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quinta-feira, 9 de março de 2017

CONSELHOS DO PADRE CÍCERO A UM AMANCEBADO

Por Junior Almeida
Foto da estátua do Padre Cícero, no "Museu Vivo" do Alto do Horto, Juazeiro do Norte, Ceará.

Um sujeito vivia em Juazeiro nos tempos do Padre Cícero. Fugiu da seca em sua cidade, fenômeno que sempre judiou do nordestino, principalmente do camponês. Foi com mulher e filhos tentar a sorte na “Meca Sertaneja”, mas, que mesmo sendo considerada uma cidade santa, nunca deixou de ter suas tentações mundanas. Jogo, pistolagem, cachaça e rapariga, nunca faltaram em Juazeiro do Norte, desde que a vila com poucos ranchos de palha pertencente ao Crato.

Pois bem, o cidadão que fora viver em Juazeiro sob as bençãos do "Padim", com as recomendações de que vivesse para família, plantando, colhendo e fazendo o bem, caiu na bagaceira e meteu o pau a jogar baralho a dinheiro, beber até cair e a se enxerir. Não podia ter um trocado no bolso que corria para as noitadas nos cabarés da cidade, para encher o fioofó de cana, jogar e quengar.

O cabra já vivia a um bocado de tempo nessa vida desregrada. A mulher e os filhos dele eram quem mais sofriam com essa situação, pois faltava a presença do homem da casa, faltava a paz do lar, e principalmente faltava o pão.

Cansada de tanto sofrimento, a mulher resolveu se aconselhar com o Padre Cícero, a quem contou todos os seus problemas. O religioso ouviu tudo atentamente, e só ao final da conversa foi que falou. Mandou que a mulher arrumasse uma pessoa que dissesse ao seu marido, que queria lhe falar. Assim foi feito, e a sofredora criatura deu um jeito para que o marido fosse ter com o velho padre.

O sujeito foi ligeiro ver o que o "Padim" queria. Padre Cícero foi direto ao assunto, dizendo que sabia que ele vivia amancebado com raparigas da cidade. Sem poder negar, o cabra admitiu as puladas de cerca, mas tentou se justificar, dizendo que sua mulher já estava velha.

- Pois faça o seguinte: disse o padre.

- Quando você estiver dormindo ao lado de uma dessas mulheres, se levante calado e acenda uma vela pra olhar pra ela. Concluiu o sacerdote.

O homem fez como o Patriarca do Juazeiro recomendou, e mais ou menos à meia noite, depois de ter farreado muito, levantou de ponta de pé, e no bolso de sua calça que estava pendurada num prego do quarto, pegou uma vela. Acendeu e clareou pro lado da cama. O cabra assombrou-se ao ver na cama uma enorme serpente no lugar de onde estava deitada a mulher com quem tinha passado a noite. Sem fazer barulho, saiu do quarto, da casa, e voltou a sua vida de trabalho e pra família.

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