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domingo, 25 de outubro de 2015

A ORIGEM DO COMÉRCIO EM MOSSORÓ - 25 DE OUTUBRO DE 2015

Por Geraldo Maia do Nascimento

Ensinam os manuais que “quando no começo dos tempos, na mais remota antiguidade, o homem primitivo percebeu que outro seu semelhante poderia necessitar de um produto que a ele sobrava, estabeleceu-se o primeiro ato de comércio. Quando se descobriu que uma necessidade podia ser satisfeita ou quando se encontrou mercado para um produto; quando o homem primitivo compreendeu que podia fazer uma troca com vantagem, nasceu então o espírito comercial.” Podemos dizer, portanto, que foi o desejo de posse que deu origem ao comércio. Tudo isso podemos traduzir numa única palavra: ambição. Foi, portanto, a ambição, que desde os tempos mais remotos, orientou o homem para o comércio.
               
Quando, no início do século XVIII, os primeiros sesmeeiros fixaram-se na ribeira do Mossoró, tinham por objetivo a criação do gado. Foi o gado quem plantou o homem no sertão. O terreno plano, com vegetação rala e a presença do rio, determinaram o lugar. Surgiram às fazendas, os caminhos, o povoado. O rio era a grande estrada. Os primeiros caminhos não passavam de veredas abertas pelos colonizadores, que rasgavam os sertões desconhecidos, marcando o chão que iam pisando com os tacões das suas botas. Por esses caminhos, que ligavam as zonas litorâneas aos mais distantes núcleos do povoamento espalhados no sertão, se embrenhavam os mascates com suas cargas de mercadorias conduzidas até pequenos arruados, onde se estabeleciam com pequenos negócios que lhes rendiam bons lucros.
               
Assim mesmo aconteceu com o povoado de Santa Luzia do Mossoró. Com o desenvolvimento da povoação, foram aparecendo pequenos estabelecimentos, cujos gêneros eram comprados no Aracati. Alguns desses primitivos comerciantes tiveram seus nomes guardados através dos tempos. Foram eles: o Curandeiro Domingos da Costa de Oliveira, Manoel Rodrigues Pereira, Francisco Gomes dos Santos Guará e José Baltazar Augero de Saboia. De outros, a poeira do tempo apagou. Reza a tradição que por volta do primeiro quartel do século XIX, alguns habitantes iam a Pernambuco por terra e dali traziam algumas cargas de fazendas. Esses, ao saírem para a jornada, despediam-se dos familiares e amigos até o dia juízo final, tão arriscada era a travessia. Dos que se aventuraram nessa empreitada, a história guardou o nome de Manoel Rodrigues Pereira e Antônio Gomes da Mota.
               
Os pontos de negócios eram instalados em barracos, biroscas, depois, vendas, bodegas, enfim, as lojas, que atendiam as necessidades dos moradores do povoado, vendendo gêneros, utilidades de consumo imediato como o sal, café, gás (querosene), fósforo, aguardente e ferramentas dos roçados e do campo, a exemplo de enxada, terçados, foices, machados e facões.
               
Em 1845 surge a primeira padaria, que pertencia a Joaquim Nogueira da Costa, um cearense de Aracati que veio a ser depois um dos mais fortes negociantes e maior proprietário do lugar.
               
Entre 1845 e 1856 abriram casas de negócios em Mossoró: José Pereira da Costa, Clementino de Gois Nogueira, Geraldo Joaquim Guilherme de Melo, Manoel do Nascimento do Vale, João Evangelista Nogueira, Irineu Soter, João Martins da Silveira, João Antônio Jararaca e outros.
               
De 1857 a 1867 apareceram na então Vila de Mossoró, novos comerciantes, dos quais podemos destacar: Antônio Filgueira Secundes, Luiz Manoel Filgueira, Raimundo de Souza Machado e o droguista João Antônio Gomes dos Santos.
               
Ainda em 1857, chegam os navios da Cia. Pernambucana de Navegação Costeira, fazendo de Mossoró ponto de escala regular das suas embarcações. A cidade se abre para novos comerciantes, tornando-se, já no período de 1857 a 1877, uma próspera praça de negócio, assumindo a condição de “empório comercial”. A situação privilegiada da cidade, eqüidistante de duas capitais, Natal e Fortaleza, ao mesmo tempo que dividia o litoral do sertão, contribuíram para essa condição. No período citado, Mossoró aparecia como o “lugar privilegiado”, sentado na área de transição entre a economia do litoral representada principalmente pelo sal e o peixe, e a economia do Sertão representada pela pecuária, o algodão e principalmente as peles de animais. Mossoró tornava-se assim o lugar de troca, recebendo mercadorias de outras praças do país e do exterior e embarcando pelo seu porto, o porto de Areia Branca que na época pertencia a Mossoró, a produção regional que se destinava aos mercados nacionais e internacionais. Esse crescimento comercial serviu de chamariz para os grandes comerciantes, que viam em Mossoró o lugar ideal para desenvolverem os seus negócios. E os estrangeiros chegaram!
               
Primeiro foi o suísso João Ulrich Graf, que aqui instalou, no ano de 1868, a sua Casa Graf, que era uma firma importadora e exportadora de produtos regionais. Depois veio o alemão William Dreffren, “vindo no vapor costeiro de Pernambuco, com destino a estabelecer nesta cidade uma casa de compra dos diferentes gêneros do país”. Veio ainda o francês H. Léger, do Armazem Francês, Henry Admas & Cia. (francesa), Teles Finizola (italiana), Frederico Antônio de Carvalho (português), Conrado Mayer (suíço), antigo empregado das Casas Graff, que ganhando muito dinheiro nesse giro de negócio, veio a se estabelecer por conta própria em Mossoró, e muitos outros.
               
Essa foi a fase áurea do comércio de Mossoró, fase essa que durou até o ano de 1877, quando “a grande seca dos dois setes”, como ficou sendo chamada, levou muitos comerciantes a falência.

Geraldo Maia do Nascimento

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