Por João Filho de Paula Pessoa
Em 1930, Moreno trabalhava na fazenda do Sr. Antonim, em Pernambuco, certo dia chegou lá o Bando de Virgínio, de apelido Moderno, composto por ele, Luiz Pedro, Maçarico, Fortaleza e Medalha e deixaram com Moreno um recado para seu patrão de que voltariam em breve para pegar duzentos mil réis. Ao retornar, o bando trazia consigo um coiteiro amarrado, que os teria traído. O bando recebeu o dinheiro e ficou três dias acampado na fazenda, com o refém, Moreno se aproximou e conviveu estes dias com o bando. Na partida dos Cangaceiros, Moreno manifestou vontade de acompanhá-los, pois já era foragido da polícia. Moderno então lhe impôs uma provação de valentia para seu ingresso, que seria matar o coiteiro traidor. Moreno mirou uma arma no peito do refém e atirou, matando-o friamente, sendo então aceito no bando. Luiz Pedro deu-lhe o apelido de Moreno, vez que seu nome era Antônio Ignácio, e assim, seguiu no grupo. Logo após, Durvinha, também entrou no bando como mulher do chefe Moderno, formando um bonito e amoroso casal. Em 1936, Moderno foi morto em combate e o bando começou a se dispersar, Moreno levou Durvinha a uma estrada para que ela retornasse à sua família, na despedida perguntou-lhe se ela queria seguir no cangaço em sua companhia, proposta que ela aceitou e assim retornaram à caatinga, ele reagrupou o bando novamente e assumiu a liderança com firmeza e valentia, seguindo em frente naquela vida nômade e clandestina. No dia da Morte de Lampião, em 1938, eles estavam em Mata Grande, distante 70 km da emboscada. Apesar da morte do capitão e o declínio do cangaço seguiram firmes, sem se entregar. Em 1940, com a morte de Corisco, resolveram então fugir, despojaram-se de suas armas e adereços do cangaço, esconderam na caatinga e seguiram para Minas Gerais, onde viveram no anonimato por sessenta e cinco anos, além do tempo de Cangaço, trabalharam, tiveram filhos e viveram em paz, num pacto de silêncio sobre o passado. Em 2005, pressentindo a aproximação da morte resolveram contar seu segredo à seus filhos, que impressionados, tornaram pública aquela história de sobrevivência, com registros em na mídia, reportagens e livros. Durvinha e Moreno viveram juntos por setenta e dois anos, ela faleceu em 2008 com 92 anos e ele em 2010, com 99 anos, na mais longa história de amor do cangaço.
João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza, 20/12/2019.
Assista este conto em vídeo - https://youtu.be/NEJ4N3KsHjo
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