Cleópatra Thea
Filopator (em grego, Κλεοπάτρα Φιλοπάτωρ – Cleopátra
Philopátor; Alexandria, 69 a.C. — 12 de
agosto de 30 a.C.) foi a última rainha da dinastia de Ptolomeu, general que governou o Egito após
a conquista daquele país pelo rei Alexandre III da Macedônia. Era filha de Ptolemeu
XII. O nome "Cleópatra" significa "glória do pai",
"Thea" significa "deusa" e "Filopator" "amada
por seu pai".
A numeração
das rainhas do Egito varia conforme o historiador. Por exemplo, E. R.
Bevan a numera como Cleópatra VI.[1]
Cleópatra
originalmente governou conjuntamente com seu pai Ptolemeu XII, e mais tarde com
seus irmãos Ptolomeu XIII e XIV,
com quem se casou como por costume egípcio, mas, no final, ela tornou-se a
única governante. Como faraó, ela consumou uma ligação com Júlio
César, que solidificou sua pegada no trono. Mais tarde, ela elevou seu
filho com César, Cesário, para corregente em nome.
Cleópatra foi
uma grande negociante, estrategista militar, falava seis idiomas e conhecia
filosofia, literatura e arte gregas.[2]´
Genealogia[editar | editar código-fonte]
Seu pai, Ptolemeu
XII (Ptolemeu Auleta), era filho de Ptolemeu IX Sóter II.[3] Ptolemeu
XII teve, possivelmente, seis filhos: Berenice
IV e Cleópatra
Trifena, que tomaram o controlo do Egito durante a ausência do pai, dois
filhos de nome Ptolemeu (Ptolemeu XIII e Ptolemeu
XIV), Cleópatra VII e uma filha de nome Arsínoe.[3] E. R.
Bevan supõe que Porfírio,
a fonte de Eusébio, tenha errado, e que Cleópatra Trifena seria a esposa de
Ptolemeu Auleta.[4]
Cleópatra foi
também testemunha do reinado atribulado do pai. Ptolomeu XII, cognominado Noto
por ser filho ilegítimo de Ptolomeu IX Latiro,[5] era
impopular entre a população de Alexandria e tinha-se mantido no poder graças ao
apoio de Roma, pelo qual teve que pagar vastas somas de dinheiro, conseguidas
através de pesados tributos impostos ao povo. Ateneu de Náucratis, que se refere a ele como o
último Ptolomeu, diz que ele não era um homem, mas um flautista (Auleta)
e um equilibrista.[6] Em 58 a.C. o
pai de Cleópatra refugiou-se em Roma, tendo a sua
filha Berenice IV sido eleita como nova soberana, mas
esta foi executada em 55 a.C., por Ptolomeu XII em seu retorno ao Egito. A
co-regente de Berenice, chamada de Cleópatra Trifena, que poderia ser mãe ou
irmã de Berenice, desapareceu dos registros antigos.
Chegada ao
trono[editar | editar código-fonte]
Moeda de Cleópatra, com a sua efígie.
Antes de
falecer em 51
a.C.,[7] Ptolomeu
nomeou os seus filhos, Cleópatra e Ptolomeu
XIII, que deveriam reinar juntos como novos soberanos do Egito.[3] Seguindo
o costume da sua dinastia, Cleópatra casou com o irmão que teria cerca de
quinze anos de idade.
Os monarcas
estavam cercados por homens da corte que ambicionavam o poder e que exerciam um
domínio sobre o irmão de Cleópatra: Teódoto, preceptor de Ptolomeu
XIII, o eunuco Potino e o
oficial do exército Aquilas.
Desde o início
,Cleópatra compreendeu que Roma era
a nova potência do Mediterrâneo e
que caso desejasse manter-se no poder deveria manter relações amigáveis com
ela.
Em 49 a.C.
Cleópatra e Ptolomeu fornecem ao triúnviro Pompeu sessenta
barcos para se juntarem à frota que lutava contra Júlio
César.[8] Em 48 a.C.,
Ptolomeu, aconselhado pelo eunuco Potino, expulsa Cleópatra, que se refugia,
com sua irmã, na Síria.[9]
Cleópatra e
Júlio César[editar | editar código-fonte]
A queda de
Pompeu[editar | editar código-fonte]
A rainha não
se dá por vencida e consegue juntar um pequeno exército de mercenários,
tendo regressado ao Egito para lutar contra o irmão. Entretanto a situação
internacional altera-se quando a 9 de
Agosto de 48 a.C. Pompeu é vencido por César na Batalha de Farsália, na Tessália.
Após a derrota procura refúgio em Alexandria, tendo Ptolomeu XIII declarado que
aceitava recebê-lo.
Contudo, o
verdadeiro plano do rei consistiu em ordenar a morte de Pompeu, julgando que
desta forma agradaria a César. O assassino de Pompeu, um romano ao serviço de
Ptolomeu XIII, corta-lhe a cabeça, que o rei apresentou a César. No entanto,
esta atitude foi um erro, dado que César ficou horrorizado com o ato bárbaro.
Apesar de inimigos políticos, Pompeu tinha casado com a filha de César, que
morreu dando à luz um filho. César toma Alexandria e decide resolver o conflito
entre Ptolomeu XIII e Cleópatra.
O encontro com
César[editar | editar código-fonte]
Afastada do
palácio real, Cleópatra deseja encontrar-se com César. É então que se desenrola
o famoso episódio do tapete, relatado pelas fontes antigas.
Conta Plutarco, num
episódio lendário da sua biografia dos Césares, que Cleópatra marcou um
encontro com Júlio César, quando este chegou ao Egito, no inverno de
48 a.C. – 49 a.C., a fim de lhe dar um presente, que consistia num tapete.
Este, ao ser desenrolado, mostrou que a própria rainha estava em seu interior
(Cleópatra tinha sido enrolada no tapete pelo seu servo Apolodoro).
Cleópatra
teria então argumentado que tinha ficado encantada com as histórias amorosas de
César, tendo ficado desejosa de o conhecer. Tornou-se, assim, sua amante, o que
ajudou a estabelecer o seu poder no país.
Numa tentativa
de solucionar a crise, César procurou assegurar que o testamento de Ptolomeu
XII fosse respeitado e confirmou Cleópatra e Ptolomeu XIII como co-regentes do
Egito.Além disso, propôs que os irmãos mais novos de Cleópatra, Arsínoe e
Ptolomeu XIV, deixassem o Egito e se tornassem soberanos de Chipre.
Contudo,
Arsínoe era ambiciosa e conseguiu que o exército a declarasse rainha do Egito.
Arsínoe mandou matar o oficial Aquilas que começava a fazer-lhe oposição e em
breve o seu irmão Ptolomeu XIII juntou-se à sua causa. Em 47 a.C. o
exército egípcio seria derrotado por César. Arsínoe foi feita prisioneira e
Ptolomeu XIII afogou-se no Nilo quando tentava escapar.
Em Junho de 47
a.C. Cleópatra deu à luz Ptolomeu
XV César, conhecido como "Pequeno César" (Cesarião). Embora César
tenha reconhecido a paternidade da criança, a historiografia moderna
coloca em causa esta paternidade.[carece de fontes] César
recusou-se contudo a torná-lo seu herdeiro, honra que coube a Octaviano.
Por sugestão
de César, Cleópatra passou a reinar conjuntamente com seu irmão Ptolemeu
XIV.[3] Cleópatra
casou-se com o seu irmão Ptolomeu XIV, tendo César partido para Roma. O Egito manteve-se
independente, mas sob a proteção de Roma que aí deixou três legiões romanas.
Cleópatra em
Roma[editar | editar código-fonte]
Em 46
a.C., a convite de César, Cleópatra instala-se em Roma, com o filho e Ptolomeu
XIV, fixando residência nos jardins do Janículo,
mesmo próxima da então esposa de César (a terceira), Calpúrnia Pisão.
Teria sido em
Roma que Cleópatra elaborou o seu plano de hegemonia do Mediterrâneo. Sabe-se
pouco da presença de Cleópatra em Roma, a não ser que a sua presença teria
gerado desprezo na população. Em sua honra César ordenou que fosse colocada uma
estátua de ouro de Cleópatra no templo da deusa Venus Genetrix, vista como antepassada da família
de César.
Pouco depois
do assassinato de César, Cleópatra voltou para o Egito. Segundo Eusébio de Cesareia, Cleópatra assassinou seu
irmão Ptolomeu XIV, no quarto ano do reinado dele e no oitavo ano do reinado de
Cleópatra, e passou a reinar sozinha.[3] Seu
filho passou a ser seu co-regente.
Cleópatra e
Marco Antônio[editar | editar código-fonte]
Marco
Antônio e Cleópatra.
Em 42 a.C., Marco
Antônio, um dos triúnviros que governava Roma após o vazio
governativo causado pela morte de César, convocou-a a encontrá-lo em Tarso para
ela responder a ele sobre a ajuda que prestara a Cássio, um dos assassinos de César e, portanto,
inimigo dos triúnviros. Cleópatra chegou com grande pompa e circunstância, o
que encantou Marco Antônio. Passaram juntos o inverno de 42 a 41 a.C. em
Alexandria. Ficou grávida pela segunda vez, desta vez com gémeos que tomariam o
nome de Cleópatra Selene e Alexandre Hélio.
Quatro anos
depois, em 37
a.C., Marco António visitou de novo Alexandria, quando se encontrava numa
expedição contra ospartos. Recomeçou então a sua relação com Cleópatra, passando
a viver em Alexandria. É possível que se tenha casado com Cleópatra segundo o
rito egípcio (uma carta, citada por Suetónio leva
a crer nessa hipótese), ainda que nessa altura estivesse casado com Octávia,
irmã do triúnviro Octávio. Então, Cleópatra deu à luz outro filho, Ptolomeu Filadelfo.
A morte de Cleópatra, de Reginald Arthur
Cleópatra e
Cesarião foram coroados co-regentes do Egito e Chipre;
Alexandre
Hélio foi coroado governante da Arménia, Média e Pártia;
Cleópatra
recebeu também o título de Rainha dos Reis.[carece de fontes]
O senado
romano declarou-lhes guerra em 31 a.C.. Após
serem derrotados por Otávio na batalha naval de Áccio, ambos cometeram suicídio,
tendo Cleópatra se deixado picar por uma serpente da
espécie Naja
egípcia, em Alexandria no ano 30 a.C., e o
Egito tornou-se inteiramente uma província romana.
Mausoléu[editar | editar código-fonte]
A imprensa
internacional noticiou, em 26 de maio de 2008, ter sido encontrada a cabeça de
uma estátua em alabastro de Cleópatra, perto de Alexandria, no litoral
mediterrâneo do Egito. A descoberta deu-se no templo de Taposiris Magna.
Em abril de
2009 o arqueólogo egípcio Zahi
Hawass afirmou ter descoberto a sepultura de Cleópatra no templo de
Taposiris Magna.[10]
Cleópatra na
arte e cultura[editar | editar código-fonte]
Representação
artística de Cleópatra, por Fointanebleu
A história de
Cleópatra tem servido de inspiração aos artistas ao longo dos tempos.
Pintura[editar | editar código-fonte]
O cenário da
morte de Cleópatra foi fonte de inspiração de numerosos artistas, entre os
quais se encontram Reginald Arthur,Augustin Hirschvogel, Guido Cagnacci, Johann Liss, John William Waterhouse e Jean-André Rixens.
Literatura[editar | editar código-fonte]
Entre as
principais obras literárias inspiradas na vida de Cleópatra encontram-se as
peças de teatro Cléopâtre captive deÉtienne Jodelle, Antônio e Cleópatra de William Shakespeare, Cleópatra de Sá
de Miranda e Caesar and Cleopatra de George Bernard Shaw. Esta última obra,
publicada em 1901, foi colocada em cena em 1946 em Londres, tendo sido
protagonizada por Vivien Leigh.
Na prosa
saliente-se Une nuit de Cléopâtre do escritor francês Théophile Gautier e Cleopatra, de H.
Rider Haggard.
No desenho
animado Asterix e Cleópatra, René
Goscinny e Albert Uderzo retrataram a rainha como uma
figura sedutora, mas caprichosa.
Também há uma
série de livros intitulados As memórias de Cleópatra, composta por três
volumes: A filha de Ísis, Sob o signo de Afrodite e O beijo
da serpente, lançada em junho de 2000 pela
escritora Margaret George. Esses livros
narram a vida de Cleópatra baseando-se em fatos e momentos históricos de seu
reinado.
Um livro
recente que narra a história da rainha é o Quando éramos Deuses (a vida de
Cleópatra, a mais famosa rainha do Egito), de Colin
Falconer.
Cleópatra no
cinema[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de filmes sobre Cleópatra
Cartaz do
filme Cleopatra, de 1917, protagonizado por Theda Bara.
Desde os
primórdios do cinema que Cleópatra tem servido como tema de filmes. A primeira
actriz a representar o papel de Cleópatra no cinema foi a francesa Jeanne
d'Alcy num filme de dois minutos de Georges Méliès gravado em 1899. Este filme foi
considerado como desaparecido durante muito tempo, mais foi redescoberto em
2005; nele é possível ver a profanação do túmulo da rainha, a sua múmia a
ser queimada, surgindo do fumo produzido uma Cleópatra imortal.
Dois outros
filmes da era do cinema mudo utilizam como tema Cleópatra e o seu encontro com
Marco António: Marcantonio e Cleopatra (1913) do realizador italiano Enrico
Guazzoni e Cleopatra (1917) do realizador americano J.
Gordon Edwards. Este último filme foi protagonizado por Theda Bara,
uma das primeiras vamps do cinema.
Um dos
primeiros filmes do cinema falado a retratar a rainha foi Cleopatra (1934),
realizado por Cecil B. DeMille e protagonizado por Claudette
Colbert.
O filme mais
conhecido sobre Cleópatra é sem duvida o de 1963 realizado
por Joseph L. Mankiewicz, que foi protagonizado
pela actriz Elizabeth Taylor, com Rex
Harrison no papel de Júlio César e Richard
Burton no de Marco António. A grandiosidade dos cenários e o carisma
de Elizabeth Taylor (que recebeu 1 milhão de dólares para fazer o papel, algo
inédito na época, tendo filme no total custado 44 milhões de dólares), bem como
as vicissitudes da vida privada desta (apaixonada por Richard Burton na altura)
muito fizeram para popularizar a rainha lágida junto do grande público.
Foi realizada
em 1999 uma versão da história da rainha para a televisão americana, com a
personagem título interpretada pela atriz chilena Leonor Varela.
O primeiro
longa-metragem lusófono sobre Cleópatra é o filme Cleópatra (de Júlio
Bressane), que, embora já apresentado noFestival de Cinema de Veneza de 2007, ainda não foi
lançado comercialmente. Nesta versão, filmada no Brasil, a
personagem-título é interpretada pela atrizAlessandra Negrini.
Árvore
genealógica[editar | editar código-fonte]
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cle%C3%B3patra
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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