Material do acervo do pesquisador José João Souza
Em 25 de novembro de 1926, um dia antes da Batalha da Serra Grande, o bando de
Lampião atacou José de Esperidião, residente na fazenda Varzinha, município de
Serra Talhada - PE. Nessa ocasião, sua residência estava com alguns visitantes,
os quais foram cumprimentar Rosa Cariri, esposa de José de Esperidião, por ter
dado luz a uma criança, que estava com sete dias de nascido.
Rosa, ao
avistar, de longe, alguns cangaceiros avisou ao marido, alertando-o para que
se retirasse. José de Esperidião perguntou:
- Quantas pessoas você acha que vêm?
Ela respondeu:
- Uns vintes homens.
Ele disse:
- Não corro com medo de vinte homens.
José de Esperidião pegou seu rifle e dois bornais de balas e ficou entrincheirado no quarto.
Quando os cangaceiros chegaram deram boa tarde e perguntaram:
- José de Esperidião está?
Lá de dentro ele respondeu:
- Estou aqui!
Os cangaceiros disseram:
- Venha para fora, precisamos conversar.
José respondeu:
- Já estamos conversando, eu não vou sair e vocês também não vão entrar.
Quando as pessoas
presentes notaram que estavam diante do bando de Lampião, começou a correria, o
pavor foi tanto, que algumas mulheres pularam pelas janelas. Os cangaceiros
perceberam que José de Esperidião não sairia e começou o tiroteio.
O
recém-nascido, José Pereira Lima (Cazuza), filho da vítima, estava deitado em
uma rede na sala e foi baleado nos dois pés (o mesmo estava com os pés
cruzados). De toda ribeira ouviam-se os tiros e a maioria dos habitantes da
localidade abandonaram suas casas e foram se refugiar na caatinga.
Lampião ficou
sentado na calçada de Agostinho Bezerra, próximo ao local. O ataque foi
coordenado por Antônio Ferreira, motivado por uma vingança de um assassinato
cometido por José de Esperidião na Serra Negra, no município de Floresta.
Quando Lampião percebeu que o caso era demorado, foi aguardar o desfecho
deitado em uma rede no alpendre da casa de Braz Estevão, um pouco mais distante
do local do ataque.
Antonio Ferreira irmão de Lampião foi assassinado em combate no dia 25
de Dezembro de 1926
Segundo
relatos do escritor João Gomes de Lira, os cangaceiros chegaram à casa de José
de Esperidião por volta de uma hora da tarde. O tiroteio durou a tarde inteira.
“Às seis horas da tarde, um cangaceiro foi até onde estava Lampião, para dizer
que José de Esperidião era valente; uma fera, até parece que não morre. Assim,
o que deviam fazer? Lampião respondeu e determinou que arrancassem as cercas do
curral, apinhassem a madeira no pé da parede em volta da casa e tocassem fogo,
que ele morria”.
O fogo
destruiu toda madeira do telhado, ficou apenas as paredes em pé, no dia
seguinte, uma mulher moradora da localidade, foi a primeira pessoa a entrar no
recinto, pulando por cima de brasas e cinza, conseguiu chegar ao quarto da
casa, onde tombou o corpo de José de Esperidião, com seu rifle na mão, bala na
agulha e o dedo no gatilho. Quando a mulher pegou e puxou o rifle, o mesmo
disparou.
Em uma conversa informal do historiador Frederico Pernambucano de
Melo, ele afirmou que, José de Esperidião era homem valente, mesmo depois de
morto ainda conseguiu atirar.
Quando
retiraram o corpo de José de Esperidião para fazer o sepultamento, não
encontraram marcas de balas no corpo dele, portanto, chegou-se à conclusão de
que a morte fora por asfixia provocada pela fumaça.
José Pereira
Lima, filho da vítima, ficou com uma marca no pé pelo resto de sua vida. Geralmente,
quando ia comprar sapatos, adquiria dois pares, um par 41 e outro par 42, pois
um pé ficara menor.
Conforme
consta no livro, Memórias de um Soldado de Volante, de João Gomes de Lira, “Ao
cair da tarde daquele dia, a Força que vinha distante, ouviu as últimas
descargas do fogo dos bandidos contra José de Esperidião. Quando ali chegou, na
manhã seguinte, só encontrou o tristíssimo quadro”.
Fonte: facebook
Página:
José João Souza
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Saiba como o Antonio Ferreira foi assassinado por Luiz Pedro, seu companheiro:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2011/05/morre-antonio-ferreira.html
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