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quinta-feira, 25 de novembro de 2021

UM CIDADÃO CHAMADO JONH ULRICK GRAFF

 Por Geraldo Maia do Nascimento

Existe em Mossoró um conjunto habitacional chamado “Ulrich Graff”, localizado no Bairro Alto de São Manoel, a sudeste da cidade. E quando vemos esse nome, pouco comum para a região, estampado nos ônibus coletivos e em outros lugares da cidade, passamos a nos perguntar: Afinal, quem foi Ulrich Graff e o que ele fez para merecer a homenagem da cidade? A resposta vamos encontrar em velhas páginas de história, amareladas pelo tempo. 

Jonh Ulrich Graff 

Jonh Ulrich Graff era um cidadão suíço, industrial e presbiteriano, que chegou ao Rio Grande do Norte pelos fins da década de 1860 para se estabelecer comercialmente, juntamente com seus irmãos. Fundou em Natal a “Casa Graff”, especializada na compra e venda de produtos regionais, tais como algodão, açúcar, pau-brasil, cera-de-carnaúba, etc., tornando-se, em pouco tempo, uma das maiores e mais bem-conceituadas empresa do Estado, sendo a única firma capaz de realizar importações diretas de 140.000$ (Cento e quarenta contos de réis), o que representava uma verdadeira fortuna para a época. Convencido a se instalar em Mossoró pelo padre Antônio Joaquim, fundador do Partido Conservador do qual foi seu chefe por toda a vida e grande incentivador do crescimento econômico da cidade, veio a estabelecer aqui a sua matriz, deixando em Natal apenas uma filial que foi fechada em 1873. Quando em Mossoró, além do benefício comercial que a Casa Graff representava, o referido senhor deixou vestígio de sua iniciativa ao defender, junto ao poder público e a sociedade em geral, a criação de uma estrada de ferro ligando o litoral do Rio Grande do Norte ao rio São Francisco, obtendo essa concessão através do Decreto Provincial n. º 5.561, de 26 de fevereiro de 1874. Graff desejava construir a Estrada por meio do Debentures entre o povo, ricos e pobres; assim organizou o processo, chegando a distribuir impressos, cadernetas, títulos, etc., em quantidade, aqui e nos sertões da Paraíba e Ceará, de forma que o povo, aceitando com alegria, concebeu a ideia, certo estava de serem concessionários da Estrada de Ferro Graff. Mas o projeto não chegou a ser realizado, por um motivo alheio à vontade dele. Graff empreendeu uma viagem ao Pará, onde também tinha uma filial de sua empresa. Ali chegando, a visão das soberbas florestas e os acordes harmoniosos das volatas do Uyapuru o extasiaram, enquanto chamava-o a fatalidade, seguindo rio acima, onde muito se internou, sendo vítima de sua audácia fortuna, ficando talvez insepulto por aquelas paragens, morto pela febre reinante ou curarê da flecha do índio, terminando assim o seu beneficente sonho. O seu corpo nunca foi encontrado. Com o desaparecimento de Ulrich Graff, seus negócios aqui em Mossoró continuaram sendo tocados por Conrado Mayer, um dos seus irmãos suíços, mas a devastadora seca de 1977-79 o levou a falência, acabando assim o sonho de uma Mossoró melhor. A sonhada Estrada de Ferro de Mossoró só veio a surgir em 1915, num pequeno trecho ligando o Porto Franco a Mossoró, por iniciativa da empresa Albuquerque & Cia., de origem cearense. Assim foi a vida de Johan Ulrich Graff, um cidadão suíço, empreendedor, que dedicou parte da sua vida na busca de meios para o desenvolvimento de Mossoró.

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