Fonte: Seguindo os passos da História
A revolta
do Quebra-Quilos foi uma revolta ocorrida
na região Nordeste do Brasil, entre fins de 1872 e meados de 1877.
Em 26 de junho
de 1862 foi aprovada no Brasil uma lei determinando que o sistema de pesos e
medidas então em uso, seria substituído em todo o Império pelo sistema métrico francês, na parte
concernente às medidas lineares de superfície, capacidade e peso. O novo
sistema, entretanto, só entrou em vigor em 1872, com a promulgação do Decreto
Imperial de 18 de setembro. Mas apesar dessa exigência legal permaneceram em
uso no país os sistemas tradicionais de medidas expressas em palmos, jardas,
polegadas ou côvados, e o peso das mercadorias calculado em libras e arrobas.
http://maishistoria.com.br/o-nordeste-contra-o-quilo-a-revolta-do-quebra-quilos/
Além delas,
havia ainda no Brasil, em 1872, uma grande variedade de outros pesos e medidas,
tais como a braça, a légua, o feixe, o grão, a onça, o quintal e muitos outros
padrões, aos quais a população estava acostumada porque vinham sendo utilizados
desde muitas gerações. Por isso mesmo, a tentativa de implantação do novo
sistema métrico no país provocou revolta em diversos lugares. No estado da Paraíba,
por exemplo, onde tudo começou, João Vieira, o João Carga d'Água, liderou os
revoltosos que iniciaram o movimento no povoado de Fagundes em Campina Grande num dia de
feira, onde quebraram as "medidas" (caixas de madeira de um e cinco
litros de capacidade), fornecidas pelo poder público municipal e usadas pelos
feirantes, e atiraram os pesos dentro de um açude da cidade chamado hoje de
Açude Velho. Os revoltosos cresceram em número, e já então sob a liderança de
Manuel de Barros Souza, conhecido como Neco de Barros, e Alexandre Viveiros,
invadiram a cadeia da cidade e libertaram os presos, incendiaram o cartório
local e os arquivos da prefeitura.
Da mesma
forma, em mais de setenta outras localidades nordestinas o povo se rebelou
invadindo as Câmaras e destruindo as medidas e os editais. Diversos motivos
determinaram o descontentamento da população. Uma delas foi a cobrança de taxas
para o aluguel e aferição dos novos padrões do sistema métrico – balanças,
pesos e vasilha de medidas. A lei que os criara proibia a utilização dos
antigos padrões, e os seus substitutos deveriam ser alugados ou comprados na
Câmara Municipal à razão de 320 réis por carga. Os comerciantes, por sua vez,
acrescentavam ao preço das mercadorias o valor do aluguel ou da compra dos
padrões, o que encarecia ainda mais os produtos para a população. Outra razão
foi a criação do chamado "imposto do chão", cobrado dos feirantes que
expunham no chão da feira as mercadorias que pretendiam vender. E uma terceira,
o estabelecimento das novas regras de recrutamento, sobre as quais se dizia que
não escapariam do "voluntariado" militar nem as pessoas de posses.
Por todas essas razões o número de revoltosos cresceu de forma acelerada, já
que era engrossada por comerciantes, por proprietários de imóveis, por pequenos
agricultores cuja receita dependia da venda semanal de sua produção na feira, e
também por consumidores que se sentiam diretamente atingidos em virtude da
elevação de preços dos produtos que precisavam adquirir. A luta contra a
sistemática inovadora se estendeu a muitos outros municípios, e acabou
envolvendo também os estados de Piauí, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte. Neste estado, das treze
vilas rebeladas, cerca de cinco eram da região do Seridó: Acari, Currais
Novos, Flores, Jardim e Príncipe.
Pela
repercussão favorável que encontrou, a revolta dos Quebra-Quilos preocupou
fortemente as autoridades provinciais porque vilas inteiras do Nordeste
aderiram à rebelião contra o decreto que impunha a implantação de um novo
sistema métrico, com seus habitantes saqueando feiras e destruindo pesos e
medidas do comércio. Mas a enérgica repressão promovida pelo governo imperial
foi bem sucedida, porque as forças militares conseguiram em pouco tempo
pacificar a região, sem necessidade de confrontos mais sérios.
Referências
MACÊDO, M. K.
de (1998). Revoltas populares na Província do Rio Grande: o
"Quebra-Quilos" e o "Motim das Mulheres". História do RN n@
WEB [On-line]. Available from World Wide Web: www.seol.com.br/rnnaweb/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_do_Quebra-Quilos
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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