Para ser
cangaceira precisava ter também um pouco de sorte. Primeiro, pelo companheiro,
depois para livrar-se das doenças e da morte prematura. Laura Alves,
alagoana, uma morena pequena, era o que se pode dizer de não ter sorte no
amor. Abandonada pelo noivo, mesmo com casamento marcado, a moça entrou numa
tristeza profunda. O pai, descobriu que a filha perdera a virgindade e como
castigo, teve prisão domiciliar por muito tempo. Não colocava a cabeça fora de
casa.
Um dia, porém,
Laura conheceu umas cangaceiras que estiveram em sua casa e, interessou-se pela
vida delas. E não pensou duas vezes: entrar no bando, mesmo sem ter
companheiro. Se aquelas moças aguentavam a vida dura no Cangaço, ela suportaria
também. Qualquer vida fora daquela prisão era bem-vinda. E partiu.
No início, a
mais nova integrante do grupo, escolheu o cangaceiro Moita Brava, mas veio uma
outra decepção. Ele não aceitou… Conversou com os cangaceiros solteiros até chegar
em Boa Vista, nascido Manoel dos Santos. Deu certo. Mesmo “casada”, Laura não
demonstrava alegria. Sempre calada e bem-comportada. Recebeu o apelido de
Doninha.
Anos depois,
sumiu do Cangaço e foi morar no Sul da Bahia. Calada e sem alegria, pois a rejeição
do noivo a atormentou até o fim da vida.
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