Autor José Ribamar Alves
Desenho: Internet
Sou filho do semiárido
Herói da vida campeira
Primo do mandacaru
Irmão da carnaubeira.
Parente do juazeiro
Que atravessa o ano inteiro
Verde como um periquito
No chão que a seca castiga
Não se conhece quem diga
Que tem algo mais bonito.
Castigada pelo sol
Minha pele de vaqueiro
Tem a cor da substância
Da casca do cajueiro.
Odeio cortar caminho
Sou forte como o espinho
Da folha da macambira
Das minhas mãos calejadas
Conclusões precipitadas
Quem tem juízo não tira.
Deixando o campo assolado
No ano que a seca avança
Perco plantações e gado
Mas não perco a esperança.
De dar a volta por cima
Que a seca não desanima
Quem não se rende à quizília
Encaro a fome com calma
E arranco da fé da alma
O pão pra minha família.
Sempre que a estiagem
Perde a mira e sai de linha
Percebo que não há terra
Boa do tanto da minha.
Pra começar dar de tudo.
Só a fonte de estudo
De Deus conhece o segredo
Quem chega aqui todo errado
Ainda vai atrasado
Mesmo indo embora cedo.
Aqui só não vive bem
Quem não trabalha esperando
Que o governo lhe dê
O que estiver faltando.
Esperar por quem repete
Que dar, mas o que promete
Não tem quem veja chegar,
Pra mim e pra mais alguém
É coisa pra quem não tem
Coragem de trabalhar.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
José Ribamar Alves
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