Por Jerdivan Nóbrega de Araújo
Era um março de 1969, eu tinha então oito anos de idade. Mãe Lourdes, minha avó, foi até a nossa casa na Rua de Baixo, me puxou pelos braços e disse: vamos ali comigo.
Sem questionar, a segui. Atravessamos a rua do Comércio e a Jerônimo Rosado, até chegarmos no Hospital Sinhá Carneiro.
Adentramos o hospital e fomos até uma enfermaria onde um senhor de 58 anos de idade, mas, aparentando 80 por conta da enfermidade que poucos dias depois o levaria a óbito, respirava e falava com dificuldades.
Ele falou com mãe Lourdes agradeceu a visita, e conversaram por um bom tempo. Antes mãe Lourdes já havia apresentando-me como sendo seu neto. Ele pegou as minhas mãos balbuciou palavras que não me lembro e sorriu um sorriso de “até nunca mais”. Foi este o meu último e talvez único contato com Monsenhor Oriel Antônio Fernandes: o “Padoriel”, para o povo de Pombal.
Eu nunca entendi esses atos de mãe Lourdes em levar-me para conhecer padres: fez o mesmo com Frei Damião em uma de suas “missões’ na cidade e com padre Sólon de França.
Mas, o que nos interessa aqui é lembrar de Padre Oriel como gente das ruas de Pombal.
Sem questionar, a segui. Atravessamos a rua do Comércio e a Jerônimo Rosado, até chegarmos no Hospital Sinhá Carneiro.
Adentramos o hospital e fomos até uma enfermaria onde um senhor de 58 anos de idade, mas, aparentando 80 por conta da enfermidade que poucos dias depois o levaria a óbito, respirava e falava com dificuldades.
Ele falou com mãe Lourdes agradeceu a visita, e conversaram por um bom tempo. Antes mãe Lourdes já havia apresentando-me como sendo seu neto. Ele pegou as minhas mãos balbuciou palavras que não me lembro e sorriu um sorriso de “até nunca mais”. Foi este o meu último e talvez único contato com Monsenhor Oriel Antônio Fernandes: o “Padoriel”, para o povo de Pombal.
Eu nunca entendi esses atos de mãe Lourdes em levar-me para conhecer padres: fez o mesmo com Frei Damião em uma de suas “missões’ na cidade e com padre Sólon de França.
Mas, o que nos interessa aqui é lembrar de Padre Oriel como gente das ruas de Pombal.
Monsenhor Oriel Antônio Fernandes, nasceu no sítio Quixaba, na vila de Belém,
hoje Uiraúna. Era filho de Marcelino Josa Vieira (Major Salo) e dona Maria
Emetina Fernandes das Chagas.
Entrou para o seminário no dia 31/01/1929, onde fez os estudos ginasiais, filosóficos e teológicos.
Foi nomeado Pároco da Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal –Igreja Matriz- em 17/02/1957. Exerceu ainda as atividades de professor do Ginásio Diocesano, Professor de Religião, Capelão da Escola Normal Josué Bezerra e diretor do Hospital Sinhá Carneiro.
Padoriel Construiu a Escola Paroquial São Vicente de Paulo em Pombal e também foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombal e de Lagoa.
Diferente de outros padres que passaram e passam por Pombal, Padoriel era desapegado de valores materiais. Não que deixasse de pedir ou receber donativos, mas, o que recebia não era para seu usufruo e sim para seguir com suas obras.
Não se pode falar de Padoriel sem falar em seu Raimundo Sacristão, que foi seu fiel escudeiro, e o conduzia em um velho Jeep azul pelas ruas e distritos de Pombal, onde ele ia celebrar missas, dá extrema-unção e outras atividades religiosas. Retornava a Pombal, no tempo dos bons invernos, com o Jeep carregado de feijão, arroz, galinha, ovos e outros mantimentos doados pelas comunidades.
Certa vez em uma missa na igrejinha de Arruda Câmara, Padre Oriel celebrava a missa, quando uma senhora passou a acenar lá do meio da igreja. Atento e sempre proativo, seu Raimundo correu apara atendê-la, e de lá gritou:
-Padre ela tá dando uma coisa...
Entrou para o seminário no dia 31/01/1929, onde fez os estudos ginasiais, filosóficos e teológicos.
Foi nomeado Pároco da Igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso de Pombal –Igreja Matriz- em 17/02/1957. Exerceu ainda as atividades de professor do Ginásio Diocesano, Professor de Religião, Capelão da Escola Normal Josué Bezerra e diretor do Hospital Sinhá Carneiro.
Padoriel Construiu a Escola Paroquial São Vicente de Paulo em Pombal e também foi fundador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pombal e de Lagoa.
Diferente de outros padres que passaram e passam por Pombal, Padoriel era desapegado de valores materiais. Não que deixasse de pedir ou receber donativos, mas, o que recebia não era para seu usufruo e sim para seguir com suas obras.
Não se pode falar de Padoriel sem falar em seu Raimundo Sacristão, que foi seu fiel escudeiro, e o conduzia em um velho Jeep azul pelas ruas e distritos de Pombal, onde ele ia celebrar missas, dá extrema-unção e outras atividades religiosas. Retornava a Pombal, no tempo dos bons invernos, com o Jeep carregado de feijão, arroz, galinha, ovos e outros mantimentos doados pelas comunidades.
Certa vez em uma missa na igrejinha de Arruda Câmara, Padre Oriel celebrava a missa, quando uma senhora passou a acenar lá do meio da igreja. Atento e sempre proativo, seu Raimundo correu apara atendê-la, e de lá gritou:
-Padre ela tá dando uma coisa...
No que padre responde:
-Então recebe Raimundo...
Seu Raimundo insiste:
- Mas, Padre é uma coisa ruim...
Padre Oriel retruca de lá do altar:
-Ora, então não recebe Raimundo.
Era comum nos sertões os famosos “casamentos forçados”: era quando o homem “bulia” com a moça e a família o obrigava a casar, muitas vezes até com a presença da polícia.
Num desses casamentos, padre Oriel olhou para os noivos e viu que eram muitos jovens, então falou.
- Não gosto de realizar esses casamentos forçados. Por isso eu gasto de pergunta se o casamento é da vontade dos noivos. Então eu pergunto: o noivo casa de vontade própria?
O noivo respondeu:
- Não padre. Eu não quero casar com ela.
O padre continua.
- Então não eu não faço o casamento. Mas, também não vou me responsabilizar pela vida do noivo depois que eu sair daqui.
Assustado o noivo retruca:
- Padre, mas o senhor não acha que com o tempo eu vou me acostumar com o casamento?
Padre Oirel continua:
- Meu filho, é mais fácil a gente se acostumar com as coisas em vida do que depois de morto.
Padoriel ou Monsenhor Oriel Antônio Fernandes nasceu no 18 de novembro de 1911 e faleceu em 17 maio de 1969.
-Então recebe Raimundo...
Seu Raimundo insiste:
- Mas, Padre é uma coisa ruim...
Padre Oriel retruca de lá do altar:
-Ora, então não recebe Raimundo.
Era comum nos sertões os famosos “casamentos forçados”: era quando o homem “bulia” com a moça e a família o obrigava a casar, muitas vezes até com a presença da polícia.
Num desses casamentos, padre Oriel olhou para os noivos e viu que eram muitos jovens, então falou.
- Não gosto de realizar esses casamentos forçados. Por isso eu gasto de pergunta se o casamento é da vontade dos noivos. Então eu pergunto: o noivo casa de vontade própria?
O noivo respondeu:
- Não padre. Eu não quero casar com ela.
O padre continua.
- Então não eu não faço o casamento. Mas, também não vou me responsabilizar pela vida do noivo depois que eu sair daqui.
Assustado o noivo retruca:
- Padre, mas o senhor não acha que com o tempo eu vou me acostumar com o casamento?
Padre Oirel continua:
- Meu filho, é mais fácil a gente se acostumar com as coisas em vida do que depois de morto.
Padoriel ou Monsenhor Oriel Antônio Fernandes nasceu no 18 de novembro de 1911 e faleceu em 17 maio de 1969.
Enviado
pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de
Araújo Cardoso.
http://blogdomendesmendes.blogspot.com
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