Jardelina Nóbrega (Dona Jarda), esposa do cangaceiro Chico Pereira. Creio que esta fotografia é inédita, pois eu digitalizei a partir de um álbum
de família, que me foi repassada por uma sobrinha de Dona Jarda.
Fonte: facebook
Página: Jose Tavares De Araujo Neto
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Como todos nós sabemos Jardelina Nóbrega era a esposa do cangaceiro Chico Pereira, que foi covardemente assassinado nas terras de Currais novos, crime praticado pelos policiais que se diziam ser seus próprios protetores.
LEIA UM POUCO SOBRE O ASSASSINATO DO CANGACEIRO CHICO PEREIRA
NOTAS
HISTÓRICAS SOBRE O OUSADO ATAQUE CANGACEIRO DE 27 DE JULHO DE 1924 À CIDADE DE
SOUSA (PB)
(*)
José Romero Araújo Cardoso
Provavelmente
houve um conluio entre Juvenal Lamartine e seu colega João Suassuna para
eliminar Chico Pereira (foto artificialmente colorida).
Quando dos festejos do réveillon do ano de 1923, em Triunfo (PE), acalorada discussão envolvendo Marcolino Pereira Diniz e o magistrado local, de nome Dr. Ulisses Wanderley, resultou em tragédia, pois o primeiro, filho do poderoso "Coronel" Marçal Florentino Diniz, também sobrinho e cunhado do "Coronel" José Pereira Lima, chefe político de Princesa, alvejou o juiz, seguindo-se ainda disparo efetuado por homem da confiança do caboclo Marcolino, conhecido por Tocha. O magistrado ainda conseguiu reagir, atirando em Marcolino.
Raciocinando sobre a dimensão do fato, não restou outra alternativa ao guarda-costa de Marcolino a não ser escapar da grande enrascada em que se meteram. Marcolino foi preso, sendo constantemente ameaçado pelos familiares e amigos do magistrado assassinado.
Pressentindo o imenso perigo que o filho corria, o "Coronel" Marçal Florentino Diniz recorreu aos préstimos de Virgulino Ferreira Lampião para retirar Marcolino da cadeia em Triunfo. Lampião e seu séqüito composto de oitenta homens cercaram Triunfo e exigiram a imediata libertação do prisioneiro, o que foi prontamente atendido pelas autoridades locais.
Levado a Princesa, Marcolino recuperou-se do tiro que sofreu. Recrudescia a antiga amizade entre Lampião e Marcolino. Fotos históricas retrataram Lampião e seus "cabras", no ano de 1922, na Fazenda da Pedra, propriedade de Laurindo Diniz, irmão do "Coronel" Marçal Florentino Diniz. Portanto, era bem firmada a relação de coiterismo que foi estabelecida na região serrana, fronteira do Estado da Paraíba com o Estado de Pernambuco.
Nos meses seguintes, já no ano de 1924, houve combates intensos entre cangaceiros e volantes pernambucanas. Entre Conceição do Piancó (PB) e São José do Belmonte (PE) Lampião foi ferido no tornozelo, passando péssimos momentos em razão da gravidade do estrago que o projétil provocou.
Dias se passaram até que chegou ao conhecimento de Marcolino a situação que o importante aliado estava passando. Foi enviado grupo de resgate, comandado por Sabino Gório, para resgatar o cangaceiro.
Lampião foi levado para o reduto de Marcolino, o lugarejo de Patos de Irerê, localizado a cerca de 18 km de Princesa (PB), no sopé da serra do Pau Ferrado. Duas propriedades de Marcolino " a Manga e o Saco dos Caçulas " eram antigos valhacoutos de Lampião e seu bando, há tempos imemoriais.
O cangaceiro-mor, substituto de Sinhô Pereira no comando do grupo que liderava antes da retirada para o Estado do Goiás, foi tratado por dois médicos contratados por Marcolino. Chamavam-se Dr. José Cordeiro e Dr. Severiano Diniz, sendo este último parente próximo do homem que foi imortalizado com a esposa por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira em belíssimo baião por título"Xanduzinha".
Distante de princesa, a cidade de Sousa vivia clima de ebulição. Disputas políticas resultaram em tragédias, como a que envolveu o embate no barracão do "Coronel" João Pereira, em Nazarezinho (PB), então distrito sousense.
O cangaceiro Chico Pereira
Filho do "Coronel" João Pereira, de nome Francisco Pereira Dantas,
sentiu o peso da moral sertaneja, desprezando conselhos do pai, o qual faleceu
exigindo que não se vingassem. Assassinou o único sobrevivente dos que atacaram
o velho patriarca em seu estabelecimento comercial.
Conversas a boca miúda diziam que os mandantes da morte do "Coronel"
João Pereira eram pessoas importantes da sociedadesousense, como o
destacado e influente cidadão de nome Otávio Mariz.
Em um dia de feira em Sousa, Otávio Mariz notou animada conversa entre um
bodegueiro de Nazarezinho (PB), de nome Chico Lopes, e "cabra" da
inteira confiança de Chico Pereira, de nome Chico Américo. A duração da
conversa despertou a desconfiança de Otávio Mariz.
Nas bancas da feira procurou uma chibata para comprar, indo ao encontro dos
dois palestrantes. Encontrou apenas Chico Lopes. Aplicou-lhe surra magistral e
pediu-lhe para ir à fazenda Jacu, reduto dos Pereira Dantas, em Nazarezinho
(PB), avisar a Chico Pereira que tinha outra prometida para ele.
No Jacu, Chico Lopes detalhou todo acontecido. A família do "Coronel"
assassinado perguntou-lhe o que ia fazer, tendo Chico Lopes respondido estar
decidido ir até Princesa, conversar com Lampião sobre o melindroso e humilhante
assunto. Havia um irmão de Chico Lopes que integrava o bando de Lampião há
alguns anos. Isso facilitou a decisão do chefe supremo do cangaço em enviar
dezessete homens de sua confiança para Nazarezinho. Antônio e Levino Ferreira,
bem como Meia-Noite e Sabino Gório, também integravam o grupo que iria se
responsabilizar pela mais aviltante ação cangaceira no Estado da Paraíba.
Notícias corriam céleres, dando conta da aproximação do grupo cangaceiro. Em
Sousa alguns aventavam a hipótese de organizar defesa, mas como não acreditaram
na possibilidade de tamanha ousadia, relaxaram completamente.
Ao chegar ao Jacu, os dezessete homens foram recepcionados efusivamente. O
número final de bandidos prontos a atacar Sousa, aumentado com muitos da
região, somava oitenta e quatro quadrilheiros dispostos.
Antes do amanhecer do dia 27 de julho de 1924, os bandidos cortaram a linha do
telégrafo e invadiram Sousa, cuja maioria da população foi pega totalmente
desprevenida. Pequena resistência partiu da residência de Otávio Mariz,
principal alvo dos atacantes. Experiente e tarimbado sertanejo, Otávio Mariz
escapuliu quando viu que não poderia resistir ao implacável ataque.
Tudo em Sousa virou alvo de saque, os cangaceiros roubaram o comércio,
residências, tudo, prejuízo incalculável que marcou indelevelmente a história
sousense.Feras endiabradas davam vazão a todos os instintos selvagens possíveis
e imagináveis. O destacamento local, comandado pelo então Tenente Salgado, não
conseguiu realizar qualquer ação de defesa em Sousa, verdadeiro suicídio se
tivesse havido consumação.
Grupo composto de quase duas dezenas de bandidos, liderados por cangaceiro
conhecido por "Paizinho", teve como alvo principal a residência do
juiz local, de nome Dr. Archimedes Soutto Mayor. "Paizinho" tinha
queixas pessoais contra o magistrado, a quem acusava de tê-lo condenando
injustamente. Retirado ainda com roupas de dormir, o Juiz foi submetido a todo
tipo de suplicia e humilhação, sendo forçado a andar de cangalha e em posição
vexatória pelas ruas de Sousa. O ato final seria o assassinato do magistrado,
mas Chico Pereira interveio e evitou a consumação do ato extremo.
O magistrado, depois de tudo, no ensejo dos desdobramentos do audacioso ataque
cangaceiro à cidade de Sousa, assumiu a responsabilidade de fazer merecida
justiça contra àquelas feras que o atacaram.
A rede de informações montada por Lampião era impecável e precisa. Logo ele
ficou sabendo dos estragos em Sousa e, principalmente, do que fizeram com o
juiz. Rodopiava nos calcanhares, ainda sentindo dores terríveis, empunhando
Parabellum e raciocinando sobre o futuro dali para frente. Homem de raciocínio
rápido, Lampião sabia que em breve enfrentariam duras batalhas contra as forças
volantes paraibanas, extremamente tolerantes devido ao respeito ao
"Coronel" José Pereira Lima e a Marcolino Pereira Diniz.
Lampião estava certo. A providência inicial do recém instalado governo de João
Suassuna foi a instalação do segundo batalhão da Polícia Militar Paraibana na
cidade de Patos das Espinharas, com absoluto aval para dar caça ininterrupta
aos cangaceiros. A responsabilidade pela iniciativa maior de efetivar a
campanha paraibana contra o cangaço liderado por Lampião coube, naturalmente,
ao "Coronel" José Pereira Lima.
Não obstante a proteção que Lampião desfrutou em Princesa, seria inadmissível
que o chefe político das terras da lagoa da perdição tolerasse tamanha afronta,
principalmente em razão da forma como o magistrado sousense foi humilhado pelos
cangaceiros.
No ensejo da caçada movida contra os bandoleiros, há fato digno de registro,
referente à resistência efetivada pelo cangaceiro Meia-Noite em uma casa de
farinha no sítio Tataíra, fronteira entre os estados da Paraíba e de
Pernambuco. Na companhia da esposa, Meia-Noite, embora a mulher não tenha
participado do combate, enfrentou combinado de volantes, comandados pelo então
Tenente Manuel Benício, e tropa de cachimbos (civis em armas) contratada pelo
"Coronel" José Pereira. Meia-Noite lutou contra oitenta e dois
homens, ferindo dezoito. Escapuliu do tiroteio, mas a esposa ficou no local em
que se entrincheirara, sendo depois conduzida à cadeia de Princesa. No local,
conforme Érico de Almeida, primeiro biógrafo de Lampião, autor do livro
"Lampeão, sua história" (1926(1ª ed.), 1996( 2ª ed.), 1998(3ª ed) ),
foram encontradas quatrocentas e noventa e duas balas de fuzil mauser DWN,
modelo 1912.
Em seguida, devido às volantes paraibanas estarem assanhadas com a ordem
capital de darem combates violentos aos cangaceiros, inúmeros enfrentamentos
foram registrados, como a batalha do Tenório, no ano de 1925, quando Levino
Ferreira foi assassinado pelo volante Belarmino Morais, comandado pelo então
cabo José Guedes. Como forma de se vingar do "Coronel" José Pereira,
a quem culpava pela morte do irmão, Lampião e seu bando invadiram humildes
propriedades em princesa, como a do Caboré, assassinando diversas pessoas,
incluindo entre essas um ancião de provecta idade de noventa e dois anos e um
garoto de apenas doze anos.
O governo paraibano invocou o convênio anti-banditismo, firmado no ano de 1922
em Recife (PE), obtendo permissão para que suas forças de segurança pública em
perseguição aos bandoleiros adentrassem os territórios de outros estados
nordestinos.
O grupo cangaceiro, em certa ocasião no ano de 1925, foi localizado na região
de Serrote Preto. Desprezando as mais elementares táticas militares, os
volantes paraibanos atacaram irresponsavelmente o valhacouto de Lampião. As
estratégias guerrilheiras foram implementadas impecavelmente pelos cangaceiros,
resultando em horrível carnificina, na qual pereceram os comandantes Tenentes
Joaquim Adauto e Francisco de Oliveira, além de mais de uma dezena de soldados.
Abalado com a perseguição tenaz que as volantes paraibanas realizavam, Lampião
evitou a Paraíba, pois seus antigos protetores não estavam mais propensos a
desafiar as ordens do governo paraibano, bem como a decisão irredutível do
"Coronel" José Pereira Lima em buscar erradicar o cangaço liderado
por Lampião, pelo menos em terras paraibanas.
Para Chico Pereira não houve outra saída, em razão da gravidade dos fatos
ocorridos em Sousa, a não ser acompanhar o grupo de Lampião pelas adustas
plagas sertanejas. Travou combate em Areias do Pelo Sinal, entre Princesa e o
distrito de Alagoa Nova (Hoje Manaíra), depois, vítima de picada de cascavel,
em território pernambucano, amargou provações inenarráveis.
O extenso processo elaborado pelo Dr. Archimedes Soutto Mayor mostrou-se
simpático a Chico Pereira, eximindo-o de algumas culpas e louvando diversas
interferências realizadas quando do ataque cangaceiro do dia 27 de julho de
1924 à cidade de Sousa.
Perseguido, embora tolerado discretamente, Chico Pereira era, no entanto, alvo
de olhares vingativos, sobretudo em razão de suas práticas donjuanescas.
Sedutor, Chico Pereira desafiava importante elemento da moral sertaneja. Ao que
tudo indica, houve a sedução de uma sobrinha do governador norte-riograndense
Juvenal Lamartine, em Serra Negra (RN).
Provavelmente houve um conluio entre Juvenal Lamartine e seu colega João
Suassuna para eliminar Chico Pereira. João Suassuna, através de irmão de nome
Antônio, empenhou a palavra sobre a total liberdade do homem que foi obrigado a
se tornar cangaceiro devido à morte do pai, motivada pela política acirrada dos
turbulentos anos da década de vinte do século passado.
Na festa da padroeira de Cajazeiras, no ano de 1928, Chico Pereira foi detido
por oficiais da polícia militar paraibana. Manuel Arruda de Assis foi o
responsável pela prisão. Conduzido a Pombal, onde tinha praticado crime, quando
do cerco ao velho casarão de Antônio Mamede no sítio Pau Ferrado, Chico Pereira
ia ser transferido para Princesa, onde havia assassinado soldado de nome
Pierre.
A escolta que o conduzia rumou em direção a Santa Luzia. Havia um crime
atribuído a ele em Acari (RN), referente a um roubo praticado contra o velho
"Coronel" Quincó da Ramada.
Era parte do esquema estruturado por Juvenal Lamartine para liquidá-lo. Joaquim
de Moura, famanaz executor de bandoleiros, foi o responsável pela morte de
Chico Pereira.
O ataque do bando de Lampião à cidade de Sousa foi um dos mais ousado ato
praticado pelos bandoleiros das caatingas, cuja marca indelével permaneceu por
tempos e ainda resiste na memória de poucos que tiveram a infelicidade de
presenciar a verdadeira baderna que os cangaceiros fizeram na simpática cidade
sorriso no longínquo dia 27 de julho de 1924.
(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial (UFPB) e em Organização de Arquivos (UFPB). Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA " UERN). Contatos: E-mails: romerocardoso@uol.com.br. romero.cardoso@gmail.com. Endereço Residencial: Rua Raimundo Guilherme, 117 " Quadra 34 " Lote 32 " Conjunto Vingt Rosado " Mossoró " RN " CEP: 59.626-630 " Fone: 084-3312-0239. Autor: José Romero Araújo Cardoso
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Caro Mendes, acredito que esta foto da dna. Jarda (Mulher de fibra), pelo menos para mim é inédita. Excelente foto Tavares Neto.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha