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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

CAIXÃO DE GUARDAR FEIRA.


 Por José Ribamar Alves

Com essa crise maldita
Que tanto mal já me fez;
Nem minha fé acredita
Que vou vencer dessa vez.
Tudo sobe todo mês
Pra secar minha carteira;
Pior é que não tem quem queira
Eu de carteira assinada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

Conta não tem me faltado
Da lava-jato pra cá!
O Anticristo falado,
Da Escritura, está lá...
E eu levando jucá
Pela comida grosseira;
Sem usar tornozeleira
Pagando a grana roubada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

Denúncias provam que a meta
Dos políticos, é desvio!
Eles, de conta repleta,
E eu de caixão vazio...
Falta gás para o pavio
Da lamparina caseira;
Carne de boi, de primeira,
Pra mim já virou piada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

Devo água, devo luz,
Devo compras na cantina,
Por mim a não ser Jesus
Só tenho a fome cretina...
Que quando bate domina,
Freando minha carreira;
Sempre muito mais certeira
Que explosão de granada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

Eu não acredito mais
Em mudança e crescimento,
Essa falta de reais
Que eu vejo no momento;
Me traz arrependimento
De ter causando a besteira,
De aumentar a fileira
De guabirus de bancada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

É lamentável saber
Que a gasolina subindo
Acaba diminuindo
Minha chance de viver;
Quem se mantém no poder
Quer me manter na coleira,
Pra não dar fé da sujeira
Que deixa a nação manchada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

O meu imposto retorna
Transformado em prejuízo,
Tudo que ganho se torna
Pouco para o que preciso,
Quem me vê, só me vê liso,
Sem grana pra macaxeira,
Peixe, carne de terceira,
Feijão, arroz ou buchada...
Nunca Mais eu Guardei Nada
No Caixão de Guardar Feira.

FIM

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso..

http://blogodmendesemendes.blogspot.com

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