Por Adinalzir Pereira
Tudo começou
com as terras do Barão
Fernando Vidal
Leite Ribeiro era assim que se chamava o Barão de Santa Margarida. Nasceu em
Juiz de Fora, Minas Gerais, a 24 de julho de 1864. Era filho legítimo de
Joaquim Vidal Leite Ribeiro e Alexina Amélia Caldeira de Andrada Fontoura,
Barão e Baronesa de Itamarandiba.
Seu pai
descendia da família de José Leite Ribeiro (avô do Barão de Santa Margarida)
que muito contribuiu para a evolução cafeeira do Rio de Janeiro no século XIX.
Daí surgiu todo um grupo de homens notáveis para a formação de uma nova ordem
para a cidade do Rio de janeiro. O trabalho realizado por seu avô e logo depois
por seu pai, deixaram seus nomes ligados à história e benfeitorias de várias
cidades fluminenses, tais como: Vassouras, Barra do Piraí, Barra Mansa, entre
outras.
Fernando Vidal
Leite Ribeiro passou sua infância entre Juiz de Fora, Rio de Janeiro,
Petrópolis e Friburgo. Em 1882 fez uma longa viagem a Europa, só interrompida
com a morte de seu pai em 1883. Apesar de não ter uma formação acadêmica, era
dotado de excelente cultura e possuía uma vasta biblioteca que com o tempo e as
mudanças acabou se dispersando.
Imagem
cedida pelo amigo Hugo Caramuru, de São João Del Rei, Minas Gerais. Segundo ele
de autor desconhecido.
Casou-se com
Margarida de Castro, a 24 de julho de 1884, na Matriz de São João Batista da
Lagoa, no Rio de Janeiro, com quem teve vários filhos, existindo ainda um
grande número de descendentes diretos e indiretos. O Barão e a Baronesa
casaram-se muito jovens, ele com 19 anos e ela com 18 anos completos. Dentre os
inúmeros convidados presentes a cerimônia estava o Visconde de Santa Cruz e
Antônio Furquim Werneck, médico obstetra da Princesa Isabel, membro da Academia
Nacional de Medicina, deputado federal e prefeito do Rio de Janeiro, então
Distrito Federal em 1897.
Foram seus
filhos legítimos: Armando Vidal Leite Ribeiro; Zilda de Castro Vidal Leite
Ribeiro; Raul Leitão da Cunha; Nair Vidal Leite Ribeiro; Joaquim Vidal Leite
Ribeiro e Maria da Glória Vidal Leite Ribeiro.
Foi criado num
ambiente de verdadeiros fazendeiros do interior. Ainda jovem, passou depois da
República, a conviver com pessoas ligadas à administração pública, entre os
quais o seu cunhado Sampaio Ferraz, então poderoso chefe de polícia do Rio de
Janeiro. Foi agraciado com o título de Barão por decreto reconhecido pela
Princesa Imperial Regente pelos serviços prestados ao Império. Sendo este
título decretado por D. Pedro II, Imperador do Brasil, conforme decreto de
21-07-1887. Em 05 de dezembro de 1890, aos 25 anos de idade, foi nomeado
Tenente-coronel da Guarda Nacional, comandante do 4º Batalhão de Infantaria da
Capital Federal, tendo sua patente assinada pelo Marechal Deodoro da Fonseca.
Foi um dos mais jovens barões do Império, tendo sido herdeiro de grandes
recursos financeiros. Mais seus recursos já não eram tantos depois dos
prejuízos que a família sofreu com a crise financeira do início da República,
principalmente com a quebra do Banco do Brasil em 1901.
Até a década de 1970,
existia no alto de uma colina na atual rua Coremas do sub-bairro Santa
Margarida, uma grande casa de cor amarela, com portas azuis, estilo fazenda com
vários cômodos, possuindo um amplo varandão, em cujo terreno existiam várias
árvores de tamarindos espalhadas pelo quintal. Durante algum tempo esse grande
casarão foi ocupado pelo Barão e pela Baronesa. Tempos depois, a casa serviu de
escritório para o loteamento e venda dos lotes pela Cia Territorial Palmares.
Em 1912,
passou a fazer parte do Conselho da Caixa Econômica do Rio de Janeiro. Nos
últimos anos de sua vida dedicou-se a Santa Casa de Misericórdia, na qual foi
Mordomo da Tesouraria do Hospital Geral durante um longo período. Também
trabalhou com muito empenho na construção do Hospital São Zacharias, no bairro
de Botafogo, pertencente à Santa Casa. Lá existe a Enfermaria Santa Margarida,
onde ainda se vê um retrato da Baronesa, sua esposa, que foi uma grande
benemérita do hospital.
Foto
do Barão existente num quadro na secretaria da Escola Municipal Barão de Santa
Margarida. Autor desconhecido.
O Barão Fernando
Vidal Leite Ribeiro faleceu em 15 de junho de 1936 e a Baronesa Margarida de
Castro a 25 de abril de 1938, ambos no Rio de Janeiro, sendo sepultados no
Cemitério São João Batista, jazido perpétuo nº 5507.
O sub-bairro
foi criado a mais de 79 anos, havendo documentos de promessa de compra e venda
de lotes desde 1939, época que os grandes fazendeiros passavam por uma grave
crise econômica, devido à crise da bolsa de valores de Nova Iorque, nos EUA.
Até a década
de 1970, existia no alto de uma colina na atual Rua Coremas do sub-bairro Santa
Margarida, uma grande casa de cor amarela, com portas azuis, estilo fazenda com
vários cômodos, possuindo um amplo varandão, em cujo terreno existiam várias
árvores de tamarindos espalhadas pelo quintal a gosto do Barão. Durante algum
tempo esse grande casarão foi ocupado pelo Barão e pela Baronesa. Onde tempos
depois, serviu de escritório para o loteamento e venda dos lotes pela Cia
Territorial Palmares. Um de seus filhos, Armando Vidal Leite Ribeiro foi o
administrador deste empreendimento, sob o comando do Barão, que tinha na época
uma grande influência na administração pública.
Hoje, Santa
Margarida possui 54 ruas, várias praças, seis escolas públicas municipais, um
posto policial, um centro social urbano, um posto de saúde municipal, uma
clínica da família, um centro de recuperação de dependentes químicos, um asilo
e uma creche. Possui também iluminação pública nas ruas, um comércio local em
expansão, uma Igreja Católica e várias igrejas protestantes. A Escola Municipal
Barão de Santa Margarida, existente no sub-bairro ainda guarda o seu retrato na
parede, como uma singela homenagem ao dono de suas terras.
O sub-bairro é
considerado um grande núcleo populacional, possuindo uma grande população na
sua maioria dependente das atividades econômicas do bairro de Campo Grande e do
Centro da cidade do Rio de Janeiro. Hoje Santa Margarida é uma subdivisão do
Bairro de Cosmos, área da AP-5, da XVIII Região Administrativa. Sendo que
atualmente seus moradores lutam pela sua emancipação para que possa se tornar
um bairro da cidade do Rio de Janeiro.
Pesquisa e
texto de Adinalzir Pereira.
Bibliografia:
“Familia Vidal Leite Ribeiro”, Armando Vidal Leite Ribeiro. Ano 1960.
"Anuário Genealógico Brasileiro", pag. 350, ano III, 1941, IGB, São Paulo.
"O Barão de Santa Margarida". Jornal do Brasil. 24 jul 1965. Consultado em 10 dez. 2012.
Vasconcelos, José Smith, Vasconcelos, Rodolfo Smith de (1918). "Archivo Nobiliarchico Brasileiro". Imprimerie La Concorde.
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