Curiosidades
da trajetória história do cangaço
Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
A casa que fica no sítio baixio, no pé da Serra de Luís Gomes, pertencia a
familiares dos cangaceiros Massilon Leite e Pinga-fogo. Massilon era ‘os olhos
e ouvidos’ do líder pelas bandas do sertão potiguar. Era ele o responsável por
guiar os homens do cangaço no plano de atacar a cidade próspera de Mossoró.
A recepção
durou pouco. Quando amanheceu os cangaceiros se embrenharam na caatinga.
Galoparam por veredas, saquearam fazendas e fizeram prisioneiros. Na Fazenda
Nova, onde hoje é o município de Major Sales, até o padrinho de Massilon,
coronel Joaquim Moreira foi sequestrado. Na fazenda vizinha de Aroeira, onde
hoje é a cidade de Paraná, eles fizeram mais uma refém: a senhora Maria José
foi levada pelo bando que seguia despistando a polícia e invadindo
propriedades. “A passagem do bando de Lampião pelo RN está qualificada como
banditismo, pois tem casos de assalto, assassinato e uma novidade que até então
não tinha aqui que era o sequestro”, explicou o pesquisador Rostand Medeiros
que já fez o mesmo trajeto de Lampião no RN algumas vezes. “Depois desses ataques
na manhã do dia 10, o bando continuou subindo e praticando todo tipo de
desordem”, lembrou.
Para seguirem
sem alardes os cangaceiros evitavam a passagem por centros urbanos mais
desenvolvidos e desviavam de estradas reais, aquelas por onde passava o gado e
o movimento era maior. O objetivo era evitar confrontos para não desperdiçar
munição e nem perder homens, já que ainda tinha muito caminho até Mossoró
Mapa mostra o
percurso feito por Lampião em terras potiguares — Foto: Reprodução/Inter TV
Cabugi.
Mapa mostra o percurso feito por Lampião em terras potiguares — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi.
Mais ataques.
Na tardinha do dia 10 de junho de 1927 o grupo chegava na Vila Vitória, território que hoje pertence ao município de Marcelino Vieira. No povoado ainda é possível encontrar casas remanescentes da época, e algumas até com sinais da violência praticada pelo bando. Na casa de dona Maria Emília da Silva, por exemplo, eles deixaram marcas de boca de fuzil. Era comum bater com as armas na madeira para assustar os donos da casa. “Eles só foram embora quando viram o retrato de Padre Cícero. Onde tinha retrato de Padre Cícero ele não fazia nada”, contou.
Na comunidade
vizinha os cangaceiros saquearam a casa onde mora dona Terezinha de Jesus. A
casa é antiga, do ano de 1904, mas ainda mantém a estrutura da época. A
aposentada conta que o pai avistou de longe quando o bando chegava, mas não
teve tempo de fugir. Na casa, eles procuraram joias, armas e dinheiro. “Eles
iam a cavalo e armados. Papai dizia que para montar era um serviço grande
porque estavam pesados com armas”, disse Dona Terezinha ao mostrar o quarto dos
fundos onde ficam guardados os baús alvos dos cangaceiros. “Deixavam as roupas
tudo no chão. Jogavam tudo atrás de dinheiro. Aí dinheiro não tinha. Naquela
época era difícil, né? Mas se achassem podiam levar. Era o que diziam”, contou
dona Terezinha enquanto acendia a lamparina para mostrar os objetos
preservados.
Depoimentos de
testemunhas e vítimas da vila Vitória compõem o processo contra Lampião que
tramitou na Comarca de Pau dos Ferros.
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