Por Geraldo Maia do Nascimento
Em 14 de
setembro de 1919, há noventa e cinco anos, era fundada em Mossoró a Sociedade
Beneficente União de Artistas, sem fins lucrativos, que teve por objetivo
congregar artistas locais de diferentes áreas profissionais, como: alfaiates,
dentistas, escultores, fotógrafos, marceneiros, músicos, pedreiros, pintores,
sapateiros e muitos outros que habilmente faziam verdadeiros trabalhos
artísticos e que desempenhavam uma função social.
A
União de Artistas foi, na realidade, a primeira associação de classe de
Mossoró. Os membros da Sociedade, mediante o pagamento de uma mensalidade
mínima, tinham direito aos serviços prestados pela instituição como:
assistência odontológica (extração dentária), cursos profissionalizantes de
datilografia, de corte e costura, e outros que viessem a ter importância de
aperfeiçoamento de mão-de-obra para os associados. Não funcionava como
sindicato, já que não previa, em seus estatutos, a defesa dos interesses de
seus membros com melhorias trabalhistas.
A
primeira diretoria, eleita em 21 de setembro de 1919, ficou constituída pelos
artistas Francisco Negócio da Silva, presidente; Francisco Paulino da Silva,
vice-presidente; Cícero A. de Oliveira, 1º secretário; Luís Gonzaga Leite, 2º
secretário; João Dias, tesoureiro; Hermógenes Lucas da Mota, adjunto de
tesoureiro. Diretores: Manuel Joaquim Belém, Luiz Alves Ferreira, Idalino
Pereira da Costa, Sebastião Dias, Antônio Nunes Sobrinho e Manuel Arruda.
Suplentes: João Calixto de Maria, Francisco Ananias, João Paulino de Araújo,
José Sales de Medeiros, João Aires Filho e Francisco José da Silva. Comissão
fiscal: Francisco Camilo de Oliveira Lemos, Virgínio Freire da Silva, João
Damasceno Leite, Pedro Paraguai e Artur Paraguai. De acordo com a alínea D do artigo
12 de seus Estatutos, foi nomeado orador desta primeira gestão que durou até o
dia 14 de setembro de 1929, o associado José Martins de Vasconcelos.
No
início do seu funcionamento a instituição não tinha sede. Os primeiros sócios,
um grupo bastante restrito, reuniam-se nas casas de cada um, em dias
alternados. Os assuntos discutidos nessas oportunidades eram sobre as melhorias
para a sociedade, principalmente na assistência para os seus sócios. Até que a
família Carlaine Magalhães doou um piano a Sociedade. Esse piano foi vendido e
com o dinheiro arrecadado foi comprada a 1ª sede da Sociedade, que ficava no
local onde hoje funciona as Casas Pocinos, na Avenida Rio Branco, esquina com a
Augusto Severo. Alguns documentos datados de 1927 apresenta como endereço da
Associação, esse imóvel da Avenida Rio Branco. Tudo leva a crer que foi por
volta de 1929 que a instituição se mudou para o prédio da Rua 30 de Setembro,
em frente à Praça Vigário Antônio Joaquim Rodrigues, o mesmo que aparece na
ilustração.
Prédio da União de Artista em Mossoró no Rio Grande do Norte
Este
prédio, ao longo das décadas, sediou outras atividades privadas e públicas
como: a fábrica de cigarros Nova Esperança, de propriedade de Wanderley &
Irmãos; a tipografia do jornal O Nordeste, de Martins de Vasconcelos; O
Manuelito, estúdio fotográfico de Manuelito Pereira; Consultório odontológico,
cartórios, o Centro Estudantil Mossoroense, a Prefeitura Municipal, durante as administrações
de Antônio Rodrigues de Carvalho e Raimundo Soares de Souza e por último a
Câmara Municipal de Mossoró.
À
medida que os órgãos públicos passaram a oferecer serviços de assistência
médica e odontológica, cursos profissionalizantes e afins, a Sociedade
Beneficente União de Artistas foi perdendo as suas funções. Podemos dizer que
hoje se encontra desativada, já que oficialmente não foi extinta. O seu
patrimônio, principalmente o prédio da sede, por falta de manutenção, se encontra
em ruina.
Atualmente
há o interesse de uma instituição maçônica de restaurar o prédio para usar como
templo. O esforço é válido e louvável. Só esperamos que um dia o município
possa contar com uma Lei de Tombamento eficiente para que esses patrimônios
históricos possam, finalmente, serem preservados.
Geraldo
Maia do Nascimento
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