Por Betina Moura
O cangaceiro
os usava para esconder a cegueira em um dos olhos.
Nos primeiros
dias de julho de 1925, o bando de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1898-1938),
fazia uma de suas muitas incursões pelo sertão pernambucano. Os cangaceiros
foram surpreendidos por agentes do governo e começou um tiroteio. Um dos
membros, Livino – o irmão mais novo de Lampião,
foi atingido. O líder reagiu. No confronto, um soldado atirou em um cacto e a
bala da escopeta fez com que um espinho fosse parar no olho direito de Lampião.
Livino acabou morrendo. Lampião, levado à cidade de Triunfo, perto do campo de batalha, foi atendido por um médico que retirou o espinho, mas não conseguiu salvar o olho do cangaceiro. Resultado: ele ficou cego de um olho. “O bom humor o impedia de esconder o problema, e ele brincava dizendo que não adiantava nada ter dois olhos, pois é preciso fechar um deles para atirar”, diz o pesquisador Antonio Amaury Correa de Araújo, autor de dez livros sobre a história do cangaço. O incidente transformou o cangaceiro em canhoto – ao menos na hora de atirar, mas não atrapalhou sua fama de justiceiro. E o levou a usar óculos até o fim da vida. “Os óculos, que aparecem em quase todas as fotos, escondiam a deficiência de quem não a conhecia e protegiam os olhos do sol escaldante do sertão”, diz Antonio. Há notícia de pelo menos três óculos diferentes – sobre um deles há a história, nunca confirmada, de que os aros eram de ouro.
Dois dos
óculos de Lampião, simples, redondos, de aro comum, foram deixados por
ele nas casas de pessoas que o abrigaram durante o chamado “ciclo de
Pernambuco”, antes de os cangaceiros cruzarem o rio São Francisco em direção à
Bahia, em agosto de 1928. Há cerca de oito anos foram doados por essas pessoas
à Casa de Cultura de Serra Talhada, em Pernambuco, onde se encontram até hoje.
Sobre os óculos que usava quando morreu, tudo indica que foram entregues para a polícia de Alagoas, que expôs as cabeças dos cangaceiros mortos após dizimar o grupo de Lampião numa emboscada na gruta do Angico, em Poço Redondo, Sergipe. No ataque-supresa, 11 cangaceiros foram mortos – entre eles, Lampião e sua mulher, Maria Bonita.
A própria
polícia promoveu a rapinagem do tesouro do bando. Ficaram com eles jóias,
dinheiro, perfumes e tudo o mais que tivesse valor – inclusive os óculos.
Extraído do
blog: "História Licenciatura"
http://hid0141.blogspot.com/2010/07/os-oculos-de-lampiao.html
Independente
do texto acima
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