Lampião,
em 1929 - (Foto: Google Imagens)
Lampião à
frente de um numeroso grupo de cangaceiros, perpetrou uma das maiores
barbaridades de sua história de crimes
Na tarde
do dia 22 de dezembro de 1929 a cidade de Queimadas, no interior da Bahia, foi
palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua trajetória errante
nos sertões, o bandido Lampião, à frente de um numeroso grupo de cangaceiros,
invadiu a sede do município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua
história recheada de crimes sanguinários.
Utilizando-se
dos mesmos métodos empregados em centenas de cidades do interior dos sete
estados que atormentou durante quase três décadas, Lampião cortou as linhas de
transmissão do telégrafo da cidade, único meio de comunicação com o mundo
externo à época. A seguir, dirigiu-se à sede do destacamento da Força Pública,
atual Polícia Militar da Bahia, situado na Praça da Bandeira, no Centro da
cidade.
O
prédio a esquerda é a delegacia onde Lampião matou sete soldados
Lá,
surpreendeu o efetivo de serviço, libertando os presos e trancafiando os
policiais militares. O sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do
destacamento, atraído pelo silvo de um apito, expediente utilizado para
convocar os policiais militares ao quartel, também foi preso pela quadrilha.
Com a
aterrorizada cidade sob seu domínio, Lampião passou a saquear aqueles que
possuíam algum recurso financeiro, exigindo quantias pré-estipuladas de acordo
com suas próprias impressões. O sargento Evaristo foi colocado entre o bando e
obrigado a percorrer as ruas da cidade durante o saque, desarmado, sem chance
de esboçar qualquer reação.
Terminada a
operação criminosa, Lampião e seu bando passaram a se dedicar a mais odiosa das
ações encetadas naquele fatídico domingo: retornaram ao destacamento, posicionaram-se
em frente à sede e retiraram, um a um, os soldados presos. Ao saírem, foram
baleados e, com requintes de crueldades, friamente abatidos a golpes de punhal.
Neste
casarão funcionava a cadeia pública, local onde o bando de Lampião matou sete
soldados, no dia 22 de dezembro de 1929 (Foto: Google Imagens)
Mesmo diante
de tão trágicos destinos, registraram-se cenas da mais enraizada coragem, a
exemplo do soldado Aristides Gabriel de Souza que desafiou o chefe dos
criminosos a encará-lo sem a cobertura dos demais cangaceiros. Por esse ato de
bravura, sofreu uma morte mais dolorosa que os outros, sendo executado com
redobrada intensidade.
Sargento
Evaristo Costa já em idade avançada - (Foto: Rubens Antonio)
Poupado em
razão de um pedido feito a Lampião por uma moradora da cidade, D. Santinha,
esposa do coletor federal, Sr. Anfilófio Teixeira, o sargento Evaristo não
conseguiu assistir à chacina pedindo para morrer primeiro ou se retirar do
local, tendo o líder da súcia lhe ordenado a retirada imediata.
O pedido de
Dona Santinha ao famigerado bandido ocorreu em função da admiração que esta
nutria pelo policial, haja vista a identificação positiva que este construiu
junto a comunidade.
Encerrado o
trucidamento dos policiais militares, Lampião, como prova do seu completo
desprezo à vida, ainda permaneceu na cidade até a madrugada, promovendo,
inclusive, um baile para o qual forçou o comparecimento de inúmeras famílias,
em que pese o estado de choque que tomou conta dos moradores de Queimadas
diante dos acontecimentos.
Por fim,
abandonou a cidade deixando para trás uma população traumatizada pelas
barbaridades presenciadas, profundamente enlutada pelo infeliz destino daqueles
que a protegiam.
Notícias de
Santa Luz
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