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quinta-feira, 14 de julho de 2016

NOTA DE DESAGRAVO E PEDIDO DE DESCULPAS

Por Archimedes Marques

Inicialmente tenho a dizer que sou um Delegado de Polícia no final de carreira, com mais de 34 anos de atividade no Estado de Sergipe, tempo em que ocupei diversos cargos de destaque na minha instituição, NÃO ALMEJANDO MAIS PODER ALGUM ALÉM DO QUE POSSUO DENTRO DAS MINHAS ATRIBUIÇÕES E ATIVIDADES DIVERSAS.

Na qualidade de apaixonado pelo Nordeste, sertões e afins, ainda criança, desde o inicio da década de 70 quando passava minhas férias escolares em Piranhas na residência dos amigos/irmãos INÁCIO DE LOIOLA e WASHINGTON LUIZ DAMASCENO FREITAS, vivia-se ainda os resquícios do CANGAÇO, um tema tão triste, quanto intrigante e misterioso, e tudo que é intrigante e misterioso me fascina. Mais para frente, massageando meu ego, comecei a escrever artigos pertinentes há alguns anos atrás, época em que fui convidado pelo Curador do Movimento Cariri Cangaço, MANOEL SEVERO BARBOSA GURGEL, a fazer parte dessa GRANDE FAMILIA, a FAMILIA CARIRI CANGAÇO. Assim, hoje, posso dizer com muito orgulho que sou Membro do CONSELHO dessa tão dignificante e honrada Instituição.


Indignado com o livro de péssima ideia e horrível interpretação intitulado LAMPIÃO O MATA SETE, que tacha Lampião de homossexual e Maria Bonita uma mundana adúltera, dentre outros impropérios e invencionices, tomando as dores de todos os VERDADEIROS PESQUISADORES E HISTORIADORES, escrevi o seu contraponto, a sua contestação, LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE, uma refutação que desmonta todos os pontos do meu opositor e põe por terra todas as alegações descabidas, levianas e improváveis do autor Pedro de Morais. Livro histórico/oposicionista que contou com a participação de diversos amigos/pesquisadores da família Cariri Cangaço, livro esse que foi muito bem aceito por toda a sociedade nordestina e brasileira em geral, livro esse que se encontra esgotada a sua primeira edição que foi de 1110 unidades.


Empolgado com essa misteriosa temática, A GRANDE HISTÓRIA DO NOSSO NORDESTE, acredito ser hoje um exímio colecionador de armas, livros e objetos ligados ao cangaço. Dessa empolgação venho ao longo dos anos escarafunchando os sertões sergipanos em busca de novos fatos, de novas histórias, de remanescentes da época, justamente para NÃO DEIXAR A HISTÓRIA MORRER, e dessas andanças nasceu, cresceu e já está em fase de conclusão a minha nova obra, LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE, um livro que trás muitas novidades nunca dantes contadas ou divulgadas, além de diversas fotografias inéditas dos remanescentes do cangaço, como dito, tudo fruto de estafantes pesquisas de campo e entrevistas diversas, além da colaboração de alguns abnegados amigos.


Ainda diante da minha empolgação pela história do cangaço, sertões e afins, recentemente fui contatado por confrades da FAMILIA CARIRI CANGAÇO e membros da diretoria da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço) no sentido de aceitar a concorrer a vaga de Presidente dessa valorosa entidade. Pensando no melhor para todos, no resgate da Instituição, no seu fortalecimento, na sua renovação de valores, terminei por aceitar ESSE NOVO DESAFIO mesmo sem ter acesso ou conhecimento do que reza o ESTATUTO da SBEC. Confesso meu primeiro erro, pois de todos os meus atos SEMPRE GALGUEI PELA LEGALIDADE, e legalidade nesse caso seria seguir o ESTATUTO que deve guiar todos os meios a elegibilidade do futuro Presidente. Ocorre que tais caminhos nunca foram direcionados e tudo é muito obscuro quanto aos trâmites da SUPOSTA ELEIÇÃO.


Assim, formalizei a minha candidatura rogando que aparecesse concorrentes, pois estando o país em plena democracia, uma chapa única tira o brilho do evento. E apareceu um concorrente, o querido amigo João de Sousa Lima, emérito pesquisador e escritor do cangaço, prefaciador do meu livro, sem puxa-saquismo, pessoa por mim elogiada e endeusada em um artigo pertinente contido na mídia virtual.

Diante da conturbada indefinição, não se sabia, ou se sabe, quem de fato e de direito seriam os votantes em tal eleição, daí foi sugerido que OS MEMBROS DE TODOS OS GRUPOS DE ESTUDOS DO CANGAÇO TIVESSEM DIREITO A VOTO. Acreditando que os GRUPOS DE ESTUDOS do CEARÁ, de NATAL, de JOÃO PESSOA, estavam devidamente registrados em Cartório (ainda não sei se estão ou não), então CONTESTEI a inclusão do mais novo grupo, O GRUPO DE ESTUDOS DO CANGAÇO DE FLORESTA como detentor de direito a voto, vez que o mesmo ainda não está devidamente oficializado, ou seja, encontrava-se sem registro em Cartório.


Como resultado, infelizmente, fui INCOMPREENDIDO por dois valorosos florestanos, descendentes ou congêneres de combatentes dos bandoleiros, confrades do Cariri Cangaço, membros do referido grupo, sendo então ACHINCALHADO com palavras OFENSIVAS e DESPROPOSITADAS, sem dúvida estraçalhando o meu ÂMAGO. Então, saindo do meu próprio EU que sempre foi agir com a RAZÃO, passei a agir com a EMOÇÃO, rebatendo os impropérios na mesma moeda. Meu segundo erro!... Entretanto, mesmo agindo pela EMOÇÃO, as minhas palavras comprovam a RAZÃO, pois em tempo algum eu quis magoar ou menosprezar qualquer florestano, para mim dos mais valorosos COMBATENTES DO FAMIGERADO LAMPIÃO, cujos seus descendentes honram aquela terra hospitaleira que tão bem soube acolher a FAMILIA CARIRI CANGAÇO no seu mais recente encontro ocorrido no mês de maio próximo passado. De Floresta, de Nazaré do Pico e do seu povo só trago boas recordações e ETERNA GRATIDÃO, pois além da incontestável acolhida também fui agraciado com o KIT-COMENDA NECO DE PAUTÍLIA, em alusão ao grande COMBATENTE de cangaceiros MANOEL CAVALCANTI DE SOUZA. Aos seus familiares, idealizadores dessa homenagem a minha reverência e infinita gratidão.

Mas os VERDADEIROS HOMENS MUDAM DE OPINIÃO QUANDO RECONHECEM OS SEUS ERROS, e assim o nobre florestano MARCOS DE CARMELITA veio a público me pedir desculpas, um honrado gesto de poucas pessoas, uma digna atitude de um escritor, de um homem que tem consciência e sabe dosá-la. Os nossos pontos em comum é que somos policiais, combatentes de marginais, protetores da sociedade e também escritores, pesquisadores, historiadores, detentores da ALMA DE ARTISTA, aqueles que buscam mostrar a história como ela de fato ocorreu, sem máscaras ou invencionices. Assim, desta feita agindo com a RAZÃO, aceito e retribuo na mesma moeda o meu pedido de desculpas pelos excessos cometidos, aproveitando para estendê-lo a todos que tiveram o desprazer de ver essa INCOMPREENSÍVEL E DESNECESSÁRIA BATALHA.

Voltando ao citado pleito eleitoral, não sei mais se ocorrerá, o que é uma pena, pois a SBEC é mais forte do que todos nós somos, é a nossa Entidade Mater e toda a nossa comunidade precisa da sua força. Então, conforme o dito na inicial não busco o PODER em nada mais, muito menos na SBEC, ademais o poder é efêmero. O poder de ser o Guardião das Leis e Auxiliar da Justiça já me satisfaz, o poder de ter o dom de saber movimentar, organizar e concatenar as letras e as palavras já me satisfaz, o poder de saber trabalhar as artes plásticas em diversas modalidades já me satisfaz, o poder de ver um amigo sorrir de felicidade sendo agraciado por uma das minhas artes me satisfaz mais ainda...

Finalizo agradecendo todos vocês que tiveram a paciência de ler esse meu DESAGRAVO em busca da paz.

Aracaju, 14 de julho de 2016.
Atenciosamente,
Archimedes Marques.

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