Seguidores

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

ANTÔNIO MATILDE O TIO DE VIRGOLINO


Antônio Ferreira Lima casou com Maria Francisca Chaga. Dessa união nasceram cinco filhos, três homens e duas mulheres. O nome dos descendentes, do sexo masculino, eram, do mais velho para o mais novo, João Ferreira Sobrinho, o primogênito de apelido ‘João Rola’, José Ferreira, futuro pai de “Vassoura”, “Ponto Fino” E “Lampião”, e Venâncio Ferreira.

Dando um ‘salto’ fora de casa, Antônio Ferreira Lima, pai do pai de Virgolino, apaixona-se pela jovem Matilde, e desse namoro nasce Antônio José Ferreira, que na saga cangaceira ficou conhecido como “Antônio Matilde” ou “Antônio de Matilde’. Mesmo sendo filho bastardo é tio dos filhos de José Ferreira, inclusive de Virgolino. Só excluindo-se Antônio Ferreira, pois, segundo algumas literaturas o mesmo não era irmão legítimo dos demais filhos de Zé Ferreira. Mas, isso é outra ‘gleba’ da história que contaremos mais tarde.

Devido à intriga de sangue entre os componentes das famílias Monte e Feitosa, vindas das terras de Iracema, da qual, o avô de Virgolino, Antônio Ferreira Lima, tinha modificado esse nome. Usou outros, além do mostrado, como Antônio Ferreira de Barros, Antônio Ferreira da Silva e Antônio Ferreira de Magalhães, quando se sabe que seu nome verdadeiro era Antônio Alves Feitosa.

Antônio José Ferreira foi, como tantos, forjado no duro semiárido sertanejo onde, para sobreviver, já significava uma enorme vitória, devido, principalmente, a falta de assistência dos governantes, e as grandes estiagens que assolam aquele chão.

Desde cedo aprende o manejar das armas. Quando de sua adolescência para adulto, já fazia parte do grupo de cangaceiros do chefe cangaceiro Cassimiro Honório, que atuava nas ribeiras do Navio e Moxotó pernambucano, tendo como companheiros os cangaceiros “Marcolino do Juá, o Marcula; Ângelo Carquejo, o Anjo Novo; José e João Davi, os Rajados; João Branco; Vicente Moreira; Cirilo Antão; Joaquim Cariri, (genro do chefe); Pedro Fernandes; Elpídio Freire; Clementino Cordeiro de Morais e Antônio Pereira dos Santos”.

Antonio Rosa

Quando da emboscada armada contra os ‘Ferreira’, por Zé Saturnino e seus ‘cabras’, Antônio Ferreira é baleado na altura do quadril e quem cuida desse ferimento é, justamente, Antônio Matilde, que na época tinha ‘experiência’ em tratamento de ferimentos à bala. Antônio Ferreira fica de ’molho’ mais ou menos uns vinte dias na sede da fazenda de Antônio Matilde.

Sabedor de que Antônio Matilde tinha cuidado do ferimento de Antônio Ferreira, Zé Saturnino denuncia o mesmo às autoridades de Vila Bela. As autoridades designam alguns soldados que acompanham Zé Saturnino e seus homens na busca para prenderem o tio de Virgolino.

Lampião aos vinte anos de idade

A equipe formada por ‘cabras’ de Saturnino, o próprio e os soldados vão dá com Antônio Matilde na sede da sua fazenda Matuta. Lá chegando prendem o dono daquelas terras. Zé Saturnino, insatisfeito ainda desce a ‘lenha’ em Antônio, monta em suas costas e o faz de montaria, usando as esporas. Após ser levado para Vila Bela, dentro da cadeia Antônio passa a levar uma surra por dia, durante uma semana. No final da semana de suplícios ele é ‘liberado’ e profere a frase famosa:

“-Adeus Vila Bela! Até a hora do juízo final!”

Mesmo que os ferimentos na carne tivessem sarado, os internos, a honra e as humilhações, jamais saram, e Antônio Matilde se refugia nas terras da fazenda Cobra, nas Alagoas, sob a proteção do coronel Ulisses Luna.

Primeiro bando comandado por lampião em 1922. esse bando foi 'herdado' do Sinhô Pereira. — com severino barros barros.

Sem terem sarados as chagas ‘íntimas’, estavam sempre ‘vivas’ e sanguinolentas, Antônio Matilde sempre remoía no juízo uma forma de vingar-se das humilhações que Zé Saturnino o fizera passar. Mesmo se não o matasse, causaria grandes prejuízos ao fazendeiro. Na segunda metade de 1919, Antônio Matilde chama os sobrinhos Higino, Antônio, Livino e Virgolino, isso já quando os Ferreira estavam tentando morar em terras alagoanas, e vão falar com o chefe cangaceiro Sinhô Pereira, pedindo-lhe ajuda para a desforra. Sinhô Pereira lhes ‘empresta’ seis cabras comandados pelo valente cangaceiro Baliza, que era José de Dedé.

José Dedé o cangaceiro Baliza

Esse grupo causa grandes arruaças na região de Vila Bela. Escolhem um setor para fazerem seu ponto de apoio e atacam por diversas vezes e maneira, mesmo diariamente, as fazendas Pedreira e Serra Vermelha. Devido a esses ataques é que Zé Saturnino recorre ao tio, o famoso chefe cangaceiro Cassimiro Honório.

Sebastião Pereira e Silva (ou da Silva) - o chefe cangaceiro 'Sinhô Pereira"

Recebendo ordens de Antônio Matilde, os homens iam esperar que as reses aparecessem para beber e as abatiam. Em certa ocasião, Cassimiro ouvindo os disparos, já sabe do que se trata e arma uma emboscada para os cabras que estão a abater o gado. Dessa vez eram dois, Higino e José Benedito, que quando aparecem à bala come solta. Higino tomba morto e Benedito é salvo pela posição que levava sua arma, pois a coronha do rifle ficou despedaçada pelos tiros que vinham em direção ao seu corpo, com isso, ele salva-se da armadilha.

Os emboscadores, sabedores de que os tiros foram escutados pelos outros cabras e mesmo pelas notícias dada pelo ‘fugitivo’ que escapou, se amoitam novamente, levam uma bala na agulha da arma e esperam...

Zé Saturnino

Virgolino tendo escutado o som dos disparos, sabe que alguma coisa está acontecendo de errado. Resolve ir investigar. Na nova emboscada, um cabra de Zé Saturnino, Tibúrcio, que era negro, pede ao patrão para atirar antes dos demais, no que é permitido por ele ter uma mira afamada. Tibúrcio atira de ponto em Virgolino, não a referência do porque que o pistoleiro erra o tiro. Durante esse dia foram vários os combates ocorridos. Terminando pelo agressor, Antônio Matilde, ser ferido.

Alguns homens do bando de Matilde, depois dele estar baleado, vão alojarem-se na Vila de São Francisco. Virgolino, Baliza e outros seguem para as Alagoas, e o tio Antônio para fazenda Carnaúba, cuidar dos ferimentos. Após a recuperação, também retorna para terras alagoanas... Outras e outras façanhas e brigadas Antônio Matilde realizou em sua vida conturbada de fora-da-lei.

Fonte
“De Virgolino a Lampião” (Vera Ferreira e Antônio Amaury)
“Lampião – Entre a Espada e a Lei” (DANTAS, Sérgio A. de Souza.)
“Lampião – a Raposa das Caatingas” ( José Bezerra Lima Irmão)

Fotos lampiãoaceso.com
Jornal A Noite
Tokde história.com

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?ref=ts&fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Comentário do pesquisador do cangaço Chagas Nascimento:

    Sálvio o entrançado familiar no sertão era grande, o Antonio Matilde era tio do Baliza. Depois destas escaramuças em Pernambuco e Alagoas, o Coronel Ulisses Luna o expulsou de suas terras. Daí o Matilde partiu para o sertão da Paraíba e terminou os seus dias em terras de Catolé do Rocha em terras dos Rosado Maia, vindo a falecer em 1927, com o nome de Antonio Ambrósio. Fonte de pesquisa: "LAMPIÃO e o estado maior do cangaço. Autores: Hilário Lucetti e Magérbio de Lucena"

    ResponderExcluir