na fazenda, e ao menos em uma ocasião no meio da caatinga", diz Vera Ferreira, neta dos cangaceiros. "Num desses encontros, minha mãe conta que foi a fisionomia do pai que mais lhe marcara." Ainda que não se metessem diretamente nas ações, as mulheres não estavam imunes aos combates. Três anos após o nascimento de Expedita, Maria Bonita foi baleada pelas costas após um ataque comandado por Lampião na Vila Serrinha do Catimbau, próxima da cidade de Garanhuns, em Pernambuco. Alvo fácil da artilharia por estar usando vestido branco, ela teve que ser levada às pressas para um local de difícil acesso na caatinga para ser tratada pelo grupo.
No mesmo ano, o estouro de revoltas militares no Rio de Janeiro e em Natal fez com que o governo de Getúlio Vargas endurecesse a repressão não apenas contra comunistas e integralistas, como a qualquer grupo que desafiasse a autoridade do regime. Quando o turco Benjamim Abraão conseguiu filmar Lampião, Maria Bonita e o cotidiano do bando, em 1936 (veja na página ao lado), o governo Vargas mandou imediatamente apreender o filme e encarou as imagens como uma afronta.
Além disso, após uma série de acordos entre os governadores do Nordeste, as polícias estaduais ganharam passe livre para cruzar fronteiras, e armamentos pesados começaram a ser enviados para o combate aos cangaceiros, incluindo modernas metralhadoras jamais vistas por aqueles lados. Talvez por consciência disso, dali em diante o ritmo de ações do bando diminuiria. O próprio ímpeto de Lampião, beirando os 40 anos de idade, parecia arrefecido. "Na fase final de suas tropelias, entre os anos de 1936 e 1938, Lampião mostrava-se bem mudado", afirma Frederico Pernambucano de Mello em seu livro Guerreiros do Sol. De acordo com o historiador, ele trocou as constantes movimentações pelo sertão por uma vida mais sedentária e confortável em refúgios em Sergipe, "onde sua agressividade diluía-se nos braços de Maria Bonita, a quem amou profundamente, dedicando-lhe sempre calorosas palavras de elogio".
"O cego morreu"
Relatos dos cangaceiros confirmam que o casal tinha o que se pode chamar de uma convivência harmoniosa. "Nunca ouvi reclamarem. Eles se acostumavam. Nem faziam futuro, nem pensavam em morrer, porque eles sabiam que a qualquer momento podia acontecer, daí o que viesse estava bom", disse em 2009, em depoimento, o cangaceiro Vinte e Cinco. De acordo com ele, esse clima quase romântico, de foras da lei enfrentando seu destino sem muita preocupação, se estendia ao resto do grupo. "Chegasse o momento em que podíamos dançar, nós dançávamos; na hora de correr, nós corríamos; na hora de brigar, brigávamos; e a gente queria terminar aquele negócio logo, era matar ou morrer."
A morte viria de barco pelo Rio São Francisco no raiar do dia 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, em Sergipe, no trecho do rio que faz divisa com o Estado de Alagoas. Foi da vizinha cidade alagoana de Piranhas, na outra margem, que partiria na véspera o tenente João Bezerra da Silva, acompanhado de 45 homens e três metralhadoras, com a determinação de exterminar o bando mais famoso do país.
Após prenderem o coiteiro Pedro Cândido, que apontou o lugar do esconderijo de Lampião, as forças policiais atravessaram o rio em direção ao acampamento, cercado de vegetação espinhenta - o local hoje faz parte da trilha do cangaço, um dos passeios oferecidos aos turistas que partem do litoral de Alagoas ou Sergipe em direção aos belos cânions do Rio São Francisco. Por ser um refúgio com uma única saída, o esconderijo era visto com maus olhos por quase todos os outros cangaceiros. Corisco, por exemplo, já tinha alertado Lampião de que considerava o local uma "cova de defunto". O líder do bando, no entanto, ignorou todos os conselhos e resolveu pernoitar ali.
Antes do nascer do sol, os volantes se dividiram em quatro grupos para cercar o acampamento. Assim que o dia começou a clarear e os primeiros cangaceiros saíram de suas tendas, o fogo abriu. Apesar dos 20 minutos de tiros e rajadas de metralhadoras, somente onze cangaceiros morreram. Outros 40 conseguiram escapar. Quando um dos volantes confirmou que "o cego também morreu", em referência à Lampião (que usava óculos sem grau para disfarçar um ferimento em um olho), e que Maria Bonita havia caído com ele, o tenente Bezerra sabia que entraria para a história. Para encerrar o episódio, faltava apenas um último ritual: decepar as cabeças para provar que, dessa vez, não se tratava de uma notícia falsa como a de 12 anos antes. De acordo com exames de medicina legal realizados pelo Instituto Nina Rodrigues, em Salvador, Maria Bonita estava viva quando teve a cabeça decepada.
Após a exposição macabra percorrer várias cidades do Nordeste, as cabeças embalsamadas foram levadas ao Instituto Nina Rodrigues, onde ficariam até 1962 - quando parentes dos cangaceiros exigiram o sepultamento delas. Com o fim do bando, o cangaço estava com os dias contados. Seu capítulo final deu-se com a morte de Corisco, que tentou suceder Lampião. Ele foi morto em uma emboscada em 1940, quando estava prestes a se entregar após Vargas promulgar lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem.
Um ano após a morte de Lampião, o mundo entraria na Segunda Guerra. Dali em diante, as teorias de inferioridade racial cairiam em desgraça, o Brasil se industrializaria e as histórias de Lampião e Maria Bonita influenciariam a cultura na música, no cinema e na moda - Maria Bonita é hoje nome de grife em desfiles concorridos do país. O que parece não ter mudado mesmo é a situação dos sertanejos em tempo de seca: no início deste ano, a estiagem deixou cerca de mil cidades em estado de emergência.
O homem que capturou Lampião em imagens
Se o governo de Getúlio Vargas já estava desmoralizado por não conseguir prender Lampião e seu bando, ficou ainda mais quando o libanês Benjamim Abrahão conseguiu capturar imagens do cotidiano de Virgulino, Maria Bonita e seu grupo entre março e Outubro de 1936.
Benjamim trabalhou como mascate no Nordeste após chegar ao Brasil fugindo da Primeira Guerra, em 1915. Mais tarde, foi descoberto pelo Padre Cícero em Juazeiro e se tornou seu secretário particular. Ao lado do padre, conheceu Lampião em 1926, ocasião em que o cangaceiro foi convidado a comandar o combate à Coluna Prestes, que estava no Ceará.
Após a morte do beato, Benjamim deu início ao projeto de filmar Lampião, com apoio do cearense Ademar Bezerra de Albuquerque, dono da empresa de fotografia e material fotográfico Abafilm. Ele não tinha dúvidas de que a fama do cangaceiro encheria salas de cinema em todo o país. Mesmo conseguindo a autorização de Lampião para filmá-lo na caatinga, o libanês nunca teve a recompensa merecida. O material da filmagem foi apreendido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas e, em 1938, dois meses antes da morte de Lampião e Maria Bonita, Benjamim foi esfaqueado em Serra Talhada, terra natal do cangaceiro, em circunstâncias não esclarecidas. Trechos do filme foram recuperados e fazem parte do acervo da Cinemateca Brasileira.
Cangaço
fashionista
Lampião e seu bando abusavam de acessórios e bordados coloridos
1. Chapéu
Feito de couro com a aba da frente levantada. Enfeitado com moedas e com medalhas de ouro que continham inscrições como saudade, amor ou recordação
2. Estrelas
O signo de Salomão (estrela de oito pontas) era comum nos chapéus, pois acreditava-se que protegiam contra o mau-olhado.
3. Bandoleira
Faixa de couro firme usada para prender a arma na vertical. Adornada com moedas e ilhoses. Para Lampião, usar a arma nas costas na diagonal seria como "botar nas costas o pau da cruz e chamar a morte".
4. Cantil
Coberto com uma capa de brim, rico em bordados coloridos. Eram feitos de estanho ou alumínio ou até de cabaça. Junto, uma caneca cheia de folhas, para evitar barulho.
5. Bornal ou embornal
Bolsas laterais de tecido resistente usadas para o armazenamento de provisões, desde munição até roupas e alimentos. Era um dos acessórios mais coloridos e o mais pesado.
6. Jabiraca
Para secar o suor, usavam um lenço de seda preso no pescoço por uma sequência de anéis, o cartucho. Servia também como coador.
7. Chapéu
Chapéu de couro era coisa de homem. As mulheres usavam de feltro, de aba média, com testeira e barbela. A única semelhança era o gosto pelos enfeites.
8. Cabelo
Maria Bonita apareceu em fotos com o cabelo à la garçonne, tendência que surgiu no fim da década de 20. Os broches eram parte do visual
9. Luvas
Várias camadas de brim costuradas. A função era proteger a mão de galhos e espinhos deixando os dedos livres. As de Maria Bonita eram feitas de algodão e traziam bordadas no pulso as iniciais M.O.S. (Maria Oliveira da Silva).
10. Cartucheira
Servia para carregar pentes de munição e pistolas de maneira anatômica. Somando todos os acessórios, o cangaceiro podia carregar 40 kg. As mulheres levavam menos carga que os homens.
11. Perneiras
Como as cangaceiras usavam saias até o joelho, era necessário o uso de meias elásticas e perneiras de couro ou de tecido grosso.
12. Bordados
Feitos de linhas com cores fortes, podiam ser flores, ziguezagues ou cruzes e enfeitavam todos os acessórios.
Lampião e seu bando abusavam de acessórios e bordados coloridos
1. Chapéu
Feito de couro com a aba da frente levantada. Enfeitado com moedas e com medalhas de ouro que continham inscrições como saudade, amor ou recordação
2. Estrelas
O signo de Salomão (estrela de oito pontas) era comum nos chapéus, pois acreditava-se que protegiam contra o mau-olhado.
3. Bandoleira
Faixa de couro firme usada para prender a arma na vertical. Adornada com moedas e ilhoses. Para Lampião, usar a arma nas costas na diagonal seria como "botar nas costas o pau da cruz e chamar a morte".
4. Cantil
Coberto com uma capa de brim, rico em bordados coloridos. Eram feitos de estanho ou alumínio ou até de cabaça. Junto, uma caneca cheia de folhas, para evitar barulho.
5. Bornal ou embornal
Bolsas laterais de tecido resistente usadas para o armazenamento de provisões, desde munição até roupas e alimentos. Era um dos acessórios mais coloridos e o mais pesado.
6. Jabiraca
Para secar o suor, usavam um lenço de seda preso no pescoço por uma sequência de anéis, o cartucho. Servia também como coador.
7. Chapéu
Chapéu de couro era coisa de homem. As mulheres usavam de feltro, de aba média, com testeira e barbela. A única semelhança era o gosto pelos enfeites.
8. Cabelo
Maria Bonita apareceu em fotos com o cabelo à la garçonne, tendência que surgiu no fim da década de 20. Os broches eram parte do visual
9. Luvas
Várias camadas de brim costuradas. A função era proteger a mão de galhos e espinhos deixando os dedos livres. As de Maria Bonita eram feitas de algodão e traziam bordadas no pulso as iniciais M.O.S. (Maria Oliveira da Silva).
10. Cartucheira
Servia para carregar pentes de munição e pistolas de maneira anatômica. Somando todos os acessórios, o cangaceiro podia carregar 40 kg. As mulheres levavam menos carga que os homens.
11. Perneiras
Como as cangaceiras usavam saias até o joelho, era necessário o uso de meias elásticas e perneiras de couro ou de tecido grosso.
12. Bordados
Feitos de linhas com cores fortes, podiam ser flores, ziguezagues ou cruzes e enfeitavam todos os acessórios.
Saiba mais
Livros
Bonita Maria do Capitão, Vera Ferreira e Germana Gonçalves de Araújo, Editora da Universidade do Estado da Bahia, 2011
Guerreiros do Sol: Violência e Banditismo no Nordeste Brasileiro, Frederico Pernambucano de Mello, Massangana/Girafa, 2004
De Olho em Lampião: Violência e Esperteza, Isabel Lustosa, Claroenigma
Na internet
http://abr.io/lampiao
Imagens captadas por Benjamim Abraão do bando de Lampião
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