Por Guilherme Machado
Lampião aportou na Bahia com o propósito de dar um tempo, recompor forças, restaurar o seu bando e planejar novas investidas longe das fronteiras pernambucanas que a polícia desse Estado se apressou em controlar temendo o retorno do Capitão Virgulino. Lampião chegou na Bahia faminto, cansado, porém com muito dinheiro na mochila; assim declarou na época ao Coronel Petronilo de Alcântara Reis, chefe político de Santo Antônio da Glória.
Entenderam-se o bandido e o Coronel em torno de um acordo de proteção, cogitaram negócios em comum, desentenderam-se mais tarde. Em represália o Rei do Cangaço botou fogo nas propriedades do chefe político e matou várias cabeças de gado. Este reagiu, segundo conta Oleone Coelho Fontes no seu livro “Lampião na Bahia”, contratando mais de 50 jagunços em Pernambuco, a maioria criminosos comuns, para defender seu patrimônio.
Os primeiros dias de Lampião na Bahia sequer foram percebidos pelo governo e
pela imprensa. Contribuiu para isso a atitude pacífica do cangaceiro que
encarou essa etapa de sua vida como um momento para relaxar, mantendo-se por um
tempo longe das forças policiais determinadas a capturá-lo. Então, descreve
Oleone Coelho Fontes, assistiu festas de casamento, bebeu na companhia de
soldados, foi perdulário nos gastos, promoveu vaquejadas e rodeios com ele
mesmo como protagonista e ainda organizou animados arrasta-pés em concorridas
festas com a sua sanfona de 8 baixos marcando o tom.
Durou pouco esse estado de espírito do Rei do Cangaço. Meses depois, em dezembro de 1928, reaparecia em público na Vila do Cumbe (hoje Euclides da Cunha) para extorquir dinheiro dos fazendeiros da região e retomar a sua rotina de saques e violência. Os primeiros dias de Lampião na Bahia poderiam ser interpretados, no contexto aqui retratado, como um período de férias...!!!!
Fontes: Lampião na Bahia. Oleone Coelho Fonte, e Caminhos De Lampião Rubens Foto de João de Souza Lima e Museu do Cumbe.
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