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quarta-feira, 3 de maio de 2017

15 DE AGOSTO DE 1921 DONA JACOSA COMPLETA 77 ANOS

Por José Mendes Pereira

O escritor e pesquisador do cangaço José Bezerra Lima Irmão afirma em seu maravilhoso livro "Lampião a Raposa das Caatingas" página 107 - 1ª edição, que no dia 15 de agosto do ano de 1921, os Ferreiras participaram do aniversário da avó materna, Dona Jacosa, que naquele dia, estava completando 77 anos.

Admiro a coragem do Sinhô Pereira "Prefiro ficar como minhas netas, meus parentes e meus amigos. Aqui enterrei o passado. Minha presença em Pernambuco pode reacender velhos ódios".

Naquele ano, os Ferreiras eram comandados pelo famoso cangaceiro Sinhô Pereira, e pediram licença para participarem das festividades de aniversário da avó Jacosa, no Poço do Negro, e que seria uma surpresa para ela. 

O primeiro, atrás, à esquerda, alguns afirmam ser o cangaceiro Levino. O da direita, atrás, para mim, desconhecido. O da esquerda, na frente é Lampião. E o da direita é o Antonio Ferreira.

A licença foi aprovada pelo chefão, e entre os irmãos Lampião, Antonio e Levino, também estava o Antonio Rosa, que este, para eles, era como se fosse um irmão; e mais três cabras que trouxeram lá do Estado de Alagoas.

Dona Jacosa estava feliz! Aquele dia, era o seu aniversário de 77 anos, ou 77 velinhas acesas para ela mesma apagar, mesmo que elas não estivessem presentes, mas, na sua mente, elas estavam acesas e as apagaria com muito orgulho, porque, nem todos têm o prazer de comemorar 77 anos. E ela ali estava comemorando. 

Dona Jacosa ali estava sentada, bem em frente à sua almofada de rendar, e de repente, ouviu uma voz por trás das suas costas, que sabia bem, que aquela voz era da sua intimidade, muito embora, fazia algum tempo que não a ouvia, era Virgolino Ferreira, cantando a música seguinte:

- Olê mulé rendera... 
Olê mulé rendá...
Tu mi insina a fazê renda...
que eu ti insino a namorá.

https://www.youtube.com/watch?v=Yz5lGRy2K-U

A velha dona Jacosa caiu em riso de felicidade, por ver os seus netos ali presentes em seu aniversário, principalmente, o Virgulino Ferreira da Silva, que talvez, nem imaginava a sua presença ali, e nem as presenças dos seus irmãos Levino e Antonio, naquele dia do seu aniversário. E logo exigiu a sua presença bem pertinho de si. Queria, talvez, abraçá-lo, beijá-lo. 

- É você, Virgulino?!... Cheque ora cá, meu Muleque!...

E ali, todos tiraram os chapéus e foram e a ela foram pedir a bênção a ela!

Segundo o autor, os irmãos Ferreiras passaram 4 dias lá em Poço do Negro, e aos poucos, com calma foram repassando para a avó o que no momento estava se passando com a família Ferreira.

Ela ouvia tudo, mas sem interrompê-los. E em um momento,  os observou e lhe disse como se ali estivesse recitando um belo texto:

Maria Sulena da Purificação mãe de Lampião

- Se alembrem, meus fio, que a finada sua mãe (Maria Sulena da Purificação) sempre alertava: num tenho fio pra guardá no baú... Home qui é home deve sê dereito. Mais, quano se mexe cum a sua honra, tem de agi. Ficá dismoralizado, nunca! Nunca!. 

Fonte de Pesquisa: "Livro - Lampião a Raposa das Caatingas"
Autor: José Bezerra Lima Irmão
Página: 107
Edição: 1ª.
Ano de Publicação: 2014
Editora: JM Gráfica e Editora
Salvador: Bahia

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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