Por Cultura Popular Brasileira
O Cangaço,
movimento armado iniciado final do século XIX por nordestinos nômades em torno
de disputas de terras, vinganças e rebeldias, teve em Virgulino Ferreira,
Lampião, um ícone cujo nome se perpetua Brasil e mundo afora, temperado pelo
sempre rico imaginário popular que acentua maldades e mitifica benesses que faz
do homem o mito de quem hoje ainda se escuta falar envolto em fantasias que o
tempo só aumenta. Viver no Sertão permitiu-me o contato com idosos que ainda
tinham uma memória viva de alguns acontecimentos e que com uma graça e um
espanto que a distância permite, deram-me a saber. De outros ouvi apenas
daquilo que se falava já "há muitos e muitos anos", como o saber dos
talheres de ouro que o afamado cangaceiro usava de modo que o metal reagia com
qualquer substância venenosa que por má intenção lhe fosse servida denunciando
o articulador da tentativa homicida. Para hoje os relatos de Abdias e Maria
Francisca ilustram o que ainda se sabe e se diz pelo paragens em que Lampião
andou e do rastro de medo que semeou por onde o seu nome se fez ouvir. Do
primeiro, o parente que, feito refém, serviu de guia ao cangaceiro pela região.
Da segunda, a remota lembrança da maldade fisica de que Lampião era capaz de
exercer com cruel gratuidade. Helenita Monte de Hollanda.
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