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quinta-feira, 17 de julho de 2014

“A TRIBUNA” – 17/06/1931 O CORONEL ANTONIO FRANCO E A LEGALIDADE


Senhor Redator:

Venho acompanhando, com vivo interesse, o noticiário do seu jornal, destacando-se, nestes últimos dias, as gafes cometidas no Rio de Janeiro, pelo industrial sergipano, coronel Antônio do Prado Franco.

Que homem inconveniente, senhor Redator!?

Como ele tem se deixado iludir naquela terra!?

Se fosse mineiro, o coronel Antonio Franco, diríamos que Sua Senhoria tem honrado, na capital da República, as velhas tradições dos célebres compradores de bondes...

O coronel ilustre procurou o Sr. Bernardes!

Estou francamente admirado, senhor Redator!

E sabe por quê?

Quando Sergipe estava na iminência de cair nas mãos dos revolucionários de Outubro, o senhor Antonio Franco mandou pedir ao presidente Manoel Dantas, que lhe fornecesse armas para organizar um batalhão “patriótico”, que deveria ficar às ordens do governo.

O Presidente de então, negou terminantemente o pedido, alegando que, de forma alguma, admitiria, no seu governo, fossem armados cangaceiros pois, desde o início da sua administração, vinha-os combatendo com energia, como aconteceu com os que residiam nas fazendas do aludido coronel.

Com esta resposta, fulminante, o coronel Antônio Franco procurou o major Pinto Guedes, comandante do 28º Batalhão de Caçadores para solicitar sua intervenção no sentido de conseguir do governo as armas e munições solicitadas.

O coronel Manoel Dantas respondeu ao major Pinto Guedes da mesma maneira que ao coronel Antonio Franco e terminou dizendo “se o comandante quiser armar a gente do coronel Franco deve incluí-la como voluntários nas fileiras do 28 BC”, o que de fato sucedeu.
Daí a razão do meu espanto.

O senhor coronel Antonio Franco, que ontem auxiliava o governo oferecendo-lhe apoio moral e material, hoje vai procurar o Sr. Bernardes, que teve papel saliente na revolução de Outubro.

Como se transformam os homens, senhor Redator!

O senhor Antonio Franco devia estar silencioso.

Diante de todos esses fatos que confundem, afinal de contas, o seu critério de homem rico e independente, Sua Senhoria não devia fazer declarações inoportunas na hora que passa.


Mas, o homem é irrequieto e não pode fica calado. Dá entrevistas, passa telegramas, informa, a seu belo prazer, notícias inverídicas relativamente às incursões do facinoroso grupo de Lampião, neste Estado, cometendo assim, um mundo de inconveniências e prejudicando, cada vez mais, o seu nome. JOÃO DO SUL

Imagens: Manoel Dantas; Virgulino Lampião; Usina Central, em Riachuelo/SE, de propriedade do coronel Antonio Franco; e fac-símiles das edições referidas de "A Tribuna".

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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