Por Clerisvaldo B.
Chagas, 20 de agosto de 2016. - Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano - Crônica 1.563
Desde o título de “Terra dos Carros de Boi” – escrito ainda hoje de várias maneiras – na era de 1960, que esse tipo de veículo tomou novo rumo. Completamente modificado no seu aspecto de vila, Santana do Ipanema demoliu o cenário antigo, em relação aos prédios do meio da rua e o calçamento de pedra bruta. Proibido de rodar com aros de ferro, para não desgastar os paralelepípedos, o carro de boi ressurgiu com rodas de pneus, usando a surpresa da criatividade. Todo o Sertão foi aproveitando à moda e alguns desses veículos foram chegando apenas até os arredores das cidades. As fazendas ainda usam o primitivo carro, que coalhavam as areias do rio Ipanema.
ILUSTRAÇÃO
(agricultura.gov.).
Na busca em
dia de feira, ficamos de queixo caído, sem encontrar um único carro de boi em
todos os recantos de Santana. Durante a festa da Padroeira surge a Procissão
dos Carros de Boi, com cerca de 1.500 veículos chegados de vários municípios.
Vamos procurar, então, o rumo das propriedades rurais. Enquanto isso, fomos à
famigerada “Ponte do Urubu”, área central, válvula de escape do trânsito e
desprezada pelas autoridades.
Estão ali às
carroças de aluguel, puxadas por burras treinadas e compradas na região de
Palmeira dos Índios. O burro de sela e de carga também vai desaparecendo na
região, tendo a motocicleta, principalmente, como substituta. Somente a fêmea
dos muares guia as duas rodas.
O maltrato aos
animais puxadores de carroças, estão em todos os quadrantes sertanejos. Reina o
vício de bater constantemente sem motivo, usado pelo carroceiro desde o adulto
sóbrio, bêbado e ignorante até filhos menores condutores enraivecidos. Não
surge uma só pessoa, um delegado, um juiz, um promotor, ninguém, absolutamente
ninguém para abolir o relho escravagista e punir rigorosamente a esse desafio
desrespeitoso e criminoso que afronta à sociedade.
Ê, meu Pai do
Céu! Olhai para esse sertão velho sem porteira!
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