*Rangel Alves da Costa
Recentemente escrevi um pequeno texto onde caracterizo as ações e as atitudes de determinadas pessoas como a de verdadeiros urubus. Peço perdão à ave adoradora de restos mortos e carniças pela comparação com aqueles que gostam mesmo é de dizimar pessoas vivas, definhar e exaurir o próximo, deixar em aberto as entranhas do espírito e da alma. E tudo pela maldade, pelo gosto de ser carnicento da vida do outro.
Perto de certas pessoas, os urubus são um doce de ave. Aliás, estas aves escurecidas e que gostam de dar rasantes nas proximidades dos animais mortos e dos restos já em estado de putrefação, não só prestam um excelente serviço ao equilíbrio ecológico como debelam focos de vermes e doenças oriundas das carniças encontradas. Seus organismos são perfeitamente adaptados ao consumo do putrefato sem que, com isto, se tornar um transmissor automático de doenças. Isto não significa que o ser humano esteja livra de contaminação no seu manuseio ou proximidade. Mas, de qualquer modo, muito menos perigosos que os urubus humanos.
No texto acima referido, recentemente publicado, assim afirmei: “Coitados dos urubus que avoejam pelos ares em busca de qualquer apodrecimento para saciar sua estranha fome. Estes são inocentes demais perante certas pessoas. Estes são como pássaros do paraíso perto de determinados seres humanos. Aliás, muitas pessoas - e muitas mesmo - são infinitamente piores que todas as aves carnicentas, agourentas, de presságios ruins. Coitado do urubu, do gavião, do carcará, do abutre, da rasga-mortalha.
Coitado do bicho perto do humano. Pessoas existem que são mais podres que as carniças tão desejadas pelos seus deploráveis instintos. Pessoas existem que são mais destrutivas que os bicos afiados e sujos de sangue das rapinas. Pessoas existem que são mil vezes mais agourentas que um milhão de rasga-mortalhas. Vivemos rodeados de uma verdadeira selva. Já conhecemos os lobos pelas ações violentas, pelos uivos que não escondem os ataques. Já conhecemos as cobras pelas espreitam que sempre fazem e pelos botes que traiçoeiramente dão.
Mas nada igual aos urubus humanos, aos carnicentos humanos, cujo olhar, voz e expressões, para outra coisa não servem senão premeditar a maldade no outro, a caída do outro para que se refastelem de seus restos. Para que? Nada. Apenas pela maldade. Desejam carniça nos outros, mas acabam engolindo seus próprios vermes”.
Os fatos comprovam o afirmado. Pessoas existem que possuem bicos apunhalados, garras de fogo e sempre desmedidamente afiadas, uma fome contínua da vida do outro, uma sede permanente para sangrar e exaurir toda a seiva da vida do próximo. Agem sempre através de ações pérfidas, nojentas, execráveis em todos os sentidos. Agem pelo mórbido prazer de destruir, de diminuir, de aniquilar.
Pelos ares, com jeito de quem não quer nada, os urubus vão fazendo ronda e, lentamente, se aproximando, mais e mais. De repente, em rasantes, já estarão rodeando os restos mortos de algum animal. Daí em diante um destripamento descomunal. Contudo, o animal já estava morto ou já em estado de putrefação. Acaso fossem carcarás e gaviões, bastaria que o animal estivesse já sem forças para se reerguer.
E como acontece com o homem urubu? Como faz o ser humano carnicento? Olha o outro já com ciúme, com inveja, com o olhar da maldade. E vai logo dissecando. Depois vomita inverdades, mentiras e falsidades, a quem lhe der ouvidos. Compraz-se em derrotar o outro pela palavra, em dizimar o outro pela mentira. E assim vai vivendo da carniça que é a sua própria vida e a sua deplorável pessoa.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário