Por Conrado
Matos - Psicanalista
Após a morte
de Lampião as traições e delações começaram a correr soltas. Corisco um bandido experiente não conseguiu escapar da Volante. Um filho do Velho
Pacheco não mediu sentimento, entregou o "Diabo Louro" e sua
mulher a temida Dadá. Um cangaceiro que continuou vivo após a morte de Lampião foi
"Saracura". Seu nome verdadeiro Benício Alves dos Santos.
Antes de
relatar um breve resumo sobre este cangaceiro eu vou detalhar algo curioso
sobre um interior da Bahia. O sertão nordestino baiano também foi uma rota
de cangaço, andando por estas terras, os cangaceiros, Zé Baiano, Lampião, Corisco,
Volta Seca e tantos outros.
A cidade de Paripiranga (BA), por
exemplo, foi um lugar de cangaço, ou seja, de cangaceiro. Foi Paripiranga
um fato doloroso e bem estudado na história do cangaço. A cidade
de Paripiranga faz divisa com a cidade de Simão Dias, em Sergipe. Além de um
local de cangaceiro, a região ficou conhecida como um reduto de
"coiteiros" que protegiam e escondiam cangaceiros.
Nasceu
em Paripiranga, justamente, o cangaceiro Saracura. O cangaceiro nasceu numa
região chamada de Curral, onde faz divisa com as cidades sergipanas de
Carira e Pinhão. Já na penitenciária Saracura falou em entrevista
como entrou no bando de Lampião, logo inserido no grupo do cangaceiro Zé
Sereno e mais tarde entrando para o grupo do cangaceiro
"Labareda".
Saracura revelou que optou pelo cangaço para
vingar o que fizeram de ruim com seu pai. Alegou que policiais invadiram o
sítio da família. Os policiais partiram pra cima do seu pai para que ele
falasse do paradeiro de Lampião e seu bando. O velho disse que
não sabia de nada. Os policiais então torturaram o velho e chegaram até a
arrancar as suas unhas, numa tamanha crueldade.
Muitos cangaceiros entraram no
bando de Lampião por se sentirem injustiçados e perseguidos.
Quando Saracura saiu da prisão, o mesmo foi trabalhar no necrotério do
Instituto Nina Rodrigues em Salvador. Quem o arranjou este emprego foi o
doutor e escritor Estácio de Lima.
Um cargo que quase ninguém queria.
Mas, como se tratava de um ex-cangaceiro, nada lhe amedrontava nessa tarefa. Se
não tinha medo de vivos, como iria ter medo de mortos?
Para deixar mais claro
aqui, "Coité" era o nome anterior de Paripiranga, "Nossa Senhora
do Patrocínio do Coité".
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