Manoel
Serafim, João de Sousa, Cristiano Ferraz e Marcos de Carmelita na Tapera dos
Gilo
"Em
dezembro de 1925 o senhor Gino Donato do Nascimento descobriu que 12 burros de
sua propriedade tinham desaparecidos. Manoel Gilo, filho mais velho de Gilo
Donato, seguiu as pistas dos animais indo encontra-los em Lavras de Mangabeira,
Ceará, em posse do coronel Raimundo Augusto, que havia comprado os animais de
Horácio Grande.
A verdade é
que Horácio Grande foi processado e preso por esse roubo e depois jurou matar
Gilo Donato.
Tempos depois
realizou um frustrado ataque a residência de Gilo onde saiu baleado e perdeu o
comparsa apelidado de Brasa Viva. Horácio Grande depois entrou no bando de
Lampião e através de sua irmã e sua esposa forjou cartas falsas como se fossem
de Gilo Donato afrontando o Rei do Cangaço...No dia "26 de agosto de 1926,
quinta feira", às 4 horas da manhã, Lampião com um grupo em torno de 120
cangaceiros, atacou a fazenda Tapera. Um longo tiroteio rompeu o silencio do
local. Por horas as pessoas da vizinha Floresta ouviram os tiros
ecoando. O capitão Antônio Muniz de Farias, comandante das forças volantes
que estavam na cidade, não mostrou coragem pra ir lutar contra os cangaceiros e
defender a família Gilo. Quando a casa da sede se encontrava quase
totalmente destruídos e vários mortos banhavam de sangue seus compartimentos,
Lampião comandou a invasão a residência." Nos conta João de Sousa Lima.
"Gostaria
de convocar todos os pesquisadores para debatermos sobre a data exata da Chacina
ocorrida na "Tapera dos Gilo". A maioria dos escritores registram
26/08/1926, poucos 28/08/1926. Qual a data correta?"
Marcos de
Carmelita
Marcos de
Carmelita ao lado de Dona Dejinha, filha de Cassimiro Gilo
Geraldo Ferraz
um dos mais conceituados pesquisadores sobre a temática e neto de comandante
Theophanes Ferraz confirma:"Acredito, pelo registro que possuo, que o
tiroteio foi, realmente, no dia 28 de agosto de 1926, assim vejamos: Telegrama
do comandante Muniz de Farias, para o comando da Força Pública (grafia da
época): “Floresta, 29. São 9:30 quando sigo deligencia com 37 homens fim tomar
conhecimento tiroteio consta fazenda Tapera distante daqui
2 léguas. Saudações Muniz de Farias. Capitão Comandante."
E continuamos
com a narrativa de João de Sousa Lima ...
Manoel Gilo
foi capturado ainda vivo, estando morto seu pai Gino Donato, o irmão Evaristo,
o cunhado Joaquim Damião e Ângelo de Rufina. Na estrada ficaram mortos Permino,
Henrique (casado com uma irmã de Gilo), Zé Pedro, Ernesto (da fazenda São
Pedro), Janjão, Alexandre Ciriaco (morto quando tentava defender os Gilos e que
tinha vindo da fazenda São Pedro), Pedro Alexandre (na Barra do Silva).
Ainda tombou
morto um soldado que havia ido com Mané Neto, que mesmo estando baleado e com
poucos homens sob seu comando, mesmo assim contrariou as ordens do capitão
Muniz e foi tentar salvar a família Gilo. Com a quantidade de cangaceiros
sendo muito superior ao grupo de Mané Neto ele comandou uma
retirada. Lampião pegou Manoel Gilo e perguntou o porquê dele mandar as
cartas confrontando Lampião. Manoel Gilo respondeu que era analfabeto e não
sabia escrever; nesse momento Horácio Grande pegou a pistola e atirou, matando
Manoel Gilo. Só ai Lampião percebeu a trama que Horácio o havia colocado. O Rei
do Cangaço o expulsou na hora do seu bando.
Marcos de
Carmelita e o local onde foram sepultados
Leonardo
Ferraz Gominho, renomado pesquisador de Floresta, assevera: "Se o dia 26
de agosto de 1926 caiu em um dia de sábado, a chacina ocorreu no dia 26.
Lampião deixou parte dos seus cabras no caminho que levava à cidade, para
aprisionar as pessoas que iam à feira em Floresta. E a feira era no sábado. Se
sábado foi dia 28, perfeito! Ouvi a história contada por meu avô, Fortunato de
Sá Gominho - Siato, e também por João Gominho, irmão de Siato. Ambos estavam em
Floresta no dia da chacina; eram comerciantes, não perdiam feira; e afirmavam
que chegavam a ouvir o som dos tiros. Um sábado, 28 de agosto de 1926. Sem
sombra de dúvida".
Marcos de
Carmelita, pesquisador e um dos organizadores do Cariri Cangaço Floresta,
revela: "Amigos, quando em reunião com os Gilos eles sempre afirmavam que
era dia 26/08/1926. Quando perguntei, em que dia da semana ocorreu o fato, eles
respondiam sábado. Foi aí que mostrei o calendário de 1926 e eles disseram ser
28/08/1926. O quadro que foi pintado em Homenagem aos Gilos tem a data
28/08/1926. Alguns historiadores dizem que o Capitão Muniz só foi ao local três
dias depois. Apesar do comandante ter sido um covarde, no local tombou o
soldado João de Paula Ferreira da volante de Manoel Neto, ficando a Tapera a
uns 10 km de distância. A polícia foi no local no outro dia. Ciato Gominho e
outros familiares estavam em Floresta no dia da Chacina e Leonardo Gominho e
Geraldo Ferraz estão certíssimos. "
E continua
Marcos de Carmelita: "Todo Florestano tem conhecimento que a luta se deu
em um sábado, dia da feira, não existia feira na quinta. Os filhos dos
almocreves que foram capturados na estrada também confirmam a data. Os
depoimentos do Senhor Eliseu que conviveu com os moradores da Fazenda Monte em Belém
do São Francisco e que foram presos junto com os outros na Quixabeira do Riacho
do Arcanjo, confirmaram a mesma história. Véio, filho de Zé de Anjo, ainda vivo
e extraordinariamente lúcido, teve um caso amoroso quando era muito jovem,
tinha uns dezoito anos, com Luciana Barros , a Lulu, que estava dentro da casa
dos Gilos na hora do ataque e que perdeu seu pai, também morto pelos
cangaceiros na casa de Joaquim Damião. O problema é que a Tapera e os outros
grandes combates em Floresta foram muito pouco escritos e pesquisados."
"Quantos
cabras estavam com Lampião por ocasião desse episódio na Tapera dos Gilo?"
Segundo o
pesquisador e escritor José Bezerra Lima Irmão em seu brilhante "Raposa
das Caatingas" revela: "Lampião contava com 120 cangaceiros". Já
Marcos de Carmelita acentua: "Não há como precisar a quantidade de
cangaceiros. Ao sair da Tapera e chegar na Fazenda Água Branca, do Major da
Guarda Nacional, Tiburtino Aĺves de Carvalho, fora quatro que foram mortos, o
seu filho Alcides Carvalho contabilizou 94 cangaceiros na calçada da casa
grande e vinham dois baleados que foram tratados por seu Alcides."
Já Geraldo
Ferraz pontua: "Sobre a quantidade de cangaceiros liderados por Lampião,
tenho a informar que, segundo o Cel. Veremundo Soares, em comunicação ao
Governador Sérgio Loreto, no dia 31 de agosto, 03 dias após o massacre, Lampião
liderava 112 (cento e doze) homens. O telegrama: "Salgueiro, 31 de agosto
de 1926. Communico vossencia grupo bandido Lampeão composto 112 homens
achavam-se esta noite povoado Conceição municipio Belem Cabrobó tomando animaes
e depredando. Dolorosa situação do sertanejo. Saudações. Veremundo Soares.
Prefeito.”
Tudo isso e
muito mais em breve...
Cariri Cangaço
Floresta 2016
Em maio,
Floresta do Navio e Nazaré do Pico
http://cariricangaco.blogspot.com.br/2016/01/massacre-da-familia-gilo-e-o-cariri.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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