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sábado, 23 de julho de 2016

ALGUNS ROSADO EM CAJAZEIRAS (*)

Por Deusdedit Leitão

Recebi de Vingt-un Rosado uma interessante plaquete contendo dados genealógicos de sua família. Antes de dar-me à leitura, nas suas saborosas minudências, percebi a forma dedicada com que o infatigável pesquisador mossoroense estava a me cobrar uma promessa feita há dois anos.
          
Quando me foi dada a satisfação de conhecer pessoalmente esse enxundioso e excelente amigo que é Vingt-un Rosado tomei conhecimento do seu propósito em relação à sua genealogia. Dei-lhe algumas notícias da passagem de seus ancestrais por Cajazeiras e prometi-lhe rever a fonte dessas informações o que, infelizmente, não me foi possível fazer porque não tivera eu o cuidado de assinalar dentre os numerosos MS que constituem os arquivos de minha terra aqueles que continham as informações que interessavam à árvore genealógica de Vingt-un. Não tivera mais notícias de seu trabalho e julguei que o passar do tempo tivesse abatido nele o elevado propósito de reconstruir a história de sua gente. Felizmente Vingt-un não é desses tímidos que desanimam ao se depararem com as primeiras dificuldades. Fez o que lhe foi possível sem o tempo que lhe é negado pela incessante atividade profissional. Juntou os elementos de que dispunha, arrumou-os de modo especifico, como convém à aparente confusão da genealogia e publicou-os, incorporando-os à Coleção Mossoroense com a promessa formal de voltar ao cometimento porque não é outra coisa o que se depreende de suas palavras iniciais: Aprendi que uma maneira prática de solicitar informações aos outros é imprimir as que possuímos e distribuímos aos possíveis colaboradores.
          
Cajazeiras a partir de 1860 foi aos poucos conquistando foros de metrópole sertaneja. O colégio do Padre Rolim ia reunindo em seu derredor as numerosas famílias que para alí afluíram com a preocupação de educar os seus rebentos. Como consequência da expansão demográfica foi a terra do Padre Rolim tornando-se centro comercial de relativa importância o que sem dúvida não deixou de ser também outro fator de seu progresso material. A história guardou dessa época, um nome que ainda é lembrado como expressão mais alta de nossa pretensa opulência econômica. É ele exatamente o Francisco Bezerra de que nos fala Vingt-um. Fazendeiro abastado e comerciante progressista deu à sombra de seus cabedais, acolhida a numerosos adventícios que, arrastados pelo renome da cidade, iam tentar a vida na tão decantada Cajazeiras do Rolim. Foi esse sentimento acolhedor que levou Jerônimo Rosado à minha cidade, numa das fases mais difíceis de sua vida. É o que nos conta Vingt-un e que lá, viajando às feiras vizinhas, com banca de fazendas, conseguiu, com seus irmãos, sobreviver a grande seca de 1877-1879.

Vingt-un Rosado e Lauro da Escóssia
          
O desejo de atender a solicitação de Vingt-un fez-me indagar de pessoas mais antigas se sabiam algo sobre os Rosado em Cajazeiras. De uma delas, a Professora Vitória Bezerra, ouví a narração de episódios vividos em minha cidade por outros Rosado que não Jerônimo Rosado e seus irmãos. Falava-me a veneranda educadora cajazeirense da influência exercida pelo irmãos Rosado d Haro de Oliveira sobre a mocidade daqueles longínquos dias. Rapazes bem apessoados, elegantes no porte e na indumentária, foram eles autênticos dandy a empolgar as ternas donzelas sertanejas. Nas reminiscências de     Dona Vitória percebe-se ainda um ressaibo de permanente saudade na lembrança desses nomes, na evocação das serenatas inesquecíveis, pois que, eram eles exímios flautistas. Lembra a respeitável preceptora de tantas gerações de cajazeirenses que o pai desses rapazes era comerciante de tecidos que a sua família ligou-se por laços de fraterna amizade àqueles jovens portugueses tendo o seu pai externado o alto apreço que lhe dedicava dando a um dos seus filhos o nome de Alípio. Foi desse Alípio, ou, como requer a indagação de Vingt-un, foi desse Alípio Rosado d Haro Oliveira que encontrei excelente fotografia, existente entre tantas que pertenceram ao saudoso político de minha terra Higino Gonçalves Sobreira Rolim. O Major Higino, como ainda é lembrado em Cajazeiras, era um homem comunicativo que emprestava a todos os forasteiros o conforto de sua amizade. Os visitantes mais esclarecidos não lhe dispensavam a prosa saborosa entrecortada da erudição de sua admirável cultura humanística.
          
Voltemos, porém, ao Alípio de quem guardei a fotografia com o propósito de encaminhá-la a Vingt-un. Antes procurei mostra-la a Dona Vitória que, com sua admirável maneira de reconstituir os fatos de sua época, segredou-lhe algo sobre o casamento de Alípio. É uma história um tanto parecida com a de seu irmão José Augusto. Não sei se há equivoco mas me animo a acreditar na veracidade da informação da querida professora cajazeirense porque ela tem um senso histórico fora do comum. A fotografia a quem me refiro foi oferecida a Higino Rolim, remetida de Águeda (Portugal) com a data de 18 de novembro de 1905. É um grupo muito simpático trajando com os requintes dos figurinos parisienses. Vê-se na fotografia, além de Alípio, a sua mulher D. Joana, a filha Margarida e a enteada Marieta. A enteada é um encanto de mulher a justificar plenamente a maliciosa informação de Dona Vitória. O casamento de Alípio foi muito comentado e repercutiu nas terras do sertão paraibano entre os seus amigos de Cajazeiras. Não lhe faltou o aspecto romântico tão ao gosto da época. Dizem que o nosso bom português apaixonara-se por Marieta, o que não é de admirar para quem a vê no encanto primaveril de seus 18 anos. A moça não retribuiu os galanteios de Alípio que não se deu por achado e foi reviver no coração de Dona Joana a chama que também lhe fazia arder o coração quarentão. Ficou, assim, aos pés de Marieta dando carinhosa assistência paterna a quem lhe recusara os carinhos de esposa. Margarida aparece no centro do grupo, na graça de seus três anos, como se ali estivesse de propósito, unindo pelo sangue os três familiares que lhe circundam.
          
Mando a Vingt-un a fotografia que a prestimosidade de Cristiano Cartaxo confiou-me com o pesar de sentir-se desfalcado de mais essa lembrança de seu saudoso pai. Que Vingt-un a receba como uma minha modesta colaboração ao seu excelente trabalho, sem deixar de atentar para o seu valor como elemento subsidiário nas indagações ecológicas.     
Deusdedit Leitão. Historiador paraibano de saudosa memória.

(*) A UNIÃO – 17-12-1958 – João Pessoa.

FONTE: ROSADO, Vingt-un. Informação Genealógica Sobre Alguns Rosado. Mossoró/RN: Fundação Guimarães Duque, 1982 (Série C, Coleção Mossoroense, Vol. CCXXXIII. P. 55-60.

Jerônimo Rosado pai da família numerada

Jerônimo Ribeiro Rosado – (Depoimento do meu primo José Menandro da Cruz): Vovô Jerônimo Ribeiro Rosado era casado com D. Vicência da Costa, filha do português Trajano da Costa, irmão de Vicente da Costa, Bento da Costa, Salviano da Costa que requereram terras ao Governo para situarem fazendas. No sítio Genipapo ficou Salviano da Costa. No sítio Capuxú, Trajano da Costa. Jerônimo Ribeiro Rosado a uns 5 quilômetros da Cidade de Pombal. O meu avô com os recursos que trouxe de Portugal, começou a viajar ao Piauí para comprar gado e estabeleceu diversas fazendas: uma no sítio José Rodrigues outra no sítio Leonel, outra no sítio Galoada e vizinho.

No sítio José Rodrigues construiu um açude com o trabalho escravo. Em Pombal edificou uma casa. Vovô sofria de hidrocele. Morreu de septicemia deixando dez filhos. Leopoldina casou-se com o seu primo José Rosado de Oliveira, que não suportando os rigores da seca, abandonou a família, retirando-se para o Porto de Águeda, em Portugal. Papai (Menandro José da Cruz) assumiu a direção da família em momento tão difícil, levando-a para Cajazeira do Rolim onde era empregado de balcão de Francisco Bezerra. Viajava às feiras vizinhas, com banca de fazendas. Com o seu trabalho os seus irmãos puderam sobreviver a grande seca de 1877-1879.

No Diário de Pernambuco de 12 de julho de 1871, na Revista Diária, encontro dados que me esclarecem a morte do meu avô. Ele falecera a 8 de julho de 1871, de tétano. Português de 50 anos, branco, casado, residindo na Boa Vista. Foi sepultado nas catacumbas do S. B. Jesus da V. Sacra. Impossível localizar no Cemitério de Santo Amaro o seu túmulo, porque decorridos alguns anos, devem ter sido os seus restos mortais removidos para uma vala sem inscrição, ao pé das catacumbas.
Jerônimo Ribeiro Rosado nasceu, portanto em 1821.

a)      Do seu consorcio com Vicência da Costa, nasceram:   

F1) Leopoldina cc seu primo José Rosado de Oliveira ou José Augusto d Aro e Oliveira. Pais de:

N1) Jerônimo Augusto Rosado D Oliveira

N2) Joaquim Augusto Rosado D Oliveira

N1 e N2 estão numa fotografia de Águeda, ano de 1880.
Do casal Leopoldina – José Ribeiro descendem os Rosados de Pernambuco.

F2) Herculana Rosado Bandeira n. em 22/02/1871 cc José Lopes Bandeira em Cajazeira. Descendem deste casal quase todos os Rosado que residiam em Governador Dix-sept Rosado.

F3) Francisco Rosado (F. 27/02/1914) consorciou-se duas vezes, cc Maria trigueiro Castelo Branco S.S. 2ª vez cc Capitulina Eudoxia Rosado. Filhos:

N3) Jerônimo Rosado de Sousa

N4) Josefa Rosado de Souza (Quinta)

F3) Sebastião. S.S.

F4) Trajano cc Corina Henrique Rosado. Pais de:

F5) Maura

F5) Delmira. S.S.

F6) Maria. S.S.

F7) Ana, f. em Pombal em 1903. S.S.

F8) Josefa cc Natanael Maia. Pais de:
N5) Natalia cc João Belarmino de Oliveira (paisinho). Pais de:

B1) Francisca

B2) Lauro

B3) João

F9) Jerônimo Ribeiro Rosado, depois JERÔNIMO ROSADO. Consorciou-se duas vezes, a primeira com D. Maria Amélia Henriques Maia e a segunda com D. Isaura Henriques Maia, ambas filha do Major Laurentino Ferreira Maia. Do primeiro consórcio, nasceram três filhos e dezoito do segundo. Destes dois matrimônios descendem os Rosado de Mossoró.

b) Jerônimo Ribeiro Rosado e Francisca Freire de Andrade são os pais de:

F10) Menandro José da Cruz. O meu primo José Menandro da Cruz, fez referências ao seu pai, que é exatamente o meu tio Menandro José da Cruz. Foi este criado por minha avó Vicência da Conceição Costa e das boas relações que existiam entre ele e o resto da família, dá um testemunho uma dedicatória que lhe fez, em uma fotografia o meu pai Jerônimo Rosado: Ofereço a meu irmão e dedicado amigo Menandro José da Cruz. Catolé do Rocha, 24 de novembro de 1883. Jerônimo Ribeiro Rosado.

FONTE: ROSADO, Vingt-un. Informação Genealógica Sobre Alguns      Rosado.         Mossoró/RN: Fundação Guimarães Duque, 1982 (Série        C, Coleção Mossoroense, Vol. CCXXXIII. P. 120-124.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogsot.com

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